Primeiro dia de gravação (parte 1)

80 9 3
                                    

Era segunda-feira de manhã. Exatamente duas semanas que o ruivo e o esmeraldino estavam conectados pelo destino. E, além disso, também seria o primeiro dia de trabalho deles como atores remunerados.

Mas antes de chegar esse momento tão esperado por Eijirou, ele e Izuku haviam saído para correr de manhã. Como sempre, o esmeraldino saiu na frente na esperança de não estar mais literalmente ligado ao ruivo. Porém, como sempre, na velocidade em que estava acabou sendo puxado com tudo pelo cordão invisível que os ligava e caiu de costas no chão.

— Quantas vezes vou ter que dizer pra parar com isso? – Eijirou se aproximou para ajudá-lo a se levantar. – Olha só pra você? Tá todo arranhado! Não tá vendo que só tá se machucando desse jeito?

Izuku o encarou, chocado. O que o ruivo havia dito o fez ter uma epifania instantânea.

— Então quer dizer... Que quanto mais eu tentar me afastar de você, mais vou me machucar? – Disse o pensamento em voz alta.

— É. Agora, será que podemos continuar correndo juntos?

Eijirou começou a correr e Izuku tentou acompanhá-lo. Ainda era uma tarefa difícil para ele, porém, já não era mais tão difícil quanto foi no primeiro dia. E, enquanto corria, o esmeraldino não conseguia para de pensar na metáfora por trás daquilo que os ligava. "Quanto mais eu me afastar dele, mais vou me machucar" era o pensamento que rodava em looping pela sua cabeça. E, bem... Era verdade. Quando estavam próximos nem pareciam que estavam presos um ao outro, mas, só de pensar na possibilidade de se libertar, Izuku conseguia sentir aquela coisa ao redor do seu corpo o apertar. Não sabia se era apenas sua própria imaginação ou se já estava ficando lelé da cuca. Entretanto, a sensação era bem real.

Após a corrida, os dois foram até o estúdio onde realizariam suas primeiras gravações.

Todos os atores já estavam lá, alguns lendo o roteiro, ensaiando. Outros recebendo alguns retoques na maquiagem, entre outras coisas.

— Ahá! Aí estão vocês! – Disse Fat Gum, animado ao ver Izuku e Eijirou. – Ansiosos pra começar?

— Muito! É um sonho se tornando realidade! Estamos muito felizes em ter chegado até aqui, né Izuku?

— S-s-s-sim! – Gaguejou o esmeraldino. Seu estômago estava embrulhado e suas pernas não paravam de tremer. Talvez fosse sinal de que estava prestes a se autodestruir feito uma bomba relógio.

— Ótimo! O pessoal da produção vai mostrar onde ficam os camarins. Coloquem o figurino e voltem rapidinho pra cá pra podermos começar logo.

— Ok. – Os dois responderam ao mesmo tempo.

Assim, eles foram até o camarim que (por coincidência) compartilhariam. Seus figurinos eram roupas maltrapilhas, pois Esmos e Ruglius eram apenas dois pobres andarilhos que não tinham nem o que comer. Portanto, Izuku vestiria uma camisa de botão amarelada, um colete cinza com remendos e um único botão, uma calça da mesma cor do colete também remendada e botas marrons aparentando estarem sujas de terra e poeira. Já, Eijirou, usaria uma camisa encardida de manga longa, calças marrons com remendos assim como as de Izuku, uma corda como cinto, mocassins velhos e um chapéu todo surrado. Além disso, o ruivo também usaria uma peruca de cabelos negros, no estilo "rabo de cavalo".

Izuku observou Eijirou por um tempo ao vê-lo caracterizado com aquela peruca. Achou sua figura muito familiar, mas não conseguia se lembrar de quem ele estava parecendo.

— Que foi? – O ruivo perguntou.

— N-nada.

— Está nervoso?

Imprevisível Destino (KiriDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora