Olho para o seu estrelado e inspiro a ar frio desta noite. Hoje passei o dia a trabalhar mas não me consegui concentrar devidamente pois a conversa com a minha mãe não me saía da cabeça.... Há qualquer coisa errada, eu sinto isso. A minha mãe é ótima a esconder as suas emoções mas eu sei que ela está em sofrimento e eu não sei porquê. Decido ligar à minha irmã.
"Maninha." Ela diz mal eu atendo.
"Hey, está tudo bem?"
"A mãe está aqui." Ela diz com uma voz neutra.
Eu aguardo para que ela continue e esta assim o faz. "Está tudo bem, não te preocupes. Na verdade a mãe veio cá pedir-me desculpas e perguntar-me se eu queria voltar a fazer parte da família." Ela diz e meu coração bate mais depressa. Eu quero que a linha irmã volte. Eu tenho imensas saudades dela.
"E queres entrar?"
"Claro!" Ela guincha e ambas rimos suavemente mas logo eu franzo a testa de confusão.
"Sabes porque a mãe está a fazer isto tudo?" Eu pergunto um pouco preocupada. Isto vai contra as regras da minha família... E isto vindo da minha mãe é preocupante.
"Não...." Ela diz no mesmo tom preocupado que eu. "Mila, eu tenho de desligar ok? Depois falamos melhor sobre este assunto." Ela diz e eu assinto mesmo que ela não me veja.
"Está bem. Beijinhos."
"Beijinhos, adoro-te." Ela diz antes de desligar. Suspiro metendo o meu telemóvel nos meus bolsos das calças.
Sinto uma presença ao meu lado e não preciso olhar para saber que era Tristan.
Muito provavelmente saltou a varanda, já não seria a primeira vez.
"A minha mãe tem agido de maneira estranha." Eu comento, sem me preocupar em explicações, Tristan praticamente já sabe de tudo.
"Já pensaste em perguntar-lhe o porque?"ele sugere observando o seu estrelado tal como eu.
"Já... Mas não sei como sinceramente."
"Pessoalmente."ele diz e eu encaro-o confusa.
"Desculpa?"
"Pergunta pessoalmente, é sempre melhor." Ele diz e eu assinto rapidamente.
"Oh sim claro." Eu respondo recebendo um sorriso da parte dele.
Arrepio-me um pouco ao notar que esta noite está mais fria que o habitual.
"Vou entrar, queres vir?" Eu convido um pouco nervosa. Tristan olha-me surpreendido por uns minutos mas assente lentamente um bocado inserto.
Abro a vidraça e peço-lhe para entrar, entre a seguir dele e fecho rapidamente a vidraça por causa do frio.
Caminho até à cozinha, sendo seguida por Tristan."Queres café?" Eu pergunto e ele assente levemente sentando-se numa das cadeira da mesa da cozinha.
"Nunca me falaste do teu pai." Ele diz e eu encolho os ombros.
"Não há nada a falar. Simplesmente não somos próximos." Eu digo e ele assente. "E os teus pais? Nunca me falaste de nenhum deles." Digo encarando-o agora curiosa.
"Isto é uma das tuas sessões psiquiátricas?" Ele pergunta levantando uma sobrancelha e eu abano a cabeça rindo ligeiramente. Uma coisa rara.
"Não. Estou só curiosa." Admito fazendo-o rir ligeiramente também.
"Bem, o meu pai é um relaxado ao mais alto nível." Ele começa fazendo-me rir novamente. "É advogado mas adora passar os dias de folga a ver o seu jornal e a beber café, claro que a minha mãe fica passada porque ele passa o dia em casa sem ajudar nas tarefas de casa, quanto à minha mãe, é outra completamente maluca, também é escritora como eu, partilhamos a mesma paixão, mas passa grande parte do seu tempo em casa a arrumá-la e a regar as suas sagradas plantas, é nelas que ela se inspira, fica horas a encará-las e de repente dá-lhe uma ideia e vai a correr para a sala para começar a escrever mais um livro, ás vezes questionou a sua sanidade mental..." Ele resmunga e eu não consigo evitar em não sorrir.
"Parece.... Agradável." Digo, imaginado que cada detalhe que Tristan me contara.
"És próximo deles?"
"Muito, como sou o único filho, sou o menino dos papás, sempre fui o foco de atenção, o único desgosto deles é mesmo o facto de eu ainda não ter arranjado namorada." Ele diz, encolhendo os ombros, bebendo um pouco do café que eu lhe fizera.
"Oh.... É isso não te incomoda?" Pergunto, ainda não percebendo como uma rapaz tão bonito como Tristan ainda não tivera arranjado alguém.
"Não, bem por um lado sim, porque não gosto de preocupar assim os meus pais, mas por outro lado não porque ainda não tinha encontrado alguém interessante a esse ponto." Ele diz, observando-me intensamente.
"Tinha encontrado?" Pergunto engolindo um seco.
Este não me responde, levantando-se e começando a caminhar lentamente em minha direção. Este mesmo levanta a mão direita e encosta-a à minha bochecha, fazendo uma pequena carícia na mesma com o seu polegar.
Fecho os olhos perante o súbito calor que invadira o meu corpo, tentando controlar a minha respiração."Eu não sei quanto a ti..." Ele continua, aproximando-se cada vez mais de mim, deixando-se cada vez mais descontrolada. "Mas eu ainda não me esqueci cada beijo que demos, aliás, está sempre tudo a se repetir na minha cabeça, uma e mais uma vez." Ele diz pressionando o meu corpo com o seu.
Sem pensar duas vezes, levo os meus lábios aos seus, aproximando-o o mais possível de mim, solto uma pequeno gemido quando sinto a sua língua passar no meu lábio inferior.
Tristan levanta-me por segundo e quando noto estou sentada no balcão da cozinha, enquanto trocamos beijos complemente desesperados e sou aí percebo as saudades que tinha dele.
De repente Tristan afasta-se, fazendo-me quase que perder o balanço e cair no chão, antes mesmo de ele me apanhar."Seu parvo, porque paraste assim?"pergunto dando-lhe uma pequena chapada no braço.
"Eu pensei... Que fosses ficar completamente passada por estar a fazer isto..." Ele diz, engolindo um seco, passando a mão no cabelo completamente perdido.
"Fica aqui esta noite." Eu peço, ignorando tudo o que ele tinha acabado de dizer.
Tristan fica um pouco chocado no início e também incerto, mas acaba por aceitar logo antes de voltarmos ao nossos beijos enfurecidos.
Eu não sabia o que estava a fazer ao certo, só sabia que tudo aquilo parecia tão certo... Como se fosse assim que devia de ser.Provavelmente depois me iria arrepender, mas naquele momento, eu só queria aprender a ser humana e com Tristan parecia tudo melhor.
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I Feel Again
Romance"Psiquiatras foram feitos para ajudar os fracos humanos que não conseguem suportar a sua dor sozinhos. Psiquiatras são mais que considerados Deuses do que simples, frágeis e pecadores humanos. Psiquiatras não riem, não choram, não mostram afecto, nã...