PASSADO
Frederic impulsionou o corpo de Gizelly que girou duas vezes, segurou a mão dele e voltou dando mais dois giros parando com os corpos colados, lado a lado. Seus olhos se encontraram e ambos sorriram, mas ela foi pega de surpresa pelo movimento repentino do rapaz que inclinou seu corpo para trás arrancando-lhe uma sonora gargalhada, logo em seguida a colocou de pé novamente.
A essa altura a música que dançavam já tinha acabado e enquanto os outros casais começavam mais uma dança eles iam para o bar matar a sede com álcool.
Os olhos de Gizelly encontraram Rafaella apoiada na grade do segundo andar, olhando em sua direção. A jovem engoliu em seco. Estava nervosa, afinal desde o início da noite esperava por sua chegada.
Discretamente, Gizelly pediu licença ao amigo que entregou-lhe o par de luvas que guardava para ela e afastou-se do bar. Passeando pelo local, vez ou outra olhando na direção da mulher esperando que ela entendesse o recado, até seguir em direção ao depósito.
O lugar era bem mais que um simples depósito. Desde o dia em que Rafaella comentou sobre procurá-la alí, a outra chegou a conclusão de que era onde ela se escondia quando estava tramando alguma coisa.
Gizelly colocava as luvas que antes tinha retirado para dançar, observando o longo corredor com estruturas metálicas repletas de velhas garrafas de bebidas, quando ouviu o som da porta sendo aberta.
— Deseja falar comigo? — A voz de Rafaella soou logo atrás e Gizelly respirou fundo antes de virar.
— Eu sei o que irá fazer durante essa madrugada. — Rafaella arqueou as sobrancelhas. — Os homens de meu pai também sabem.
— Como ficou sabendo?
— Eu ouvi uma vaga conversa sobre armadilha e quando falaram que seria na fazenda McCain não tive dúvidas de que era algo relacionado a você.
Rafaella andou de um lado para o outro, passando a mão nos cabelos.
— Como podem saber? Nós decidimos apenas ontem!
— Então alguém os traiu. — Gizelly aproximou-se e inconscientemente segurou o braço de Rafaella que parou fitando seus olhos. — Cuidado, se essa pessoa disser seu nome... — A mulher retirou a mão da outra de seu braço e segurou.
— Não são todos do grupo que sabem que eu sou a líder.
— Você não vai, não é?
— Talvez não hoje...
— Como assim talvez? Não vê que é muito arriscado?
— Todos sabem, inclusive você, mas fingem não ver que naquela fazenda existem famílias sendo escravizadas e tudo é encoberto por seu pai.
— O que você pode fazer quanto a isso? É algo além da nossa capacidade de ajudar!
— Nós queremos dar um aviso. Não é além da nossa capacidade se nos juntarmos para libertá-los, se a população da cidade souber que existem pessoas disposta a ajudá-los, terão segurança para bater o pé e se recusarem a baixar a cabeça diante...
— Eles ficarão sem trabalho, moradia. O que farão depois?
— Você acha que não pensei sobre isso? — Ela suspirou segurando os ombros de Gizelly. — Confie em mim.
— Eu não quero que um movimento errado torne vocês os vilões. — Rafaella sorriu não acreditando no que ouvia. — E se você for pega... — Gizelly baixou a cabeça.
Não entendia porquê estava tão preocupada, mas não conseguia apenas ignorar.
— Não serei pega. Faremos uma armadilha para os homens de seu pai e daremos nosso recado do mesmo jeito. — Elas ficaram se olhando em silêncio, o coração de ambas ficando descompassados, quando Rafaella puxou o corpo de Gizelly e abraçou ela que ficou sem reação. — Obrigada por me avisar. — A outra desvencilhou-se de seus braços.
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Chicago
FanfictionNo passado Gizelly Bicalho foi a famosa autora de uma trilogia que virou febre entre o público jovem, mas devido uma longa fase sem inspiração e alguns escândalos, as coisas não estavam nada fáceis para ela em Nova York. Sem dinheiro, Gizelly decide...