chantagem

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Eddie ainda usava o anel que eu tinha dado para ele em 83, estava misturado aos outros, mas ainda estava lá, em seu dedo indicador.

- Eddie, você me odeia agora? - perguntei desviando o olhar dele.

- Eu nunca seria capaz de te odiar. Você só me decepcionou, e agora não consegue olhar nos meus olhos, não é?

- Isso não é verdade...- ele ajoelhou em minha frente e segurou meu rosto com a direita, me forçando a olhar para ele. - Eddie, porque você é assim...?

- Eu não mudei, sou o mesmo Eddie que você conheceu em 82, Florence, agora você? Eu nem sei mais quem você é! - ele me soltou, olhei para ele de baixo para cima, apertando meu lábio inferior com os dentes.

- As pessoas mudam, Eddie...

- Sim, mudam a roupa, a música preferida, o cabelo. Mas a personalidade? - uma pausa. - Eu jamais vou te odiar, Florence, mas não gosto da pessoa que você se tornou para se enquadrar no ensino médio. - me coloquei de pé.

- Eu vou embora agora.

- Ei, você só sabe fugir? - o olhei sentindo meu coração acelerado, minhas mãos suavam.

- Sim. - admiti atravessando a porta. - Amanhã tem que se apresentar a polícia, não esqueça. - lembrei, um segundo antes de cair e virar o pé - Argh! Merda! - xinguei tirando as malditas sandálias, meu pé esquerdo doeu, tinha torcido ele. -  Que ódio! Eu odeio essa vida! - soltei um grito de raiva, e pouco me importava de Eddie estava ou não me observando sofrer, ele deve até gostar disso. Afinal é o que eu mereço pelo que fiz com ele, não é?
Sua mão se estendeu a mim novamente, e eu a peguei.

- Acho que virei o pé...

- Acha? Vai ficar doendo dias se não colocar gelo agora. - ele me ajudou ir para dentro novamente. - Já volto, tá?

- Tá. - concordei.

Ótimo, eu iria embora e agora tenho que esperar a dor passar, e o pior, ficar sozinha com o Eddie.

- Aqui, coloque. - ele me entregou as pedrinhas empacotadas em um pano de prato.

- Obrigada...- envergonhada. Coloquei onde mais doía, na divisão entre o pé e a canela, na lateral. - Pode por favor não jogar na minha cara que eu errei?

- Então você admite? - suspirei. - Ok, ok, não vou falar mais nada. - concordou.

- Nancy e Robin irão na biblioteca pesquisar sobre o Victor Creew, a família dele teve os olhos arrancados e acham que isso pode ter alguma relação com o Vecna. Max vai ver com a terapeuta da escola se a Chrissy falou algo antes da morte.

- Hum...tomara que encontrem algo útil. - concordei. - Você jogou D&D muito bem...

- Aprendi com o mestre. - ele sorriu ao me referir dele assim.

- E você ainda toca guitarra? - sorri com a referência.

- Só uma música. - respondi cantarolando I was made for lovin you, do Kiss. Eddie riu nostálgico com a resposta. - E você?

- É claro que toco, caixão corroído jamais se separará. - sorri, adorava quando Eddie tocava guitarra, nas apresentações, mas principalmente quando estávamos sozinhos. Geralmente no quarto dele. - Escrevi umas músicas novas desde que você foi embora.

- Fui embora?

- Sim, a Florence que eu conheço se mudou para algum outro lugar e deve voltar quando puder.

- Devia parar de esperar ....

- Você vai se formar daqui a seis meses, e depois? O que vai ser? Não vai ser líder de torcida e nem a queridinha do colégio, vai ser só mais uma formanda.

HELLFIRE - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora