Capítulo 10

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PASSADO

Gizelly estremeceu, olhando através da fresta entre as duas tábuas do velho galpão onde um homem era torturado das formas mais cruéis possíveis, enquanto os capangas de seu pai tentavam fazê-lo entregar o nome do líder do grupo rebelde que invadiu uma fazenda. Atrás dela, Will andava de um lado para o outro preocupado, temendo que alguém chegasse. Ela tinha o deixado de sobreaviso, caso alguém fosse pego queria ficar sabendo, e assim ele fez.

Não satisfeita, Gizelly o obrigou a levá-la até lá e naquele momento a jovem assistia a cena temendo que o outro abrisse a boca e complicasse as coisas para Rafaella.

Duas horas se passou desde que começaram a tortura e o homem que estava banhado de sangue recusava-se a dizer o nome da líder. Quando os outros dois ameaçaram cortar um de seus dedos, Gizelly quase gritou e foi preciso levar a mão a boca abafando. Sabia que ele não resistiria por muito tempo e acabaria abrindo o bico.

— Vamos fazer uma pausa para você pensar um pouco e depois voltamos aqui pra saber sua resposta — disse um dos homens e os dois rindo caminharam saindo do galpão.

— Will, me dê sua arma — ordenou Gizelly, virando para ele que titubeou. — Vamos logo, me ajude ou farei sozinha! — O homem que já a conhecia muito bem, retirou a arma presa no cós da calça e entregou. — Agora faça alguma coisa para tirar aqueles dois da porta do galpão.

— Senhorita...

— Eu sei o que fazer com isso. Você me ensinou, lembra? Agora rápido! — Ela bateu o pé no chão e ele saiu rapidamente.

Ficando a espreita, minutos depois assustou-se quando ouviu uma explosão em outro galpão próximo dalí. Os dois homens curiosos saíram em direção ao local e Gizelly aproveitou para entrar no galpão.

O homem amarrado em uma cadeira tinha o rosto praticamente desfigurado, mantendo a cabeça baixa enquanto uma grande quantidade de sangue pingava. Gizelly engoliu em seco, parando na frente dele, fechando os olhos respirou fundo e logo em seguida engatilhou a arma apontando em sua direção.

— Qual o nome do seu líder? — perguntou ela e o homem começou a chorar. — Qual... o maldito nome? — gritou.

— Rafa... Rafaella! Rafaella! — Gizelly sentiu a mão que segurava a arma tremer e usou a outra para mantê-la firme. Sabia que não tinha muito tempo e que seria necessário ter sangue frio naquele momento.

A jovem puxou o gatilho e não soube se foi sorte, mas o tiro acertou em cheio.

Tremendo, ela forçou as apenas a se mover e saiu correndo, levantando a saía do vestido com uma mão, agarrada a arma com a outra. Fez a volta indo em direção a mesma trilha pela mata por onde passou com Will.

Não conseguia pensar sobre o que fez, desejava apenas sair dalí o mais rápido possível.

Sem parar de correr não percebeu que atravessou a floresta e chegou na estrada de terra, parando ofegante arregalou os olhos quando viu um carro indo em sua direção. Suas pernas travaram e foi tudo muito rápido desde que ela parou estreitando os olhos levando a mão acima dos olhos devido a claridade do farol. Gizelly fechou os olhos e apenas esperou para sentir a batida, mas o carro parou bem à sua frente, levantando uma nuvem de poeira.

Rafaella saiu do veículo e correu ao encontro de Gizelly, surpreendendo-se ao ver a arma não mão dela.

— O que você está fazendo aqui a essa hora? — perguntou e Gizelly baixou a mão que mantinha acima dos olhos. — E com uma arma!

— Me ajuda a sair daqui. — Soou como ordem e a outra sem dizer mais nada encaminhou ela até o carro.

Rafaella colocou o carro em movimento e observou Gizelly que mantinha a arma nas mãos, então ela retirou o objeto da outra e colocou na parte de trás do banco.

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