Nova rotina

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— Ei. Izuku. – O esmeraldino, sonolento, ouviu alguém chamando pelo seu nome.

Quando foi abrir os olhos para ver quem era, quase foi cegado pelos fortes raios de sol que atravessavam a janela do quarto.

Seu cérebro ainda tentando assimilar o rapaz de cabelos vermelhos agachado ao seu lado, balançando seu corpo cuidadosamente com o intuito de acordá-lo.

— E-Eijirou? – Perguntou, ainda fora de órbita.

— Sim, sou eu. Bom dia, aliás.

— Bom dia... – De repente, o esmeraldino teve um sobressalto, se levantando bruscamente. – Q-que horas são???

— Sete da manhã.

— Sete da manhã? – Izuku se jogou no colchão outra vez. – Por que tá acordado a essa hora?

— Porque eu vou correr. E você vai junto.

— Espera aí... Correr???

— É. Eu corro todos os dias nesse horário. Agora levanta e vai trocar de roupa.

— Nãããoooo!!! Eu não quero correeeer!!! – Izuku protestou. – Além disso, não foi você mesmo que disse que rotinas eram uma merda? Como você consegue acordar tão cedo todos os dias pra correr?

— Eu nunca disse isso! – O ruivo riu.

— Disse sim!

— Não. Você tá distorcendo os fatos. O que aconteceu naquela hora foi que: você disse que queria passar a maior parte da sua vida sendo infeliz, preso num escritório. Mas nós dois sabemos que isso não é verdade. Era exatamente isso que eu estava tentando dizer. Só que do nada você surtou! Foi assustador, sabia?

Izuku ficou em silêncio por alguns segundos, encarando o teto, pensativo.

A imagem do sangue escorrendo de sua mão, enquanto sentia seu corpo todo sendo preso por teias invisíveis de aranha, como se ele mesmo fosse uma mosca prestes a ser devorada, voltara a assombrá-lo.

— É. Tem razão. Não é isso que eu quero, mas... Não sou bom em nada além de "ficar trancado num escritório minúsculo, com a bunda colada na cadeira, na frente de um computador." – Disse o esmeraldino, fazendo sinal de aspas com as mãos, se referindo ao que Eijirou havia dito na mesma discussão após o teste.

— Isso não é verdade.

— É sim.

— É claro que não! Agora você descobriu que é bom em atuar! E eu mereço crédito por isso.

— Não, Eijirou... – Izuku se sentou no colchão, abraçando seus joelhos. – Eu não sou bom nisso. Foi a minha primeira vez. Eu não...

— Mas pra uma primeira vez você foi muito bom! Agora é só esperar eles te ligarem e quando isso acontecer... Você vai virar um astro! Aí vai ver como atuar também é uma profissão de verdade e vai acabar me agradecendo por ter te feito fazer esse teste. – Eijirou disse, convencido.

— Não! Argh... – Izuku cobriu seu rosto com as mãos. – Eu não vou virar um astro, Eijirou. Esse é o seu sonho. Não o meu! Eu só tive sorte de principiante. E você estava lá também. Sem a sua ajuda eu nunca... Teria feito isso, na verdade...

— Obrigado. – O ruivo agradeceu, fazendo uma reverência teatral.

— E não é que eu não ache que atuar não seja uma profissão de verdade...

— Mas foi exatamente isso que você disse.

— Eu sei! Eu sei... M-me desculpa. – O esmeraldino disse, desviando o olhar, envergonhado. – É que pra mim atuar é... Completamente diferente do que eu tô acostumado. Tipo... Quando você tem um trabalho "comum", por exemplo, você faz a mesma coisa sempre, a não ser que você mude de cargo. Já atuar parece... Ser muito instável. Como se um ator tivesse um emprego diferente cada vez que termina seu papel numa série ou filme ou sei lá o que, e depois é chamado pra fazer outro personagem em outra coisa. Deu pra entender?

Imprevisível Destino (KiriDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora