Capítulo 09

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PASSADO

Frederic impulsionou o corpo de Gizelly que girou duas vezes, segurou a mão dele e voltou dando mais dois giros parando com os corpos colados, lado a lado. Seus olhos se encontraram e ambos sorriram, mas ela foi pega de surpresa pelo movimento repentino do rapaz que inclinou seu corpo para trás arrancando-lhe uma sonora gargalhada, logo em seguida a colocou de pé novamente.

A essa altura a música que dançavam já tinha acabado e enquanto os outros casais começavam mais uma dança eles iam para o bar matar a sede com álcool.

Os olhos de Gizelly encontraram Rafaella apoiada na grade do segundo andar, olhando em sua direção. A jovem engoliu em seco. Estava nervosa, afinal desde o início da noite esperava por sua chegada.

Discretamente, Gizelly pediu licença ao amigo que entregou-lhe o par de luvas que guardava para ela e afastou-se do bar. Passeando pelo local, vez ou outra olhando na direção da mulher esperando que ela entendesse o recado, até seguir em direção ao depósito.

O lugar era bem mais que um simples depósito. Desde o dia em que Rafaella comentou sobre procurá-la alí, a outra chegou a conclusão de que era onde ela se escondia quando estava tramando alguma coisa.

Gizelly colocava as luvas que antes tinha retirado para dançar, observando o longo corredor com estruturas metálicas repletas de velhas garrafas de bebidas, quando ouviu o som da porta sendo aberta.

— Deseja falar comigo? — A voz de Rafaella soou logo atrás e Gizelly respirou fundo antes de virar.

— Eu sei o que irá fazer durante essa madrugada. — Rafaella arqueou as sobrancelhas. — Os homens de meu pai também sabem.

— Como ficou sabendo?

— Eu ouvi uma vaga conversa sobre armadilha e quando falaram que seria na fazenda McCain não tive dúvidas de que era algo relacionado a você.

Rafaella andou de um lado para o outro, passando a mão nos cabelos.

— Como podem saber? Nós decidimos apenas ontem!

— Então alguém os traiu. — Gizelly aproximou-se e inconscientemente segurou o braço de Rafaella que parou fitando seus olhos. — Cuidado, se essa pessoa disser seu nome... — A mulher retirou a mão da outra de seu braço e segurou.

— Não são todos do grupo que sabem que eu sou a líder.

— Você não vai, não é?

— Talvez não hoje...

— Como assim talvez? Não vê que é muito arriscado?

— Todos sabem, inclusive você, mas  fingem não ver que naquela fazenda existem famílias sendo escravizadas e tudo é encoberto por seu pai.

— O que você pode fazer quanto a isso? É algo além da nossa capacidade de ajudar!

— Nós queremos dar um aviso. Não é além da nossa capacidade se nos juntarmos para libertá-los, se a população da cidade souber que existem pessoas disposta a ajudá-los, terão segurança para bater o pé e se recusarem a baixar a cabeça diante...

— Eles ficarão sem trabalho, moradia. O que farão depois?

— Você acha que não pensei sobre isso? — Ela suspirou segurando os ombros de Gizelly. — Confie em mim.

— Eu não quero que um movimento errado torne vocês os vilões. — Rafaella sorriu não acreditando no que ouvia. — E se você for pega... — Gizelly baixou a cabeça.

Não entendia porquê estava tão preocupada, mas não conseguia apenas ignorar.

— Não serei pega. Faremos uma armadilha para os homens de seu pai e daremos nosso recado do mesmo jeito. — Elas ficaram se olhando em silêncio, o coração de ambas ficando descompassados, quando Rafaella puxou o corpo de Gizelly e abraçou ela que ficou sem reação. — Obrigada por me avisar. — A outra desvencilhou-se de seus braços.

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