I Feel Again

15

Tristan ficou cá a noite, comigo, na mesma cama que eu, e agora estou a encará-lo a dormir profundamente e devo admitir que estou completamente em pânico. Eu ontem perdi completamente o controlo, e por completamente, digo completamente mesmo. Eu não sei o que me deu na cabeça.... meu deus... pelo menos não perdi a virgindade.
Suspirando, tento mexer me um pouco, tentando escapar do aperto de Tristan, mas este limita-se a apertar-me mais contra ele quando se apercebe que eu estava pronta para sair da cama.

"Fica." Ele diz contra o meu pescoço, com a sua voz rouca e profunda, dando-me um grande arrepio pela espinha a cima.

"Tristan, eu tenho de me levantar, tenho muito trabalho para fazer." Resmungo mas este ignora-me.

"Só mais 5 minutos." Ele pede e eu obedeço.

Tristan e eu dormimos na mesma cama, beijamo-nos até as nossas bochechas doerem, e agora estamos agarrados, deitados na minha cama, depois de uma noite bem longa... Meu deus... ai não... será que isto agora significa que estamos juntos, oh não. E a minha família? Oh meu deus... eles não vão aceitar, claro que a minha irmã vai adorar mas ai e a minha mãe?

"Mila pára, estás a pensar muito no assunto." Tristan diz contra o meu pescoço novamente. "O teu corpo está mais tenso como sei lá o quê." Ele diz e suspiro profundamente, fechando os olhos para me tentar acalmar.

"Estou com tanto medo Tristan." Sussurro, não sabendo ao certo se ele me ouvira, realmente ou não.

"Eu sei, eu também." Ele confessa fazendo-me virar para o encarar.

"Também estás com medo? Porquê?" Pergunto, sem perceber minimamente a sua confissão.

"Eu gosto imenso de ti Mila, e a ideia de te afastares de mim, não me cabe bem na cabeça." Ele diz e eu escondo a minha cara no seu peito.

"Isso significa que agora estamos juntos?" Pergunto contra o seu peito, incapaz de olhar-lhe nos olhos.
Tristan fica em silencio durante alguns momentos, talvez também não sabia o que dizer.

"Tu queres que estejamos juntos?" Ele sussurra momentos depois, quase que com medo do que eu fosse responder.

Suspiro, tentando me aproximar dele o mais que conseguia, sendo rapidamente acolhida pelo rapaz à minha frente.
Mesmo que quisesse estar com Tristan, nós não poderíamos na mesma, e por alguma razão isso afeta-me.

"Nós não podemos Tristan." Sussurro também, afetando-me com as minhas próprias palavras.
Tristan abana a cabeça, escondendo-a novamente na curva do meu pescoço.

"Vamos apenas não falar sobre isto por agora." Ele diz, e eu conseguia sentir a dor por trás do seu tom de voz rígido.
E a culpa era toda minha, e eu odiava-me por isso.
Fecho os olhos e aconchego-me ainda mais, saboreando o momento que talvez pudesse nunca mais acontecer, e isso surpreendentemente magoava-me de morte.

*

Tristan saiu a correr da minha casa, literalmente saltando da minha varanda para o seu jardim quando eu recebi uma chamada inesperada da minha mãe dizendo que estaria em minha casa em menos de dez minutos, com a minha irmã.

Acabo rapidamente de escovar os dentes e olho me ao espelho, para ver se me encontrava apresentável, e espanto-me quando vejo as minhas maçãs do rosto coradas, devo isso ao Tristan...
Ouço a campainha tocar e corro até a porta, não contendo a minha emoção de ver novamente a minha irmã.

"Mila." Ela choraminga, mal eu abro a porta, atirando-me para cima de mim dando-me um abraço de cortar a respiração.

"Mana.." Eu soluço, abraçando-a ainda mais não contendo a minha grande vontade de chorar. Oh meu Deus, ela fez-me tanta falta. "Oh mana..." Eu choro no seu ombro ainda mais quando também a ouço chorar fortemente.

"Fizeste-me tanta falta." Ela soluça abraçando-me ainda mais e fazendo o meu choro tornar-se ainda pior.

"Ainda não acredito que estás mesmo aqui..." Soluço também, abraçando-a com todas as forças que tinha.
Contudo, este momento foi interrompido graças à falsa tosse da minha mãe. Com isto, rapidamente nos afastamos, observando a minha mãe com medo. Esta, tinha os olhos aguados, espera o quê? A minha mãe estava prestes a chorar? Repito, a MINHA MÃE, chorar?!

"Minhas caras filhas, precisamos de falar." Ela diz e eu e a minha irmã já sabíamos, pelo tom de voz dela, que realmente o assunto era sério.
Demasiado sério.

Respirando fundo, sentamo-nos todos nos sofás da sala, eu e a minha irmã lado a lado, e a nossa mãe à nossa frente.
Antes da minha mãe começar a falar, esta mesma clareia a garganta, provavelmente preparando-se para um longo e certamente doloroso discurso e eu conseguia ver a milhas, o quanto a minha mãe estava nervosa, o que apenas me ponha ainda mais em pânico.

"Minhas filhas." Ela começa, com uma voz exausta e deprimida, deixando-me ainda mais preocupada com a situação, a minha mãe sempre foi muito difícil de se "ler". Sendo a psiquiátrica profissional que é, esta nunca deixou que as suas emoções fossem à flor da pele, mesmo entre a sua família. Este tipo de atitude simplesmente não é habitual na minha mãe. "Devem questionar-se a razão de eu ter feito as pazes com a sua irmã, visto que é contra as leis da família, e agora reunir-vos aqui as duas, de uma maneira tão apressada, mas eu tenho muita coisa para vos contar, e acredito que já vos devia ter contado mais cedo." Ela diz, passando as mãos nas suas calças de tecido preto, tentador limpar o suor contido nelas.
Também não deixei passar por despercebido o seu ligeiro tremor nas suas mãos.
Isto não deve vir coisa boa.

E foi aí, antes mesmo de voltar a falar, a minha mãe quebrou-se completamente, deixando a sua muralha de há muitos anos, simplesmente cair.
A minha mãe, estava a chorar, a soluçar profundamente, à nossa frente, e eu e a minha irmã não podíamos estar mais chocadas naquele momento.

"Mamã." Ambas dissemos, correndo para a sua borda, tentado acalmá-la o mais rapidamente possível.
Isto simplesmente não era normal, não era correto, a minha mãe estava a chorar, e eu não suportava vê-la assim.