Capítulo Bônus 1.1

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POV Toni

Olhei novamente para Cheryl que tinha seu cenho fechado enquanto encarava as três formiguinhas que chamávamos de filhos. Henry invadiu o escritório de Cheryl aos prantos declarando que Maya havia acabado com sua arte. Imediatamente minha esposa se levantou de sua confortável poltrona e correu até o pequeno ateliê de Henry. Eu estava descendo as escadas com o celular na mão enquanto conversava por vídeo com minha mãe quando vi Amber e Maya correndo pela sala chorando e completamente cheias de tinta. Rapidamente me despedi de dona Kathy e terminei de descer as escadas. Cheryl não demorou muito a aparecer e quando vi sua expressão séria, soube que as gêmeas estavam encrencadas. E ali estávamos. Cheryl havia repreendido as meninas por terem estragado o quadro que Henry pintava e repreendia Maya por ter usado as tintas do pequeno para pintar o rosto de Amber.

– Amor, você acha mesmo que precisa desse... – Calei-me rapidamente quando o olhar furioso da ruiva caiu sobre mim.

– Maya, Amber... – Cheryl massageou as têmporas tentando, em vão, relaxar a tensão que havia se instaurado ali. – Vocês duas me decepcionaram. – Os olhinhos verdes das duas loirinhas encheram-se de lágrimas. Uma cena de cortar o coração. – Eu tanto pedi que vocês respeitassem o espaço um do outro. – Cheryl também olhou para Henry enquanto falava. O garotinho abaixou a cabeça, pois também vivia aprontando com as loiras. – Quero que as duas se desculpem com Henry e subam para o quarto onde tomaram um banho para se livrarem dessa tinta. – Maya fungou direcionando seu olhar triste e arrependido para o irmão.

Desculpa, Henry. – Pediu baixinho.

Quase não escutei o pedido de desculpas de tão baixa que a voz da loirinha de cachos soou. Cheryl olhou para Henry que virou o rosto para não encarar Maya. Arrependida, a menina afastou-se parando ao lado da irmãzinha que olhava para Henry como se nada tivesse acontecido. Pelo que percebi, Amber não havia sido a precursora da brincadeira, por isso estava tão tranquila quanto ao pedido de desculpa.

– Henry, não é assim que recebemos um pedido de desculpas, filho. – Comentei. Esperei que ele se mexesse, mas ele não o fez. – Henry! – Meu tom de voz soou mais sério.

– Mas eu não fiz nada, mamãe. Foi ela! Ela quem pegou minhas tintas e estragou meu quadro. Foi a Maya e não eu. – Henry estava furioso.

Um pequeno gatinho, manhoso, chateado e bravo por sua irmã ter estragado seu trabalho e ainda ter usado o que não era dela.

Ele sempre foi muito cuidadoso com seus pertences e não gostava que ninguém pegasse suas coisas sem seu consentimento. Eu dava razão a ele por estar bravo e chateado com Maya, mas a menina se mostrava arrependida e estava se desculpando, o mínimo que ele deveria fazer era aceitar as desculpas e a vida voltaria ao normal, pois Cheryl com certeza lhe compraria tintas novas e o ajudaria a pintar um novo quadro. Era uma tempestade em copo d'água. É isso que da ter três crianças da mesma idade com personalidades tão diferentes, mas ao mesmo tempo, tão iguais. Escutei um suspiro profundo e encarei Cheryl.

– Certo! Maya, você pode ir para o seu quarto. – A baixinha assentiu.

Abraçando o próprio corpo, Maya subiu os degraus com suas pernas curtas. Ela ainda fungava e parecia extremamente arrependida por ter brincado com as tintas de Henry. Quando percebi, Amber já estava no primeiro degrau da escada, seguindo a irmã. Um pigarro alto atraiu seus olhinhos.

– Eu disse Maya, não disse Amber. – Cheryl soou séria e chamou a garotinha pelo dedo indicador.

– Mas mama, eu não fiz nada. – Defendeu-se rapidamente.

– Antes que aponte o dedo para sua irmã e a acuse, lembre-se que também está cheia de tinta espalhada pelo rosto, cabelos e roupas. – Amber olhou para si mesma e corou. – Ótimo! Henry também espera um pedido de desculpa seu. – Cheryl cruzou os braços e esperou. Segurei o riso quando vi Amber erguer o queixo e negar, adotando uma pose rebelde aos seis, quase sete, anos de idade. – O que? Não vai se desculpar? – Amber negou.

L'AMORE IMPROBABILEOnde histórias criam vida. Descubra agora