Capítulo 3

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𝓕oram duas semanas enfrentando, na maior parte do tempo, mares revoltos. Mas, quando acordei com o som de gritos de pescadores bravos e animais irritadiços, soube que havia chegado ao porto de Soláris, a capital da Corte Diurna.

Com cuidado, aporto em uma parte mais afastada e calma do cais. Ao descer, caminho pela cidade prestando atenção em cada detalhe do lugar. As crianças corriam de um lado para o outro completamente felizes e isentas das atrocidades que aconteciam neste mundo.

O sol queimava em minha cabeça, conseguia sentir o suor escorrendo de minhas têmporas. A roupa escura que usava não ajudava muito também. Maldito sol quente, era quase um sol para cada pessoa ali, credo. Paro de caminhar quando chego na base de uma montanha, a mansão do Grão-Senhor ficava bem no topo.

Como Helion era o senhor dos feitiços, não conseguia atravessar diretamente para o interior da mansão. Por isso, coloquei o capuz e tive que subir os cem degraus até a porta de entrada e depois me desmanchei em eletricidade.


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Como hoje era o dia da reunião dos Grão-Senhores, a guarda estava mais reforçada no palácio. Então, minha decisão de me infiltrar como eletricidade foi muito boa, ninguém percebeu minha presença.

Estava tudo muito silencioso, menos em um lugar, o segundo andar. Em um dos corredores dele, haviam duas grandes portas brancas com ouro adornado. O local da reunião. Dou um sorriso.

Vendo dois guardas nas portas, volto para a forma de grã-feérica e vou até eles. Ao notarem a minha presença, eles se empertigaram e imediatamente pousam as mãos nos punhos das espadas. Um deles da um passo à frente e diz:

- Quem é você e como chegou até aqui?

Nada respondo, continuo avançando e dessa vez eles sacam as espadas, às apontando para mim.

- Ei! Meu amigo fez uma pergunta.

Com minha falta de resposta, eles avançam tentando me golpear. Desvio com a graciosidade imortal que aprendi a usar e controlar nos últimos anos, estico as mãos para tocar-lhes os braços, soltando uma pequena onda de minha magia para percorrer seus corpos até eles apagarem.

Seus corpos caem em um baque surdo, tinha que ser silenciosa para ter o elemento surpresa sob os Grão-Senhores. Mas eu tinha me esquecido das espadas, por isso, faço uma careta por baixo do capuz quando o metal cintila no chão.

Às vozes no interior da sala se calam de imediato. Droga! Lá se vai a surpresa. Ergo o queixo e arrumo a postura, como Nestha um dia me ensinou. Verifico meus escudos mentais, eles estão sempre em pé, mas não custa nada verificar.

Adentro ao grande salão sentindo todos os presentes enrijecerem. Os guardas que estavam ali tentam avançar, mas com um movimento de mão os apago.

- Quem é você?

Viro em direção a voz trovejante e poderosa de meu cunhado. Sorrio com isso e me aproximo, apenas para ver minha irmã dar um passo à frente de seu filho. Nyx cresceu. Não tinha presenciado seu nascimento e o sacrifício de Nestha, mas Feyre me mandou uma carta contando tudo sobre o ocorrido e uma pequena pintura de seu bebê.

Devo dizer que fiquei surpresa. Ela me convidou para conhecer meu sobrinho, declinei o convite, é claro. Agora o garoto tinha oito anos, era a cópia do pai, tirando os olhos azuis de Feyre e as sardinhas.

Um sentimento de arrependimento bate momentaneamente em meu peito, deveria ao menos ter mandado a porcaria de um presente a ele. Afasto esses pensamentos e foco nas figuras poderosas à minha frente.

Todos os Grão-Senhores e Grã-Senhoras, juntamente de suas cortes estavam presentes. Entre eles duas de minhas irmãs.

- Finalmente! Não aguentava mais!

A voz aliviada de Alice soa fazendo todos ficarem confusos e alternarem os olhares entre nós. A morena se aproximou me abraçando esmagador. Fazia uns bons meses que não nos víamos, desde quando deixei cada membro de minha tripulação em um canto do mundo.

- Também senti sua falta, Ali.

Sussurro em seu ouvido apenas para ela escutar. A afastei delicadamente me ponho parada ao seu lado, voltando a encarar as expressões confusas dos demais presentes ao verem a princesa da Diurna abraçando uma completa estranha que cheira a mar e conhaque, principalmente seu irmão, o Grão-Senhor Helion.

- Essa, meus caros amigos. - começa ela, pondo uma mão em meu ombro esquerdo - É a nossa única chance contra as bestas que nos atacam.

E então puxo meu capuz para baixo, ao fim de sua fala escutando arquejos surpresos.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓭𝓮 𝓣𝓮𝓶𝓹𝓮𝓼𝓽𝓪𝓭𝓮𝓼 𝓮 𝓝𝓪𝓾𝓯𝓻𝓪́𝓰𝓲𝓸𝓼 - 𝕃𝕚𝕧𝕣𝕠 𝟙Onde histórias criam vida. Descubra agora