Epílogo

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LIVRO


Depois da festa de aniversário de Gizelly, quando inevitavelmente a jovem foi anunciada como noiva de Frederic, ela achou necessário se abrir com o melhor amigo. Com certeza aquilo foi uma das coisas mais difíceis que fez na vida, mesmo sabendo que ele a apoiaria, pois era seu amigo de infância e os dois costumavam dividir e se apoiar em absolutamente tudo.

Com o tempo ele passou a ter amizade também com Rafaella e consequentemente tornou-se cúmplice, ajudando as duas a se encontrar. Por isso não demorou a vir a proposta:

— Eu e Gizelly nos casamos e mudamos para a capital, logo em seguida Rafaella vem e as duas poderão viver da forma que quiserem enquanto eu posso me divertir como gosto, com as garotas de lá.

Mesmo receosas, as duas aceitaram, afinal não existiam muitas alternativas para um final feliz a dois.

O casamento não demorou a ser realizado. Frederic ganhou da família a casa na capital assim como pediu e os dois se mudaram o quanto antes.

Rafaella precisou de um tempo até resolver as coisas na cidade e mesmo temerosa, Gizelly aguardou.

Chegou primeiro notícia da queda do pai, com a denuncia de várias ilegalidades. O homem perdeu grande parte dos bens e até foi preso durante um tempo, mas não demorou a ser solto. O assunto foi noticiado nos jornais da cidade e em toda a redondeza.

Depois de conseguir livrar a cidade das garras do pai de Gizelly, Rafaella foi a seu encontro.

Assim a vida seguiu vivendo lado a lado, transbordando amor.

Infelizmente Frederic partiu muito cedo, devido uma doença, deixando Gizelly viúva. Sendo assim ela passou a viver na casa ao lado.

Quem via de fora era só um casal de amigas, uma solteirona e uma viúva que dividiam gastos e criavam cinco gatos, mas dentro das paredes daquela casa havia um amor que mal cabia, vivido dia após dia por Rafaella e Gizelly.

...

Fechei o livro após reler o último parágrafo, logo em seguida olhei Rafa que dormia ao meu lado e automaticamente sorri.

— Conta aquela história do porquinho, mamãe — pediu Sofia surgindo na porta do quarto.

— Não está conseguindo dormir, meu amor? — Levantei rapidamente.

— Se quiser eu conto — Ouvi a voz rouca de Rafa que acordava.

— Sim, eu gosto da história da mamãe — afirmou Sofia e eu quase revirei os olhos lembrando que aquela era de fato uma história que pertencia a Rafa.

Nós três seguimos até o quarto ao lado e após colocá-la na cama, depositei um beijo em sua testa.

— Durma bem — murmurei antes de beijar-lhe também a ponta de seu pequeno nariz.

Em seguida levantei e afaguei o ombro de Rafa antes de seguir para a porta.

— Era uma vez uma princesa que foi visitar a camponesa — começou Rafa. Parei na porta enquanto observava as duas. — Chegando lá, um porquinho em fuga tentava escapar da camponesa que corria atrás dele. A princesa que se aproximava, levou um grande sustou ao ver o porquinho indo em direção a ela que até tentou fugir, mas...

— Buuum! — completou Sofia antes de rir, assim como Rafa.

Ela já tinha ouvido aquela história umas mil vezes, mas nunca cansava.

Sorri antes de me afastar da porta e seguir para o quarto.

A vida em Chicago era tranquila.

Meu livro foi um sucesso, mas ele apenas fechou um ciclo que até então não havia percebido ter chegado ao fim. Continuei escrevendo, mas não com cede de dinheiro e reconhecimento.

Redes sociais não significavam mais nada para mim. Ajudar com a lanchonete tornou-se um prazer e meu trabalho.

Aos poucos mudamos o lugar e ficou a nossa cara: Gi & Rafa café e livraria. E tornou-se também mais minha casa do quê nossa própria casa.

No início tive um pouco de receio por estar ocupando os mesmos lugares que Rose, mas nada que o tempo e nós duas não tenhamos transformado e tornado nosso.

Nos juntamos e misturamos, nos transformando em algo completamente novo. Quem nos conhecia antes, já não nos reconhecia mais.

A adoção de Sofia veio com o tempo. Foi um processo longo, mas que valeu cada minuto e ansiedade. Sua chegada até aproximou meu pai de nós duas.

Naquela altura não havia mais quem se atrevesse a falar nada da família que mesmo longe de ser perfeita, era muito feliz vivendo naquela antiga casa abandonada, à caminho da cachoeira.


FIM

Como sempre, obrigada a todos que leram, interagiram e gostaram desse história.
❤️❤️❤️

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