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Estava agora a apreciar o silêncio que me rodiava. Eram neste momento 19.02 horas e eu já tinha acabado todas as consultas que estavam marcadas para hoje.

Estava satisfeita com o meu primeiro dia de trabalho.

O hospital deu-me um escritório de grande dimensão até um pouco grande demais mas era confortável e convidativo.

Levanto-me pegando nas minhas coisas e chamo um taxi para ir para casa.

Quando chego reparo no jipe no mesmo lugar que ontem. Provavelmente o rapaz estava em casa. Subo as escadas e entro em casa.

Não tinha paxorra para cozinhar hoje pelo que me limitei apenas a encomendar uma pizza.

Depois do jantar sentei-me no sofá a escrever um pouco.

"O medo é também uma das fraquezas do ser humano. Passa a vida a fugir dele e tem muita dificuldade em confrontá-lo. É uma fraqueza difícil de controlar e é preciso coragem para o enfrentar. Coragem aquela que muita vezes falta. O medo leva-nos a cometer erros irremediaveis, que por vezes até chegam a destruir a nossa vida. O medo limita-nos, o medo controla-nos."

Ia continuar a escrever mas derepente a luz falta.

Mas que raio?!

Com a luz do telemóvel encaminhei-me até ao quadro elétrico para acender de novo mas sempre que carregava no sítio certo a luz teimava em desligar de novo.

Minutos depois acabei por desistir começando a procurar velas.

Mas nada. Nem velas eu tinha em casa.

-Merda, o que faço agora?- resmungo para mim própria.

Olho para o relógio e este diz-me ser ainda 20.46h.

Talvez o vizinho tenha algumas velas.

Desço as escadas e quando dou por mim já estava a bater à sua porta.

Não demorou muito até ele abrir a porta.

-Ahm... olá?!- ele diz meio atrapalhado.

Eu continuo sem expressão no rosto.

-Desculpe incomodá-lo mas será que tinha algumas velas que me emprestasse?- pergunto educadamente.

-Para quê exatamente?- ele perguntou voltando ao seu habitual tom sério.

-Bem, a luz parou de dar e eu não sei precisamente o porquê. Fui ao quadro elétrico mas sempre que carrego no sítio onde devo carregar a luz teima em desligar-se novamente.

Os seus lábios formam uma linha recta e ele parece refletir durante uns segundos.

-Importa-se que eu vá ver o que se passa?

-Não, claro que não.

Subimos os dois em silêncio e quando entramos em casa eu mostrei-lhe o quadro elétrico.

Ele olha atentamente e carrega em alguns botões fazendo a luz ligar mas depois desligar novamente.

-Vê? Eu disse-lhe, é isto que acontece.

Ele assente, pensativo, e depois faz qualquer coisa no quadro que eu não entendi o que fez com que a luz se ligasse novamente sem se desligar segundos depois.

-Penso que não irá desligar novamente.- ele diz fechando o quatro elétrico.

-Obrigada. Até lhe convidava para jantar mas só tenho pizza.

-Oh não se preocupe, eu estou bem. Apenas me trate por tu. Temos a mesma idade presumo, por isso não acho necessário falarmos assim.

-Oh, okay.-digo um pouco atrapalhada. Não estou acostumada a falar de outra forma.

-Bem até amanhã.- ele diz dirigindo-se até a porta de saída.

-Até amanhã.- digo acompanhando-o até à porta.

Depois de ele sair, fiquei a ver um pouco de televisão e depois fui-me deitar.

I Feel AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora