Capítulo XIV

8 2 0
                                    

Ela saiu do camarote e como esperado a sala estava vazia. Na mesa do centro havia um jarro de água e ela se serviu, Elise ficava mais tonta e com falta de ar, talvez fosse seu espartilho, sabia que estava apertado demais, ao se sentar se sentiu um pouco melhor, devagar, inspirava e expirava. A sala era coberta por algumas janelas, então Elise resolveu abrir uma, o ar puro entrou pelas suas narinas. Por mais que o ar estivesse frio lhe trazia conforto, alguns minutos respirando perto da janela, lhe trouxeram um melhor estar.

- Está melhor Elise?

Elise assustada se virou e derrubou o copo o quebrando. Era Thomas.

- Aí!

Ao olhar para sua mão, a garota viu que havia cortado sua mão e estava saindo sangue. Thomas se aproximou com rapidez e retirou de seu terno um lenço branco e o pressionou na mão dela. O pano branco agora tinha manchas de vermelho. Estava ardendo.

- Venha, vamos lavar para não infeccionar.

No canto da sala havia um pequeno lavatório. Quando a água passou pela ferida, Elise deu um suspiro profundo, como ardia.

- Desculpe tê-la assustado, queria ver se estava bem.

- Só tive um mal estar, mas já estou melhor.

- Achei um curativo.

Embaixo do lavatório tinha uma caixinha de primeiros socorros. Elise se sentou ao lado de Thomas no sofá e ele enfaixou sua mão com uma gaze. Seus dedos eram cálidos e cuidadosos, Elise apenas o observava, se não o conhecessem ele poderia ser até um médico.

- Pronto, teve sorte de não ser tão profundo, se não precisaria de pontos.

- Onde aprendeu?

- Na universidade muitas brincadeiras tem algumas consequências mais graves já outras só precisam de curativos.

- Qual dessas você já cometeu?

- Ambas...provavelmente.

Ela riu e ele também

- Minha mãe nunca deixou eu fazer atividades perigosas.

- Ela tem razão, algumas são perigosas para...

- Mulheres? - Ela o interrompeu

- Quem não tem instrução Elise. As mulheres conquistam qualquer coisa assim como qualquer um, a diferença é que não tem a mesma liberdade e oportunidade. Não entendo esse machismo, por que as mulheres são tratadas como porcelana, como se fossem frágeis e delicadas. Você entende?

Ele havia a surpreendido novamente, ele não era mesmo como os outros.

- Não...não entendo.

Ele a observava como sempre fazia, com o olhar avaliador, mas havia algo diferente em seus olhos, seus dedos acariciavam a mão de Elise, mas ela não fazia nada apenas o olhava. A porta rangeu ao ser aberta e suas mãos se desvencilharam. Era a Duquesa.

- Está tudo bem minha querida?

- Estava com um mal estar...já passou.

O olhar dela foi para sua mão enfaixada.

- Oh céus! O que aconteceu com sua mão?

- Fui descuidada e quebrei um copo e ele cortou a minha mão, mas Thomas me ajudou.

- Thomas sempre foi altruísta. Já se sente melhor?

- Sim, podemos voltar.

Eles se levantaram e foram novamente ao camarote atraindo o olhar de todos, o que viram primeiro foi sua mão enfaixada.

- Filha, o que aconteceu com sua mão?

- Quebrei um copo e ele me cortou, mas Thomas enfaixou com uma gaze para mim.

- Muito obrigada, milorde.

- Está tudo bem senhor Floren, qualquer um no meu lugar teria feito o mesmo.

- Acredito que sim.

Eles voltaram ao seus lugares e assistiram o resto do concerto. Nos últimos acordes, palmas eram aplaudidas...o concerto tinha acabado. Os convidados foram direcionados para uma das salas de reunião onde aconteceu o mesmo que a recepção, mas agora a orquestra tocava. Os homens se reuniam em um canto mais afastado do salão e as mulheres se reuniam em outro. Elas riam e trocavam fofocas, de maioria boatos. Elise pegou uma taça de água e duas senhoras atrás de si cochicharam:

- Ouvi dizer que o Conde de Jersey, teve algo com a prometida de Lorde James.

- Não a conhecemos, quando ele irá apresentá-la?

- Creio que seja no baile dos Jersey.

- Oh, que escândalo! Se algo realmente aconteceu no baile dos Bradfords, acho que não terá casamento a anunciar Lady Windsord.

Elise teria derrubado outro copo se a Duquesa não tivesse se aproximado e sussurrado:

- Não ligue para elas, não sabem o que aconteceu.

A garota não sentia o ar vir, a tontura e o nervosismo a deixavam com mal estar. Sem despedidas saiu para fora da sala. Surpreendentemente o corredor estava vazio, então pode se acalmar. Boatos, os boatos já estavam se espalhando....mas eles não tem provas! Ela deu graças aos céus por Jersey não ter contado nada...Ainda teria chance. Era provável que não tivesse coragem depois da ameaça de Thomas. Suas memórias viajaram até quando ela quebrou o copo a poucos momentos, os olhares e ele ter acariciado sua mão. O que realmente foi aquilo?

A PropostaOnde histórias criam vida. Descubra agora