capítulo 22

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Fellipi narrando
Quando falam que família é tudo é por que é, não é questão de sangue mas sim de quem vai segurar a mão de quem e Deus me permitiu ter essa família.
Estou tentando me recuperar aqui na casa dos meus pais ,está sendo um processo difícil, eu não estou sabendo lidar com essa dor e ao mesmo tempo vazio que sinto,a dor que estou sentindo é semelhante ao luto é como se eu tivesse morrido e esse vazio foi o que ficou ,eu me sinto fraco ,vulnerável é uma tristeza que sinto que não sei explicar ,estou aqui no meu quarto desde de quando saí do hospital, ainda não tive coragem para ver a Carol , aquela ferida que estava cicatrizando foi aberta novamente e parece que cada vez mais profundo,e esse coração que não bate mais no peito mais sim na garganta ,merda olha eu de novo me perguntando como respirar.
Ouço alguém bater na porta ,mas prefiro não responder,me recuso ser visto assim dessa forma. Mas como minha mãe é abusada mesmo ela entra.
Elisete: Filho ,por favor vamos abrir essa janela,vai tomar um banho meu anjo .
Fellipi: mãe eu só quero ficar aqui no meu canto,só isso.
Elisete:Ah não filho ,então você vai fedendo para sua consulta com o psiquiatra.
Fellipi: eu não vou fedendo porque eu não vou a nenhuma consulta.
Elisete : Ah é você não vai? PODEM ENTRAR.
Quando dou conta estou sendo carregado pelo meu pai e Gasparzinho, eles entram comigo no banheiro e mesmo eu lutando tiram minha camiseta e me jogam embaixo do chuveiro, acabo me rendendo e tomo logo o banho pra terminar essa tortura.
Saímos do banheiro ,é isso aí "saímos " os dois ficaram assistindo eu tomar banho ,vê se pode !? Minha mãe já tinha deixado uma roupa sobre a cama    me vesti passei desodorante e perfume, peguei o óculos escuro coloquei na cara e enfiei um boné na cabeça, saímos do quarto ,meus dois "seguranças " e eu ,  minha mãe havia feito uma vitamina de frutas e me fez tomar,bebi para terminar logo essa tortura ,estão  me tratando como uma criança, logo eu .
Entramos no carro do meu pai e Gasparzinho questionou se queriam que ele fosse pra me segurar pra fazer exame de próstata, puta moleque infantil . Meus pais riram e meu pai negou ,disse que se eu não me comportasse ia levar uns tapa que não era porque eu cresci que não ia apanhar.
Chegamos na clínica no asfalto minha mãe foi falar com a recepcionista, meu pai e eu ficamos sentados logo minha mãe se juntou a nós. Ficamos ali sentados minha mãe hora ou outra esfregava suas mãos, sinal que está nervosa, Apareceu um senhor na porta do consultório e chamou Fellipi Lima nós nos levantamos e entramos na sala, o doutor fez muitas perguntas e nunca pensei que fosse tão difícil responder algo ,que doesse tanto ,quando menos esperei estava chorando compulsivamente e comecei a puxar meus cabelos era um misto de dor fúria eu queria fugir desse encontro do Fellipi com o Fellipi ,eu me calei no passado quando tinha que gritar foram poucas vezes que me permiti chorar ,eu criei um véu sobre meus sentimentos que hoje caiu por terra. O doutor chamou uma enfermeira que aplicou na minha veia uma medicação, meu pai me levou até o carro e minha mãe ficou terminando de falar com o doutor ,eu fui ficando mole e apaguei ,acordei no meu quarto e minha vó estava sentada na poltrona me olhando.
D.Marina: acordou meu anjo ,como você está se sentindo?
Fellipi: minha gatinha estou me sentindo zonzo ,mas ainda bem que estou deitado.
D.Marina: vou chamar seus pais,eles estão muito preocupados com você.
Ela saiu do quarto e logo meus pais entraram minha mãe com o rosto inchado de chorar,meu pai com a expressão cansada .
Elisete: Filho precisamos conversar.
Meu amor você está em um quadro de depressão  associado ao pânico e ansiedade o doutor prescreveu algumas medicações controladas e psicoterapia e meu amor ele nos pediu que durante essa fase você ficasse com a gente ,pois é normal você no início passar por negação e isso pode interferir na administração da medicação.
Fellipi: uau! O que eu posso dizer é que esse Fellipi que tentei matar por anos o mesmo que foi espancado ,abusado de todas as formas ,ele está aqui e tá doendo muito expor esse lado que eu tentei esconder ,mas preciso que esses meus anjos que chamo de pais segurem na minha mão e não desistam de mim se for preciso me amarrem ,mas cuide se mim.
Terminei de falar chorando, meus pais me abraçaram forte de uma forma que me passasse muito amor e proteção.
Elisete:  Agora eu que mando na porra toda ,kkkk você só obedece meu filho.
Fellipi: sem abuso né mãe...te amo minha veinha.
Elisete:veinha nada eu dou um bom caldo né não Carlos .
Carlos: Um caldão . Olha filho vamos organizar o horário dos remédio e sua mãe está agendando uma consulta quanto antes com a psicóloga e meu filho você vai ficar bem é só uma fase.
Eu quero que saiba que pode contar comigo sempre e nós iremos te levantar quantas vezes for necessário. Você continua sendo um dos meus maiores orgulho.
Nossa ,nem preciso dizer que estava me acabando de chorar. Minha família é muito foda mesmo.
Minha mãe buscou um prato de comida mesmo contra vontade comi e o sono bateu novamente então nem relutei ,só tirei a camiseta e dormi .

Presa Ao  PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora