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Possou uma semana, uma semana e eu tenho tentado ignorar Tristan completamente. Simplesmente nem sei como lidar com ele, tenho trabalhado imenso e isso ajuda na minha decisão para me afastar de Tristan. Quando estou com ele não me consigo reconhecer-me a mim própria, é tudo tão diferente, eu nem consigo esperar.

Estaciono o carro à frente de casa ao lado do de Tristan. Ele está em casa. Pressiono a minha cana do nariz e respiro fundo, sinto o meu coração apertar. Eu tenho saudades dele, odeio admitir mas eu tenho saudades, ele ensinou-me, no tempo em que estivemos "juntos", a viver de uma maneira tão diferente...
Abano a cabeça e deixo escapar uma gargalhada nervosa, cruzes estou a ser demasiado dramática.

Suspirando entro em casa e olho em volta, são quatro da tarde e não tenho mais nada para fazer, por isso decido agarrar nas minhas coisas e ir para a varanda. Sento-me na minha cadeira e começo a escrever os relatórios dos meus pacientes, quando acabo, decido agarrar no meu caderno pessoal e escrever para desanuviar.

Oh, e quando está tudo escuro à tua volta, e quando olhas em redor e não sabes o que queres fazer, e quando não consegues distinguir do que queres ser, do que tu és, e mais importante o que tu és e não queres ser. Mas o pior de tudo é quando tu sentes que não sabes o que és, quem és. Quando sentes que és o que não queres ser e quando sentes que não podes ser o que queres realmente ser. Tudo isto é muito confuso, tudo isto é muito ordinário. Eu não posso ser o que quero, contudo, eu sou o que não quero ser. Pode não fazer sentido algum mas é o que sinto. O eu que me obrigaram a ser, não é o eu que eu quero ser, não é o meu verdadeiro eu.

Abano a cabeça e fecho os olhos. Isto é só porcaria. O que eu acabei de escrever não faz sentido algum... Há poucos dias estava tão segura de mim e agora eu simplesmente não sei se o que eu sou é o que eu quero ser.
Isto faz sentido?
Não.

Sinto um forte cheiro a cigarro e esfrego levemente o meu nariz. Levanto a cabeça discretamente e dou de caras com Tristan a fumar no seu quintal. O habitual.
Tristan estava vestido com as suas roupas pretas, com uma camisa colada ao corpo que automaticamente fez com que eu sentisse um calor absurdo. Mas ele não parecia bem, tinha escuras olheiras por baixo dos seus olhos avermelhados.

"Tu andas a me ignorar." A voz dele ecoa e eu viro a cara rapidamente. A voz dele estava frágil, rouca, não a sua voz habitual de veludo.
Decido não responder, porque na verdade, eu não sei o que dizer. Não posso negar, não sou capaz de mentir, mas também tenho vergonha de admitir a minha falta de educação.

"Desculpa..." Eu acabo por dizer mas a minha voz sai apenas como um sussurro. Um fraco e quase inaudível sussurro, mas ele ouviu. Eu sei que sim.

"Porque?! Porque fazes-me isto?" Ele diz, desta vez encarando-me. Os seus olhos estavam preenchidos de dor, e a culpa era minha.

"Fazer o que?" Eu pergunto profissionalmente. Como um psiquiatra teria feito.

"Não venhas com essas manias de psiquiatra! Eu sou teu vizinho não teu paciente!" Ele grita em fúria e eu encolho-me na minha cadeira. "Tu vieste para aqui com essa beleza toda e com essa inocência para estragar tudo! Eu era minimamente feliz e quando tu apareceste eu dou por mim desesperado para que fales comigo! Eu não sei porque perco o meu tempo e me deixo afetar quando tu não te importas um pedaço que seja e depois vens-me com essa de psiquiatra?! Não consegues ser mais ninguém que psiquiatra?! Não consegues ser apenas um ombro amigo e por momentos te preocupares verdadeiramente?!" Ele continua e eu sinto os meus olhos aguarem.

Ele tem razão, eu não consigo ser nada menos ser profissional, eu não consigo ter uma conversa normal.... Eu não consigo ser uma pessoa com coração, com sentimentos.

"Mila..." Ele diz saltando para a minha varanda. Ele caminha até mim e puxa-me para um abraço. Só aí reparo que estava derramada em lágrimas.

"Desculpa..." Eu digo contra o seu peito. Levanto a minha cabeça para o encarar e passo a minha mão no seu rosto para lhe limpar as poucas lágrima que lhe escorriam pelo rosto. Ele também estava a chorar, por minha causa. Passo carinhosamente a minha mão pelas suas olheiras e ele fecha os olhos, cansado.

"Há quanto tempo não dormes?" Eu pergunto-o fazendo-o abrir os olhos levemente, revelando-me uns olhos exaustos, radiados de vermelho.

"Desde que saíste da minha casa naquele dia." Ele sussurra e eu sinto a culpa invadir-me completamente o meu corpo.
Agarro na sua mão e entro na minha casa, juntamente com ele, deitando-o na minha cama.

"Dorme." Eu peço e ele olha-me surpreendido. Passo a mão na sua cara, acariciando a sua bochecha, fazendo-o fechar os olhos automaticamente. Fico ali, a observá-lo dormir pacificamente durante uns momentos até decidir ir arrumar as minhas coisas.

Sinto alguém a tocar a campainha da minha casa e franzo a testa de confusão. Eu não estou há espera de ninguém neste momento... Eu não me lembro de ter combinado ou convidado quem quer que seja...
Olho uma última vez para Tristan deitado na minha casa. Estava tão querido agarrado as minhas almofadas e a respirar tão pacificamente.

A campainha toca novamente e eu despacho-me para ir abrir a porta.
Sinto o meu corpo congelar e os meus músculos de todos o meu corpo ficarem tensos em meros segundos.

"Mãe?!"

Desculpem a demora, a sério peço mil desculpas, vou tentar ser mais rápida! Dêem uma olhadela no meu novo livro "searching for him" por favor!
Ly all 💕
Eu não reli o capítulo por isso peço desculpa pelos erros mas depois eu corrijo. Desculpem mais uma vez. Bjsss

I Feel AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora