Aviso!!!
Se você sofre com crises de ansiedade o capítulo a seguir pode ser perturbador em alguns momentos.
Conforme se aproxima do meu rosto, sou capaz de ver melhor os detalhes do vidro. Vários losangos em sequência, refletindo o que acontece ao redor.
O apagar das luzes é uma das primeiras coisas que assisto através daqueles reflexos minúsculos. Logo depois, olhos assustados me encaram fixamente. Sinto mais uma forte sacudida e a viagem do vaso parece se acelerar.
Tateio a cintura, em busca do fecho do cinto e, assim que encontro — me esquecendo das consequências que isso possa ter — o puxo em desespero, me libertando por fim.
No segundo seguinte, me lanço no chão e acabo escorregando pra lateral do avião. Não demora muito, ouço um baque atrás de mim e ao me virar, percebo que o vaso pende inteiro sobre o assento do banco.
A força do impacto foi tanta que não quebrou o vidro, mas na pior das hipóteses quebraria meu nariz.
Um novo tremor no avião faz com que o vaso finalmente caia, se estilhaçando ao lado de minha perna.
Então sinto o corpo começar a flutuar um pouco e apesar de com isso ser erguida somente poucos centímetros, já se torna o suficiente pra me fazer acertar com a nuca na bandeja retrátil.
— Ai!
— Jordanna! — ouço Fautier gritar.
Porém, não encontro forças pra responder.
Despenco de joelhos no chão e através da calça jeans sinto ser espetada por várias extremidades pontiagudas. De repente, começo a escorregar pelo piso instável, rumo ao lado oposto da ala, o que faz a sensação na pele piorar mil vezes.
Sem ter nada a minha frente em que possa me segurar, forço-me a virar o corpo em meio à outra sacudida violenta, esperando assim, conseguir me agarrar na borda de alguma poltrona.
Contudo, quando fico de frente aos assentos, só o que consigo é assisti-los passando por mim enquanto sou velozmente jogada pra longe de seu alcance.
Desespero-me, balançando os braços freneticamente e as pontas dos dedos apenas roçam o couro branco, incapazes de me ancorar ali.
Sem controle, meu corpo é impulsionado com destino certo à lateral do avião. Então fecho os olhos, me preparando pra dor, mas surpreendo-me ao sentir meu pulso sendo enlaçado por dedos magros.
Bato os joelhos com força, voltando ao chão.
Uma forte pontada num deles, provoca a escalada de um grito pela minha garganta. A unha de quem me prende adentra por minha pele, fazendo-me lacrimejar na mesma hora.
Nisso, engulo a vontade de gritar e reabro meus olhos enevoados.
Deparo-me com Fautier cerrando os dentes enquanto pressiona as demais unhas, me ferindo e ao mesmo tempo me salvando, numa tentativa aflita de me manter no lugar.
Pouco depois, meu corpo desata a flutuar outra vez. Os pés levantam sozinhos num golpe e bato a panturrilha no compartimento acima dos assentos.
Encaro Fautier amedrontada, por sua vez, ele estende o braço livre com ímpeto e se esforça pra segurar meu outro pulso. Assim que obtém bons resultados, vejo o homem avaliar nosso entorno, provavelmente, procurando uma solução definitiva pra minha encrenca.
— Não devia ter tirado seu cinto! — repreende, voltando a atenção pra mim.
Após constatar que estamos sem alternativas.
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Um dia em Paris
RomanceJordanna é uma fotógrafa de 24 anos que recebe como premiação de um concurso, uma grande oportunidade de viajar até Amsterdã por seis meses para fazer um curso profissional de fotografia. Com direito a hospedagem, um tour pelos jardins das tulipa...