Capítulo X

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       A carruagem permanecia silenciosa, depois das coisas "esclarecidas" no jardim, Elise voltou para sua casa, nem havia falado com James depois do que disse, ela estava arrependida...mas talvez fosse melhor manter seus sentimentos escondidos, como sempre fez. Ninguém contou a Gregory sobre o que tinha acontecido no jardim mas ele também não havia perguntado, talvez soubesse que não deveria. Depois de seu banho, se deitou em sua cama, mas não conseguia dormir, pela chuva novamente junto dos momentos dessa noite que aconteceram tudo, menos o que ela havia planejado.

Elise gostava de pensar que não havia tomado as decisões erradas e que sua mãe concordaria com ela...mas essa não era a verdade. Havia sido uma tola! Onde estava com a cabeça quando disse tudo aquilo sobre seu casamento? Que não amava seu noivo? Também não teria como amar, nem o conhecia, não acreditava em amor à primeira vista como muitos acreditavam, acreditava que amaria alguém quando realmente a conhecesse. A chuva era forte, chegava a balançar as janelas fechadas, Elise apertava seus olhos com forças, mas suas lembranças que tentava esconder apenas vinham com mais força.

" Deitada em sua cama Elise escutava mais uma de muitas histórias que sua mãe lhe contava.

- Mãe, por que precisa ir com o papai para essa viagem?

- Minha filha, já lhe disse. É necessário que nós dois estejamos presentes.

- Mas precisa ir agora?

- É o melhor horário para que cheguemos a tempo. Adeus meu amor.- Sua mãe deixou o livro na cômoda que havia ao lado da cama da pequena garota e lhe deu um beijo na cabeça.

Se dirigindo para a porta sentiu uma mão puxar a sua.

- Por favor mamãe não vai! Sentirei sua falta.

- Também sentirei a sua meu amor, mas logo pela noite de amanhã estarei de volta e vou lhe contar uma história que eu mesma criei.

- Sério?- Perguntou Elise com seu olhar surpreso

- É claro, mas eu preciso ir.

Devagar ela soltou sua mão e passou pela porta. Elise estava sentada na sua cama e não conseguia dormir mas o sono foi mais forte. No dia seguinte passou o dia inteiro ansiosa pela volta de sua mãe, tinha feito até biscoitos para ela! De banho tomado ela sentou em sua cama e sorriu esperando sua mãe. Oito horas e nada. Nove, nenhum movimento. Dez...onze...Até que ela ouviu cochichos no andar de baixo. Ela levantou de sua cama e silenciosamente desceu a escada, as vozes vinham da sala de estar. Havia uma fresta aberta e lá ele viu três pessoa, uma era a governanta da casa e a outra uma das empregadas, o outro era uma homem, ele estava vestido como todos os outros mas uma carta estava em sua mãos, ela não o conhecia, mas quando as senhoras leram a carta desabaram no choro.

- Eu sinto muito pela sua perda.

Entre os soluços a governanta disse a empregada:

- Como vamos contar isso a ela? Tão jovem e já perdeu sua mãe. M-mas e o pai de Elise?

- O senhor Floren está no hospital com leves ferimentos, logo retornará.

Elise correu em direção ao seu quarto e chorou. Lágrimas quentes caiam em seu travesseiro, mas ela pensava que deveria ser um engano ou até...Estavam mentindo, mas a realidade era cruel, na noite de chuva e histórias, sua mãe tinha se virado uma da qual Elise nunca se esqueceria."

Elise se sentia novamente como a pequena e frágil garota que era...no fundo ela ainda era sim, emotiva, triste e mais no fundo, sozinha. Quando dormiu ela teve pesadelos com o acontecimento do jardim, de Jersey a agarrando e a beijando mas a diferença é que dessa vez não havia um salvador, as mãos, agora tinham garras que afundaram na pele de Elise, ela gritava mas ninguém a escutava, sangue pingava na grama verde do jardim.

- Senhorita Elise! Acorde!Acorde!

A senhora Anne balançava Elise que estava suada e seus olhos vermelhos do choro da noite.

- Foi apenas um pesadelo, está bem?

Elise não respondeu apenas estava raciocinando

-S-Sim estou bem.

- Ótimo, depois de tomar seu desjejum na sala de visitas há um presente para você.

- Um presente...?- Elise esta surpresa, seria James que enviá-lo? Não, ele parecia irritado depois do jardim, também quem não estaria? Sua própria noiva não o queria.

Seu pai não estava na sala de jantar, deveria estar na reunião. Quando estava a caminho da biblioteca lembrou que havia algo na sala de visita. Ao entrar a sala estava vazia, mas logo avistou um buquê, ele era feito de astromélias em tons de rosa. Era lindo! Pensou ela, ao lado do buquê havia um cartão com o brasão dos Bradford, talvez ela estivesse errada sobre James. Ao abrir dizia:

"Senhorita Floren,

Gostaria de convidar a senhorita para um chá, gostaria de conhecer a futura esposa de James e minha futura nora, espero que aceite o convite. Na mansão Bradford às 16 horas.

Atenciosamente,

A Duquesa de Bradford"

A Duquesa havia mandado a carta e tinha acabado de a convidar para um chá, certamente não sabia do jardim, ou a convidou por apenas formalidades. Mas talvez quisesse mesmo conhecer a noiva de seu filho. Ao encontrar a senhora Anne, pediu que ela enviasse uma confirmação de sua presença no chá.

- Há alguma preferência de vestido senhorita?

- Talvez o azul claro com pérolas, acredito que eles preferem tons dessa cor.

Ela deixou seus cabelos soltos apenas à frente presa por duas pequenas tranças onde uma presilha de flor dourada assegurava. Com o sol da tarde ela levou sua sombrinha branca, a própria carruagem dos Bradford viera a levar. Por dentro os bancos da carruagem eram macios e eram cobertos por veludo vermelho, um verdadeiro luxo.

A entrada da casa ainda era a mesma, mas subiram a escadaria principal que os levou para um extenso corredor e entraram na segunda porta, o cômodo era maior do que parecia fora.

Havia dois sofás capitonê e duas poltronas envolta de uma mesa redonda com flores azuis. As janelas da sacada estavam abertas e um grande lustre pendia no centro, mas ninguém, a sala estava vazia. Ela se sentou em um lado do sofá e aguardou, poucos minutos depois a porta abriu, não era a Duquesa.

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