CAPÍTULO 24 - DIA DOS NAMORADOS

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14 de Fevereiro

- Bom dia, Tia May.

Peter desce as escadas e beija a testa da mulher, que sorri levemente.

- O café está pronto. - Ela diz. - Estou dando uma saidinha, com a Mary Jane ainda no hospital, estou ajudando Anna a se recuperar, ela está um pouco doente.

- Tudo bem, não se preocupa, eu me viro. - Peter sorri pra ela.

- Você está bem? - ela olha preocupada .

- Estou.

May sabia a importância daquele dia, era o dia dos namorados, e isso abalava Peter, o que a preocupava.

Com um beijo na testa, ela se despede e sai de lá.

Peter olha o café ali na mesa e sai da cozinha, indo em direção a porta.

Fazia frio na cidade, ainda estava pra acabar os resquícios de inverno do Natal. A primavera estava na porta, esperando a sua vez, mas até lá, o casaco ainda fazia parte da rotina dos moradores de Nova York.

Peter caminhava calmamente pelas ruas, e não demorou muito para que chegasse ao seu destino.

Havia passado em uma floricultura e uma cafeteria, era os últimos dólares dele, precisava tirar mais fotos, não podia deixar May bancar uma casa sozinha. Não era justo.

O cemitério tinha poucas pessoas, o sol iluminava as lápides, eram quatro paradas, a começar pela única que ele nunca havia ido depois da morte, Richard e Mary Parker.

- Pai... Mãe... - Peter suspira.

Ele se aproxima calmamente e por alguns instantes olha para o nada, como se tivesse em um grande conflito interno.

 - Eu sei que não puderam estar aqui. Por muito tempo, eu procurei sobre vocês, procurei pistas, a minha vida foi uma bagunça. Vocês deixaram uma bagunça para trás, e ela me afetou, e era tudo que vocês não queriam, eu posso perceber agora. Mas não se preocupem, tudo acabou, o filho de vocês está bem, eu estou aqui. Eu queria ter passado mais tempo com vocês, mas tudo que passei, ainda está na minha memória, e finalmente entendo seus motivos. Finalmente posso vir fazer uma visita, e agradecer, agradecer por me darem a vida. Eu os amo!

Ele sorri um pouco e respira fundo. Peter anda mais um pouquinho e lá estava o túmulo de Ben Parker, seu tio.

- Tio Ben, obrigado! - Uma lágrima insistente desde de seu olho, o fazendo solta um enorme suspiro.

Peter se abaixa e deixa algumas flores no túmulo do tio.

- Eu passei tanto tempo fissurado em achar meus pais, eu procurei tanto por isso, que eu não percebi que já tinha um pai em casa. Se existe alguém que pode dizer que teve dois pais, esse sou. Se sou o que sou, tio Ben, é porque o senhor me ensinou. - Peter diz tentando conter as lágrimas. - Eu cometi tantos erros, tio Ben, eu queria que estivesse aqui para me aconselhar, como você sempre fez. Mas o meu maior erro, foi não ter te dado o verdadeiro valor, Richard Parker não pôde estar aqui, eu o entendo, mas você esteve por tanto tempo comigo, e eu nem se quer agradeci. Saiba tio Ben, aonde quer você esteja, você sempre vai ser o melhor pai do mundo.

Peter respira fundo e enxuga outra lágrima.

— Doutor Connors... Eu... Não queria que tivesse sido assim! — Ele chega até a lápide vazia do Doutor, que não pôde ser enterrado ali, já que havia falecido como Largato e não havia voltado ao normal. Havia sido recolhido pelo governo estadunidense. — Espero que possa me ouvir, e que saiba que eu agradeço por ter me ajudado, e que o admiro. Mesmo que tenhamos sido inimigos inconscientemente, sempre será um amigo, e um gênio!

Ele anda mais um pouco, já distantes dos Parker's. Peter sentía as mãos tremendo , as pernas balançando, e tudo só pirou quando ficou de frente para o túmulo dos Stacy's.

- Oi senhor Stacy! - Peter deixa uma flor e olha pro túmulo de Gwen. - Oi, oi Gwen. -ele coloca uma flor.

