Imprevisível Destino (KiriDeku)

O beijo

Durante a semana, após o dia da reunião, Eijirou teve outro sonho com Izuku, como aqueles que vinha tendo desde que se conheceram. Porém, dessa vez, o sonho era diferente...

Primeiro, começou com ele entre vários outros soldados enfileirados. Todos estavam em silêncio enquanto o comandante falava algo que Eijirou não prestava atenção por estar ocupado demais observando, a três soldados de distância, um rapaz de olhos verdes esmeralda.

— Está me ouvindo, soldado? – O comandante chegou perto de Eijirou,  chamando sua atenção.

O rapaz teve um sobressalto.

— S-sim, senhor! – Respondeu, se endireitando instantaneamente, olhando para frente com as costas eretas, o peito estufado e os braços ao lado do corpo.

Depois disso, o sonho pareceu ter tido uma transição de tempo. Dessa vez, Eijirou estava no meio de um treinamento intenso como os que se fazem no exército. Mas percebia que alguém sempre acabava ficando para trás em tudo que faziam. Era o tal rapaz de olhos verdes esmeralda.

Numa corrida com todos os soldados sincronizados, Eijirou olhou para trás e notou o corpo dele estirado no chão pela exaustão, sem nenhuma força para continuar. Então resolveu parar de correr para ajudá-lo a se levantar. Porém, antes mesmo de se aproximar do corpo, o comandante apareceu bem na sua frente...

— O que pensa que está fazendo?

— Só quero ajudar ele, senhor.

— Um soldado deve aprender a se levantar sozinho, Kirishima. Lembre-se disso. Agora volte a correr.

— Mas...

— Sem "mas"! Terá que fazer cem flexões se não me obedecer!

Eijirou olhou mais uma vez para o rapaz e se surpreendeu por vê-lo já de pé, ofegante e com suor escorrendo por todo o seu corpo. Seus olhares acabaram se encontrando e Eijirou pode notar uma poderosa fúria e força de vontade irradiando daqueles olhos selvagens, que antes pareciam ser tão vulneráveis. O rapaz, de alguma forma, entendeu a mensagem silenciosa que o esmeraldino estava transmitindo por eles. A mensagem de que não desistiria tão fácil.

— Sim, senhor. – Eijirou disse para o comandante, antes de retornar para o treinamento.

E mais uma vez houve uma transição de tempo no sonho. O esmeraldino, naquele momento, já conseguia fazer seu treinamento sem tantas dificuldades, apesar de ainda precisar se esforçar um pouco mais que os outros soldados para conseguir alcançá-los.

Até que um dia todos os soldados se depararam com um poste de madeira bem alto no meio do campo de treinamento, com uma bandeira vermelha tremulando no topo. O comandante ordenou que quem conseguisse pegá-la receberia uma recompensa. Assim, todos tentaram. Mas a maioria só conseguia subir alguns centímetros antes de escorregar e cair no chão. Outros já nem tentavam por verem que nem os mais fortes conseguiam subir naquele poste.

Depois do que pareciam ser dias, ninguém mais tentava, com excessão de um único soldado de cabelos loiros e olhos carmesins. Não importava se era dia ou noite, debaixo de chuva ou sol, ele sempre estava lá tentando subir. Foi o que chegou mais perto, parando quase na metade do poste, deixando todos que assistiam impressionados. Porém, justo quando todos pensaram que ele fosse conseguir, o rapaz acabou sofrendo uma queda terrível. O impacto foi tão forte que ele ficou deitado, inconsciente no chão por um bom tempo. Depois disso, ele não tentou mais. Apenas ficava parado em frente ao poste, encarando a bandeira vermelha. E Eijirou o observava. Acreditava que ele não havia desistido ainda, só estava pensando em uma forma de conseguir pegá-la.

Então novamente, pelo que pareciam ser alguns dias depois, todos observaram com estranheza o rapaz de olhos verdes esmeralda se aproximar do poste. Até então, ele nunca houvera tentado. Provavelmente se devia ao fato de que todos, menos Eijirou, duvidavam dele em tudo, dizendo que ele não deveria estar ali, que o exército não era lugar para fracotes como ele. Mas, após ver aqueles olhos verdes determinados outra vez, enquanto encarava a bandeira vermelha no topo, Eijirou estremeceu. Era testemunha de sua persistência e evolução. Sabia que ele não iria desistir.