— Gizelly? — Eu tomava água antes de subir para o quarto, meus pensamentos ainda estavam em Rafa quando minha mãe entrou na cozinha. — Seu pai me contou que você anda por aí com a Rafa. — Suspirei levantando da cadeira, levando o copo até a pia. — Filha não faça isso, aquela mulher...
— O que tem ela mãe? — Virei ficando de frente. — É lésbica? Eu também sou!
— Não diga isso! — gritou, mas logo em seguida baixou o tom. — As pessoas...
— Não aguento entrar nesse assunto. Faz dez anos, mas parece que foi ontem quando tivemos essa conversa. A senhora sabe o quanto eu odeio essa cidade, odeio a cabeça fechada dessas pessoas nojentas que usam Deus para mascarar seus preconceitos e não se importam com o que ninguém sente.
— Será que você não mudou nada minha filha?
Fechei os olhos me segurando para não voltar a dizer tudo que falei antes de ir embora.
— Por que é tão difícil? Me fala por que meu pai e mais da metade dessa cidade prefere olhar para pessoas como eu e Rafa como se fossemos doentes, ou seres que não são dignos de andar na rua e frequentar os mesmos lugares que o resto da sociedade? — Me aproximei dela e segurei em seus ombros me inclinando para olhar em seus olhos. — Mãe a senhora é diferente, eu sei que é porque me ajudou no passado. No entanto se esconde e prefere fingir que é um deles por causa do meu pai!
— Gizelly não diga isso! — exclamou, me fazendo realmente desistir de dizer qualquer coisa. — Eu sou feliz com o seu pai, com nossa vida na igreja e nossos amigos. Não abra a boca para dizer que faço como se fosse obrigada. — Ela tentou segurar meus braços, mas me afastei e ao fazer o movimento brusco senti uma forte dor no pulso, mas tentei ignorar.
— É inútil... — murmurei e logo em seguida saí da cozinha.
PASSADO
O lugar estava cheio, reunindo as pessoas mais influentes da cidade e redondeza em comemoração às festas de fim de ano.
Gizelly escapou das vistas da madrasta e foi em busca de Frederic, afinal era ele quem sempre apresentava à ela diferentes pessoas de outras cidades.
Com a certeza de tê-lo visto saindo do salão, seguiu para fora e quando se deu conta já saía da mansão chegando a área externa onde ficava um grande jardim. Ela respirou fundo sentindo a brisa da noite, longe de toda a agitação que estava lá dentro.
Avistou a silhueta de uma mulher a certa distância e aproximou-se um pouco tentando reconhecer quem era, mas decidiu voltar para dentro.
— Você está bem? — Ouviu a voz de Rafaella. — Suas costas...
— Estão bem. — A jovem pensou em sair novamente, mas ao invés disso decidiu aproximar-se da mulher que estava de costas com os braços cruzados. Trajava um vestido na cor branca, estava tão bela quanto Gizelly, naquela noite. — Você levou os remédios e a comida para aquela família? — perguntou parando atrás de Rafaella.
— Parece que agora você consegue ver algo além dos muros de seu castelo. — Gizelly revirou os olhos. — Sim, levei tudo que pude, inclusive um médico... — Ela suspirou. — A mãe dele está a beira da morte.
Gizelly rapidamente foi para o lado de Rafaella.
— Ele tem pai? Irmãos?
— Infelizmente não tem ninguém.
As duas baixaram o rosto, ambas com a mesma preocupação.
—Você irá ajudá-lo, não é? — perguntou Gizelly voltando a fitar a outra que bufou fechando os olhos.
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Chicago
FanfictionNo passado Gizelly Bicalho foi a famosa autora de uma trilogia que virou febre entre o público jovem, mas devido uma longa fase sem inspiração e alguns escândalos, as coisas não estavam nada fáceis para ela em Nova York. Sem dinheiro, Gizelly decide...