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—  Lily — diz ele, enfaticamente. — não existe isso de pessoas ruins. Todos nós somos humanos e, às vezes, fazemos coisas ruins. — É assim que acaba.

♥︎

Embora a esperança de que Diego estivesse vivo me fez ficar animada, eu não queria criar falsas esperanças em relação a isso. E eu sei que meu irmão não iria me querer ver assim, chorando e nem me iludindo por coisas que vão acabar me machucando no fim.

João me olhava com pena enquanto eu observava a cena de Gabriela dando um tapa no rosto de Lucas, talvez ela descobriu uma traição ou apenas oficializou o término.

— Bem feito babaca — João disse baixinho.

Mesmo morrendo de curiosidade para saber do que se tratava aquele tapa, ainda me mantive pensativa.

— Que foi Lu? — João perguntou — você tá tão estranha.

— Meu irmão pode está vivo e embora isso me anime muito, não quero me iludir com falsas esperanças. — comento e abaixo minha cabeça sobre a mesa.

— É bom se apegar a algo. — levanto o olhar e encaro meu amigo, ele sempre esteve presente na minha vida, sendo elas momentos bons ou ruins. — mesmo que isso vá nos quebrar, é bom manter a esperança.

Balanço minha cabeça em positivo. Mesmo não querendo ou mesmo achando isso uma completa perda de tempo, eu iria manter a esperança.

.

Quando o sinal da escola tocou no fim da aula, chamei João para me acompanhar até o hospital. Arrumei minhas coisas e quando estava prestes a sair, Lucas se aproxima sorrindo.

— Oi. — ele diz e tenta me beijar, recuo.

— Você estava a poucas horas com a Gabriela e agora vem e tenta me beijar?

— Eu terminei com ela — Lucas pega na minha mão — como você pediu.

— Vamos Luana. — João me chama parado na porta da sala.

— Eu preciso ir — digo e coloco minha mochila nas costas — aparece no meu quarto, mesmo horário de sempre. — Lucas apenas ficou parado sem concordar, ele teria que aparecer.

Mamãe estava na sala da recepção sentada segurando um pequeno copo de café em mãos, ela olhava para o nada como se estivesse se sentindo culpada. Eu sabia que tudo aquilo era apenas teatro, ela nunca fora do tipo amorosa com os filhos e não seria por isso que ela se tornaria uma.

Meu pai me abraçou quando notou minha presença, e me soltou sorrindo radiante.

— Seu irmão acordou. — ele disse feliz.

— O QUE?

— Acordou filhota, simplesmente acordou. — meu pai respondeu e se separa de mim — Quando Clarisse sair, você pode entrar.

Eu não conseguia acreditar que Diego estava bem, finalmente me permito sorrir depois de dias me sentindo angustiada.

— O que ela tem? — pergunto ao meu pai do porque da minha mãe estar apenas olhando para o nada.

— Diego não quer vê-la. — Fico observando minha mãe mais um pouco e me pergunto se ela não vai embora. Ela está parada olhando para seu café, e isso até me fez sentir um pouco de pena dela.

Quando Clarisse saiu, me bateu um grande nervosismo pairar sobre meu peito. Derrepente bateu uma incrível vontade de chorar e de me agarrar ao meu pai.

— O que tá esperando? — João me perguntou e eu não o respondir de imediato. — Tudo vai ficar bem Lu. — concordo e abraço João por alguns instantes antes de entrar.

A enfermeira me guia por um corredor bastante distante da sala da recepção, quando chegamos a porta de onde meu irmão estava, ela me vestiu uma roupa especial e luvas. E quando entrei na sala, meu coração parecia que iria sair para fora do peito. Diego estava deitado sobre a cama, mas com os olhos abertos e sem todos os aparelhos que o mantiam respirando dessa vez.

Corrir sentindo as lágrimas caírem e abraco meu irmão. Chorei e chorei mais ainda parecendo um bebê, Diego acariciou meus cabelos enquanto minha cabeça estava pousada sobre seu peito.

— Tá bom Luana, chega de choradeira. — Diego diz ainda meio fraco.

Me levanto sorrindo e enxugando às lágrimas, e finalmente encaro meu irmão me olhando com aqueles enormes olhos verdes.

— Desculpa. — digo limpando as malditas lágrimas que ainda insistiam em cair. — eu pensei que nunca mais fosse escutar sua voz.

— Minha voz é mesmo encantadora — debocha e novamente eu sorrio deixando lágrimas de felicidade escaparem.

— Eu... eu — e sem perceber começo a chorar.

— Para de chorar Lua, eu ainda tô vivo. — concordo e enxugo às enxugando às lágrimas. — tenho algo para você.

Vejo Diego tirar algo do bolso, era uma chave e um pedaço de papel. Levanto uma das sombracelhas, em interrogação.

— No meu armário tem um cofre, nesse papel esta a combinação dele e a chave do armário.

— Por que está me dando isso? — pergunto.

— Se caso algo me acontecer, o dinheiro que juntei para a minha faculdade é seu! Eu não sei se sairei desse hospital vivo.

— Para com isso Diego. Você vai sair desse maldito hospital, vai voltar pra casa e cuidar por mais um ano da sua irmã chata. — Diego olhava para o teto enquanto me ouvia falar — por favor, não fala isso.

Ele se vira um pouco, como se algo o estivesse incomodando.

— Eu não vou sair vivo daqui Lua, por favor só pegue a chave se isso acontecer. — meu irmão me entrega a chave junto com o papel com lágrimas nos olhos — use, meu dinheiro agora é seu.

Não consigo entender porque meu irmão veio com esse papo de morte, ele estava bem e falando. É claro que ele sairia vivo desse hospital, tenho 17 anos, ainda estou no meu último ano do ensino médio e não sei o que fazer da minha vida quando tudo isso acabar.

Tudo que eu sei ou sabia, é que meu irmão e eu faríamos uma viagem juntos a Boston no final do ano.

— Eu te amo. — sussurro.

Diego me chamou para um abraço, me deitei ao seu lado na cama e novamente deposito minha cabeça em seu peito. Eu não queria imaginar minha vida sem ele, mesmo Diego sendo tão implicante e exigente na grande maioria das vezes, eu jamais iria querer uma vida na qual meu irmão não existisse.

— E aquele garoto Lucas? — Diego perguntou.

— O que tem ele? — pergunto ainda abraçada a ele.

— Ele parece gostar de você — ele gosta, penso. — tem a minha benção para ficar com ele.

Fico em silêncio e apenas curtindo um dos poucos momentos raros com meu irmão, escuto passos se aproximando atrás de mim e vejo que era a enfermeira.

— A hora de visitas acabou. — diz.

Aperto meu irmão pela cintura não querendo ir embora, Diego me olha e nossos olhares se cruzaram, quero pedir desculpas por todas as birras que fiz, por todas as festas que fiz sem sua permissão e desculpas por mesmo ele proibindo ainda deixando Lucas entrar no meu quarto.

— Eu te amo — ele fala — diga ao Lucas que mandei um belo chute naquele traseiro dele.

Ele rir um pouco.

— Voltarei amanhã — Diego concorda. Abraço meu irmão uma última vez e saio do quarto ainda me sentindo angustiada.

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