"O Amor é um sentimento poderoso que é capaz de dominar completamente o humano. Muitos humanos esperam e desperdiçam o seu tempo à procura desesperadamente de senti-lo no entanto outros passam a sua vida a fugir desta doença. Chamei o amor de doença porque penso que se pode assemelhar a tal. O amor pode ser tão grande que pode cegar o nosso pobre ser fazendo com que tenhamos comportamentos irracionais que mais tarde acabamos por nos arrepender. O que na maioria acontece."
Ouço um barulho de um carro fazendo que me desconcentrasse completamente do que estava a escrever.
Olho em direcção do barulho que me distraiu.
Era o som de um jipe bem tratado que acabara de estacionar mesmo em frente da minha casa.
Um rapaz alto sai deste mas eu não consigo observá-lo concretamente por causa da escuridão da noite, apenas podia afirmar que estava todo vestido de preto e tinha um gorro igualmente preto a cobrir-lhe a cabeça não me permitindo saber ao menos a cor do seu cabelo.
Ele entra no andar de baixo da minha casa.
Ah, então ele é o tal rapaz que ocupa o andar de baixo desta casa...
Suspiro e olho para o relógio que continha no pulso.
00.12h
Estranhei ser tão tarde e o rapaz apenas só tinha chegado agora pois para mim isto era uma hora bem tardia para chegar a casa mas isso era para mim, eu não sabia os hábitos do rapaz.
Suspiro e agarro nas minhas coisas entrando em casa e arrumando as cujas no seu devido lugar.
Visto o pijama e deito-me na cama.
Amanhã será o primeiro dia da minha longa carreira.
***
Olho-me ao espelho uma última vez antes de sair de casa e um suspiro involuntário cai dos meus lábios.
Ajeito a minha mala de ombro e pego nas chaves de casa trancando a porta logo de seguida. Desço as escadas rapidamente.
Solto um grunhido de frustação quando reparo que o táxi que chamara ainda não tinha chegado.
Boa, chegar atrasada no primeiro dia de trabalho não era uma coisa que eu esperava.
Suspiro e sento-me nas escadas à espera, impacientemente do maldito táxi.
Ouço um barulho e olho para o lado.
O meu vizinho estava agora a sair de casa e estava novamente todo vestido de preto.
Ele passa por mim não reparando a minha presença e abre a caixa de correio que era mesmo ao lado de mim.
Olho mais uma vez para o relógio do meu pulso e este pequeno movimento fez com que o rapaz notasse a minha presença.
Ele olha para baixo fazendo com que os nossos olhares se encontrassem. A sua expressão era séria.
-Bom dia.- disse com uma expressão neutra. A minha mãe ensinara-me que devemos sempre cumprimetar a pessoa que nos dirige o olhar. Diz que é uma questão de educação mas eu não acho necessário cumprimentar sempre que isso acontece apesar de eu achar que nesta situação fora necessário.
Ele levanta uma sobrancelha talvez porque não esperava que eu proferisse alguma palavra.
-Bom dia.- ele disse de volta com um tom de voz sério.
Desvio o meu olhar focando-o na estrada procurando algum sinal do táxi.
Consigo sentir as ações do rapaz ao meu lado que retira o seu correio da caixa sempre com a sua expressão séria.
Levanto-me frustada e retiro o telemóvel do bolso ligando para a linha de táxis.
-Bom dia, eu queria saber do táxi que pedi para as 7.30 na Quinta da Sapata.
Ouço atentamente o que o homem da outra linha diz e bufo irritada.
-Está bem, está bem.- remungo.- Apenas não abuse do tempo.- avisei desligando a chamada.
Respiro fundo e massajo as minhas temporas para me acalmar.
-Algum problema?- a voz do meu vizinho fez-se ouvir no meio daquele silêncio todo.
-Não, não se preocupe.- digo educadamente.
Ele assente sempre com a sua expressão séria.
-Se o diz.- ele fala com a sua voz rouca.
Agora com a luz do dia conseguia apreciá-lo melhor.
Era alto e entroncado, cabelo ruivo e olhos verdes. Era muito pálido e pequenas sardas se destacavam no seu rosto. Tinha escuras olheiras debaixo dos seus olhos.
O som de um carro fez-me parar de observá-lo.
Era o táxi, finalmente.
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I Feel Again
Romance"Psiquiatras foram feitos para ajudar os fracos humanos que não conseguem suportar a sua dor sozinhos. Psiquiatras são mais que considerados Deuses do que simples, frágeis e pecadores humanos. Psiquiatras não riem, não choram, não mostram afecto, nã...