- Hoje é dia dos namorados, sem você, é uma data inútil.
Me desculpe, me desculpe por não conseguir salvar você. Por não ter deixado você ir, me desculpe não conseguir superar. Hoje, eu vou seguir em frente, mas nunca, Gwen, eu nunca vou superar você. Porque você foi, e sempre será, o meu maior amor. Tem começos que o fim nem se quer passa na cabeça, e deixar de te amar nunca passou pela minha. Nunca haverá alguém como você... Sempre será a minha maior saudade.

Peter se abaixa e cava um pouquinho do lado, ele tira o gravador pequeno do bolso e o põe lá, acompanhado de uma foto.

- Eu pretendia passar a minha vida inteira com você, era isso que eu queria. Nunca imaginei que o destino faria só você à passar a vida inteira comigo. Pra sempre, juntos. Gwendy!

Peter se levanta e enxuga as lágrimas, logo pega a sacola com os cafés e sai de lá, com toda certeza, nunca poderia superar aquela garota, mas talvez, não precisasse, afinal, a dor ensina, e manter a esperança de um futuro seria sempre o maior legado que Gwen poderia deixar para ele.

Demorou um tempo, basicamente cruzou alguns quarteirões andando, até que chegasse ao hospital. Passou pelo recepcionista após pegar a informação e foi até a sala desejada.

- 143! É aqui!

Peter bate na porta e escuta um entre.

- Oi! - Peter sorri um pouco e Mary Jane sorri de volta.

- Peter, oi! - Mary Jane diz. - Não sabia que viria!

- Quis fazer uma surpresa. - Peter tira o café da sacola e aponta. - Não é sorvete, mas, acho que conta.

Mary Jane pega o copo sorrindo.

- Está ótimo pra mim, só queria estar melhor vestida. - ela ri um pouco.

- Você está bem, isso que importa! - Peter diz. - Quando vai ter alta?

- Eu não sei, talvez no fim da semana, ou sei lá. Minhas costelas ainda doem! - Mary Jane suspira e bebe um pouco do café. — Aliás... Como deixaram você entrar com coisas de fora aqui?

- Eu posso ser um ninja— Ele ri levemente e olha a ruiva em seguida —  Já sabe o que vai fazer depois?- Peter pergunta.

- Não sei bem...

- Sinto muito pela sua peça ter sido cancelada.

- Tudo bem. Sabe, depois disso tudo, descobri que existem tantas coisas que não sei. Talvez... Eu não queira ser mais atriz.

- Você tem certeza?

- Com certeza não tenho... Mas é uma possibilidade, imagina... Mary Jane Watson, jornalista investigava premiada de Nova York! - ela ri um pouco, tirando um riso de Peter.

Mary Jane Watson, a garota que onde ia, a festa acompanhava. Ela tinha um pequeno senso narcisista e que fazia Peter temer e ao mesmo tempo admirar tamanha autoestima. Aquela garota era enigmática.

Eu não sei o que vai ser daqui para frente, Gwen, mas eu prometo que vou viver, por nós dois. Afinal, independentemente dos dias ruins, se eu sofri, se minha vida ficou do avesso ou se estou sem forças, eu preciso me levantar.

Eu encontrei pessoas como eu, pessoas que estavam de luto, rancorosos, e fizeram coisas ruins, coisas que afetaram as nossas vidas diretamente. pessoas análogas a mim. As vezes eu penso : e se fosse eu no lugar delas, será que eu realmente faria diferente? Eu tive os meus pais, tio Ben e você, vocês me deram forças para continuar, para não fazer parte deste ciclo de ódio e vingança.

Você é a minha maior saudade, mas ao mesmo tempo, sempre será a minha força de vontade e a garantia de que tudo pode melhorar.

Naquele discurso, você disse para prometer que teria esperança nos dias mais sombrios. Estou reacendendo essa esperança agora.

Eu sempre vi o adeus, mas você mesma disse: "Carregaremos cada um de vocês em todas as coisas que fizermos para nos lembrarmos de quem somos... E quem devemos ser..."

Eu seguirei carregando vocês comigo... Tio Ben, Capitão Stacy e você.

Você, Gwen... Sempre será a minha garota de olhos cor de esperança.

O Espetacular Homem Aranha 3- Análogo (Continuação TASM 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora