Capítulo 11

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PASSADO

Naquela noite além dos pais de Gizelly também estavam presente durante o jantar os Scoftield que consistia em Frederic, o pai e a mãe dele. A jovem não esperava receber visitas, mas como já era acostumada com o amigo e família, não se preocupou com o fato de não estar muito arrumada e com um humor não tão bom naquele dia.

Sorrir não seria necessário.

— Depois do casamento de nossos filhos teremos muitos outros jantares como esse — disse Adolf pai de Gizelly, que até então mantinha a cabeça baixa e levantou o rosto rapidamente.

— Somos apenas amigos, pai — disse ela e desviou o olhar para Frederic que ao contrário do que sempre fazia confirmando suas palavras na presença de outras pessoas, apenas manteu-se em silêncio.

Gizelly suspirou voltando a baixar a cabeça, sabia que o amigo tinha medo do pai dela.

— Nada melhor que casar com um amigo — afirmou o pai de Frederic, dando uma risada em seguida.

Gizelly permaneceu o restante do jantar em silêncio, não gostava de fazer cena na frente de outras pessoas e assim permaneceu quieta enquanto as visitas estavam presentes. A esposa do pai também costumava ficar em silêncio quando haviam visitas. Gizelly aprendeu aquilo com a mulher que a criou para sempre baixar a cabeça perante ao pai e a sociedade, mas a jovem usava os ensinamentos apenas quando lhe convinha.

Assim que a família atravessou a porta da frente, Adolf voltou para a sala onde as duas tomavam chá e Gizelly após depositar a xícara sobre o pires, levantou o olhar para o homem que sentou-se na poltrona a frente.

— Meu pai, não irei casar com Frederic.

— Ora, mas por que não iria? A família dele é dotada de bens e poder. Seria uma união rentável.

— Ele é apenas meu amigo e não desejo me unir a alguém baseada em renda.

— Quer casar por quê? — Vociferou o homem. — Por amor? Desde quando acredita nessas coisas?

Gizelly colocou o pires sobre a mesa de centro e após um suspiro voltou a olhar o pai.

— Não acredito em amor, afinal não fui criada para isso. Não é mesmo? Mas acredito que posso ser dona de minha própria vida, cuidar de meus negócios no futuro sem precisar ter um homem ao meu lado.

— Olha o que essa menina está dizendo, Margareth! — O tom da voz de Adolf assustou a mulher que estava sentada no sofá ao lado tomando chá em silêncio enquanto ouvia a conversa.

— Conversarei com ela, querido — falou mantendo a cabeça baixa.

— Você... — Apontou o homem para Gizelly. — Não pense que não sei que anda aprontando sempre que sai com um de meus homens. Não o coloquei contra a parede porque preciso de seus trabalhos e sei que sua falecida mãe pediu que ele cuidasse de você e ele iria preferir morrer a te entregar. — Ela sentiu-se aliviada ao ouvir aquelas palavras. — Sei que gosta de sua vida boemia, mas não pense que será sempre assim, quem dita as regras tanto nessa casa quanto nessa maldita cidade, sou eu! — Ele mantinha o olhar fixo e ameaçador, Gizelly nem sequer piscou.

— Se já terminou, irei me retirar. — Ela levantou-se e após um movimento de cabeça na direção do homem, subiu a escada pisando firme, sentindo uma imensa frustração até entrar no quarto e levar um grande susto. — Céus! — exclamou levando a mão ao peito, vendo Rafaella sentada na cama com o seu diário em mãos. — O quê... — Ela correu e tomou o objeto sentindo o coração quase sair pela boca. — Como entrou aqui?

— Pela janela. — A mulher sorrindo levantou-se da cama e caminhou até a porta que trancou. — Você escreve umas coisas interessantes.

— Você não tinha o direito! — Gizelly sentia raiva e vergonha naquele momento e a outra riu aproximando-se.

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