Capítulo XII

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  Ao encarar ela, ele perguntou:

- O que você acha?

- Palavras que nunca esquecerei, pois nunca vi tão belas, ainda mais vindo de um homem.

- Não sou como os outros.

- Eu pude perceber.

Ao ouvir isso ele a olhou surpreso com a expressão indecifrável, o que a fez desviar. Ela ouviu um barulho de uma cadeira sendo arrastada e ao levantar seu olhar Thomas estava do seu lado e ofereceu a mão dizendo:

- Quero lhe mostrar algo.

Eles caminharam para dentro da casa e foram até o terceiro andar onde havia somente uma porta como se fosse a entrada de uma nova casa. Ele retirou uma chave prata de seu bolso e girou na tranca e girou o maçaneta, ao abrir a porta Elise ficou maravilhada, era uma biblioteca! O tamanho dava cinco quartos do seu, era muito grande e tinha dois andares de livros, era um sonho.

- O que achou?- Thomas perguntou

Elise não tinha fôlego para responder, ele percebeu e deu um sorriso.

- Entre.

Ao pisar se sentiu como se entrasse em um novo mundo a claridade era perfeita havia vários sofás, poltronas e até castiçais. Ela andou pelo primeiro piso reconhecendo alguns nomes de autores Charles Dickens, Jane Austen, Samuel Richardson, Mary Shelley e seus favoritos, Shakespeare e William Blake. Ao subir o outro andar viu que estes livros estavam com bastante pó, havia vários documentos antigos, até fotos dos antigos Duques, mas um espaço estava com o nome Thomas Simon Bradford.

- Por que não há uma foto sua?

- Ainda não me tornei um Duque, só há apenas o meu nome.

- Não me lembrava de seu nome ser composto.

- Poucos sabem, mas prefiro usar apenas o primeiro nome. Não entendo, porque sou o único da família que tenho um nome composto.

- Para dar um ar de graça ao futuro Duque talvez.

- Acho interessante, mas creio que apenas Thomas estava de bom tamanho.

- Você já leu a maioria desses livros?

- Bom, nesses anos sim...mas esse ano apenas livros de contabilidade e das damas elegíveis para o casamento, o que de minha parte é uma perturbação.

- Já leu Shakespeare?

- Creio que seja um dos meus autores favoritos. E seu favorito?

- Shakespeare também...

Ele passou por ela e em uma fileira pegou um livro de capa vermelha com o título em dourado.

- Já leu Hamlet?- Ele perguntou tirando o pó do livro.

- Brevemente, não conseguia entender muito sobre a mensagem que Shakespeare quis transmitir.

- Quais outros autores lhe interessam Elise?

- Bom, tenho muitos mas os principais...

Ela parou de falar e seu olhar foi a porta que havia sido aberta. Elise, prendeu por um momento sua respiração era James, que aparentava estar cansado, seu olhar não reparou nos dois no andar superior até que Thomas iniciou:

- Irmão, que surpresa em vê-lo.

James olhou para o irmão e logo para Elise que estava ao seu lado e fez uma expressão de desgosto.

- Agora sei por que havia me chamado.

Sem despedidas ele saiu pela porta, não dando chance de Elise se explicar.

- Por isso me chamou para a biblioteca, para eu me entender com seu irmão?

- Pode julgar as minhas intenções, só não gostaria de vê-los brigados, em véspera de casamento. Desculpe se a enganei, mas como vi que gostou da biblioteca, fique com a chave. E se em futuros bailes, se sentir tédio pode vir até aqui.

Ele estendeu sua mão junto da chave e Elise a pegou.

- Gostaria de escolher algum livro?

Ela deu mais uma olhada nos inúmeros livros de poesias, filosofia, drama, aventura, ação, ciências naturais e humanas...E os favoritos de Elise, romance. Ela nunca soube o por que deles sem seus favoritos. Os obstáculos a serem passados, as descobertas, as traições, mistérios ou a esperança de um final feliz, nunca se sabe, isso que torna o romance interessante. Elise parou quando se deparou com um dos seus livros favoritos quando criança "La Belle et la Bête", A Bela e a Fera. Quando era pequena ficava intrigada como uma bela moça escolheu algo abominável ao invés de um belo homem, mas hoje entende que Bela viu algo a mais que a aparência da Fera, viu o interior dela, seus sentimentos, sua essência, que não poderia se comparar a beleza física.

- Gostou desse? É um belo conto de fadas.

- Era meu favorito. Minha mãe o lia para mim.

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  Elise saiu da biblioteca junto de Thomas e seu livro de contos de fadas. A Duquesa já estava de volta e se virou quando ouviu os passos dos dois.

- Estão aí, pensei que estivessem fugindo de minha companhia.

- Oh nunca mamãe.- Thomas demonstrava um pouco de ironia em sua voz.

- Foram à biblioteca?

- Sim e foi muito adorável, Thomas me permitiu escolher um livro para pegar emprestado.

A Duquesa sorriu para Elise e seu filho.

- Gosta de chá indiano senhorita Elise?

- Nunca experimentei, Vossa....

- Gostaria de experimentar?

- Claro.

Os dois se sentaram novamente e a Duquesa lhe serviu o chá junto do leite. Ao experimentar o chá, uma mistura de sabores lhe tomaram o paladar. Lhe viam a mente, canela, gengibre, cravo, pimenta e algo a mais, cujo sabor era familiar.

- É uma das coisas mais deliciosas que já provei.

- Elise, gostaria de lhe convidar para uma apresentação de ópera, gostaria?

- Creio que eu...

- Maravilha, será amanhã. Mandaremos uma carruagem lhe buscar.- A Duquesa aparentemente negava qualquer recusa ou desculpa.

Depois do chá eles caminharam pelo jardim e a Duquesa fala animadamente sobre como suas flores estavam belas, Elise ouvia tudo com atenção mas seus olhos estavam no homem atrás de sí, já Thomas não desviava os olhos de Elise, mas sempre indecifrável.

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