Cap 3

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Yas

"Tudo que ouviamos era o silêncio e a respiração forte do culpado. A tensão no ambiente, os olhares e os sussurros do júri.
Quem dera eu pudesse estar em casa agora, com qualquer tipo de programa tosco na tv e jogando um jogo de luta aleatório no celular. Talvez eu estivesse, caso Lilian não tivesse feito um furdunço nesse julgamento.

-Ouviu?Por sua culpa, não voltaremos tão cedo pra casa- Digo, obviamente brava por não poder ir para casa no próximo minuto.-Deveria ficar no júri, ou defender pessoas que realmente mereçam.- sussurro para Lilian, como forma de provocação.

-Não me estresse aqui, tenho que manter a postura- ela começou, claramente já irritada.- E nós duas sabemos que você estaria deitada coçando o rabo!- ela disse um pouco mais alto.

-Parem de discutir, não vê que estamos encrencados? Você está defendendo claramente um criminoso, e eu sei porquê eu examinei corpo e arma. Agora prestem atenção no que o Daniel está falando, eu tenho certeza que ele vai confessar.- Luiza comentou, quase jogou na cara de Lilian.

Daniel estava fazendo testes no acusado, tentando fazer o falar. O psicólogo estudou muito para que pudesse saber se uma pessoa mente ou, se está calma ou nervosa, cada sinal em seu corpo ou respirar. Todos aqui sabem que Ponte é culpado, que é assassino e psicopata. Estamos apenas perdendo tempo nesse lugar quente.

-Eu sei que ele é culpado, mas eu estou sendo paga para o defender, não tenho culpa!Ele é criminoso, não eu!-Lilian tenta amenizar o estresse entre nós.

-Sabemos que você é paga e que não tem culpa, mas você poderia para de defender o diabo.-Luiza diz em tom de piada.

Foram horas nesse julgamento, Daniel o fez falar, mas obviamente foi sob pressão. Psicopatas gostam de levar crédito por serem inteligentes, Ponte é assim. Daniel o fez parecer burro e sortudo, então foi fácil fazer ele falar. Quando saímos, fomos jantar em um restaurante e fizemos Liliam pagar. Era o mínimo que ela poderia fazer.

-Espero que ele não venha atrás de ti, caso ele saía de lá um dia.-começo a falar, enquanto dirigia em direção ao nosso condomínio.

-Eu também-Ela diz, nos olhamos e começamos a rir- Sinceramente, vou aceitar mais casos de pessoas realmente inocentes. Defender criminosos é muito difícil.

-Pelo menos você já recebeu os 13mil.

-Sim, agora vamos poder mudar para o outro apartamento maior."

Enfim, eu só lembro de tudo isso. Não faço ideia de onde o Ponte possa estar agora, mas espero que eu esteja segura agora e os outros também. Eu acordei e vim para o lado de fora do quarto do bunker.

Ouço um barulho estranho e me viro para trás.

-Ai, que susto!- Quase grito com Luiza.

-Tá muito assustada, ta devendo?-Ela diz em tom de piada.

-Não, sua idiota. Estou sendo ameaçada de morte por um traficante psicopata!-Digo descendo as escadas do bunker.

-Verdade, mas o que ta fazendo lá?Lilian ta roncando alto?-ela diz me seguindo.

-Nossa, sim!Eu quase não consegui dormir antes. Na nossa casa, dormimos em quartos diferentes por isso. Não aguento mais.

O silêncio reinou por um tempo...Mas não era muito interessante, já que não tinha uma vista, ainda mais por estarmos debaixo da terra.

-Lembra de quando eramos detetives juntas?-Ela começa.

-Sim, era bem legal. Você sempre foi muito boa em examinar e analisar as coisas.- eu dei uma risada.- Sempre tive inveja disso em você.

-Vou te dar uma folga, mas só por você se míope.

-Mas você também é, do que você tá falando?- Demos risada.

-Só que eu uso lentes de contato, sua cega do caralho.

-Você é ridícula! Já me arrependi de ficar aqui com você.- Me levanto e vou para onde deveria ser uma cozinha.

-Vem aqui, sua cuzona!- ela grita.

-shiu! Vai acordar a Lilian.

-É até bom, assim ela para de roncar.- Luiza brinca.

Deveríamos ter saído juntos antes de sermos ameaçados de morte.

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