Capítulo 12

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Depois de um bom banho, ainda enrolada na toalha deitei na cama e olhando mais uma vez a roupa de Rafa não resisti a vontade de puxar uma peça e cheirar para ter certeza de que não existia mais nenhum resquício do perfume dela. Minutos depois meu telefone vibrou e era uma mensagem da dona dos meus pensamentos naquele momento.

"Espero que tenha chegado em segurança. Não sei o quê está te preocupando, mas saiba que pode contar comigo."

De início fiquei em dúvida sobre o que responder, olhei através da janela e já era noite. Queria poder vê-la, me desculpa por ter sido grossa. Então decidi pedir para encontrá-la.

Nem precisei esperar muito, ela me enviou uma mensagem dizendo que me buscaria em alguns minutos.

Saltei da cama e procurei uma roupa, prendi os cabelos que estavam sempre uma bagunça e após me perfumar desci sorrateiramente para não ser ouvida por meus pais que assistiam televisão na sala. Por sorte não fui percebida e logo estava fora de casa.

Sentia-me novamente uma adolescente, sabia que seria sempre assim com os pais que tenho, caso morasse com eles.

Esperei Rafa encostada na árvore em frente a minha casa e quando avistei a caminhonete nem tive como conter o sorriso. Queria esquecer todos meus medos, toda aquela sombra do passado trazida pelos sonhos.

O carro fez a volta um pouco depois da casa de meus pais e assim que parou a minha frente corri e entrei me sentindo uma fugitiva. A sensação era muito boa por sinal.

— Onde podemos conversar? — perguntei enquanto ela voltava a colocar o carro em movimento.

— Rose está na lanchonete, mas não vou te levar para minha casa, tenho outro lugar em mente.

Eu nada disse, deixei que ela me levasse onde quer que fosse. Fechei os olhos respirando o ar que tinha o cheiro já conhecido e sorri constatando que era o perfume que desejava sentir em suas roupas. Não sabia o quanto mais resistiria aquela vontade que tinha dela.

Durante a tarde tive um turbilhão de sentimentos, tantas informações do presente e passado em um só dia que quando parava para tentar juntar os fatos e chegar a alguma conclusão parecia que minha cabeça ia explodir, por isso ia apenas desligar meus pensamentos e me concentrar no momento.

Quem se importa se aquela vida de fato aconteceu? Era apenas o passado e eu usaria ele como inspiração para meu livro. Eu teria sucesso em breve e era o que importava, assim como também a companhia dela naquele momento era mais importante que qualquer bobagem que fiz ou vivi em outra vida.

Rafa passou pela casa dela e fiquei atenta ao caminho. Quando ela parou notei que era justamente próximo a aquela árvore do sonho. No lado oposto o campo era aberto e a lua cheia que brilhava no céu parecia um quadro, tornando aquele o lugar mais incrível que já fui na vida. Era possível também ouvir o som da cachoeira ao longe.

— Eu vim preparada — afirmou ela saindo do carro e fiz o mesmo indo para a frente enquanto ela ia pegar alguma coisa na traseira da caminhonete, quando voltou carregava um fardo de long neck.

— Uma mulher prevenida vale por duas — falei e ela rindo colocou as bebidas sobre o capô.

— Vem cá. — Me chamou com o dedo e arqueei as sobrancelhas me aproximando.

Pega de surpresa dei um gritinho quando suas mãos seguraram minha cintura me impulsionando para sentar no carro.

— Você devia ter me avisado! — reclamei me ajeitando enquanto ela ria, em seguida subiu sentando ao meu lado.

— Teria perdido sua reação — falou abrindo uma das garrafas com o abridor que retirou do bolso, em seguida me entregou.

O céu estava tão lindo que inspirava. Me fazia sentir vontade de escrever alguma coisa sobre aquele momento.

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