Capítulo IV

19 3 0
                                    

      Trovões e raios se juntavam à tempestade que caía, o vento balançava as maiores árvores. A garota deitada em sua cama, não conseguia dormir, quando mais nova nos dias de tempestades sua mãe lia para ela, histórias em que príncipes salvavam suas princesas e enfrentavam dragões, agora Elise teria de salvar seu pai da ruína em que ele havia os colocados. Além da tempestade, estava tendo insônia pela manhã seguinte, aquele seria o dia tão esperado por alguns esperados e por Elise, um tanto temido, o dia do baile dos Bradfords. Nesse tempo, repassou tudo o que iria falar, como agir e se portar, daqui a um mês faria parte da família mais respeitada de toda Londres e talvez começasse a formar a sua. O que o dia guardava para ela? Será que algum príncipe encantado a salvaria?

......

Os dias que se passaram foram certamente produtivos. Pela manhã treinava piano e dança junto a senhora Anne. Na parte da tarde, pesquisava mais sobre a origem e antecessores dos Bradfords, estudava francês, latim e hindi. Todos os dias Elise tomava seu desjejum na sala de jantar junto de seu pai, que constantemente lia os jornais da cidade. Não era a sua leitura favorita, mas uma parte era dedicada a fofocas, não era adequado uma dama ler fofocas e panfletos banais, mas o que fariam as senhoritas para descobrirem os males da sociedade? Elise não frequentava bailes ou recebia caçadores de fortunas em sua sala, então panfletos pareciam mais tentadores. Seus ovos mexidos estavam frescos, foram acompanhados com seu chá favorito de laranja-bergamota.

- Pai, que horas o senhor pretende ir ao baile dos Bradford?- O clima entre Elise e seu pai, estava de certo modo, mais tranquilo.

- Sairemos às 18h00, meu bem.

- O senhor disse que iria dar-me o meu vestido logo pela manhã.

- Bradford iria lhe mandar o vestido de sua preferência. Acredito que há de chegar logo.

Foram interrompidos quando o Senhor Austin entrou na sala, atraindo a atenção deles.

- Senhor Austin, algo aconteceu?

- Uma encomenda acaba de chegar. São para a senhorita Elise.

- Quando eu terminar o desjejum, logo irei olhar. Pode deixar em meu quarto, por favor?

- É claro, senhorita.- logo ele se retirou.

- Se precisar minha querida, estarei em meu escritório. Mas pela tarde terei uma reunião na Câmara dos Lordes.

- Estarei em meu quarto ou na biblioteca, como sempre.

A cada passo, ela pensava em como seria essa noite, e se ela tropeçasse ou derramasse vinho na roupa de seu prometido? Ou pisasse em seu pé? Não! Tudo havia de dar certo essa noite. Ao entrar em seu quarto uma caixa creme, estava em cima de sua cama junto de uma carta com o selo dos Bradford. Ansiosa, resolveu ler a carta primeiro.

Senhorita Floren,

Espero que o vestido seja do seu agrado. Eu e minha família estamos ansiosos para lhe conhecer, meu filho demoraria a admitir, mas também está ansioso para vê-la novamente, depois do passeio ao parque. Ele ficou surpreso pela sua reação, mas creio que tenha sido pela surpresa em vê-lo.

Atenciosamente,

Duque de Bradford."

O coração de Elise estava descompassado, que primeira impressão havia deixado? Seus pensamentos negativos foram rompidos quando abriu a caixa. Era a coisa mais linda que já havia visto. Ao retirar o vestido da caixa ele pareceu mais deslumbrante, o vestido era rosa, o busto continha renda e a saia pequenas pérolas, e junto acompanhava um arranjo com algumas pedrarias. Ele era belíssimo e a senhora Anne já havia planejado seu penteado. Um cabelo meio preso com ressalto em alguns dos seus cachos castanhos

Naquele começo de tarde teve sua última aula de etiqueta antes de conhecer os Bradford. Para aliviar o nervosismo passou a tarde no jardim de sua casa lendo, o romance sempre foi um de seus gêneros favoritos junto da poesia. William Blake e Shakespeare, seus dois escritores favoritos, tinham facilidade em descrever o que sentiam através de palavras escritas em versos e se tornaram famosos.

Ao deixar seu livro de lado, ela passou a observar as flores. Elas tinham sua beleza natural e não se importavam em serem belas, agradáveis e dóceis, algumas possuíam espinhos e nenhuma eram iguais às outras, cada uma tinha seu diferencial, sua hora de florescer, mas apesar de tudo isso, ainda eram belas. Diziam que as mulheres eram parecidas com flores, mas realmente reparavam nas flores?

A PropostaOnde histórias criam vida. Descubra agora