Cap 8 Pt.2

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Yas

Sabe quando o mundo para?As coisas ficam em câmera lenta?

Já se envolveu em algum acidente? Já esteve perto quando algo desse tipo aconteceu? Seu coração erra as batidas, seu corpo fica paralisado, seu olhos ficam desfocados, suas mãos tremem, sua cabeça fica a mil. A respiração fica dificultada, você nem pensa em respirar.

Quando eu virei aquele volante e junto com ele, o carro virou, eu não imaginava que o carro iria capotar, eu não imaginava que ia fazer esse estrago. Eu disse tantas vezes que não queria colocar pessoas despreparadas em perigo, que não queria colocar meus amigos em perigo...Eu acabei de capotar um carro com meus melhores amigos dentro..

-Yasmin, responde!-senti meu corpo ser balançado.- Responde, acorda!Yasmin!- vi o vulto da pessoa que me balançava ser puxado para longe.

-Ei?Ta me ouvido?Se estiver me ouvido, pisque duas vezes- a pessoa colocou uma luz na minha cara e, com muita dificuldade, pisquei duas vezes.-Ok, agora tenta falar seu nome...

-Da... Daniel- foi a única coisa que lembrei.-Cadê? Cadê ele?O Daniel ta vivo?Ele ta bem?Me fala que ele ta bem!

-Yas, se acalma!-Luiza veio até mim e me sacudiu- Olha pra mim, olha pra mim!

-Eu matei...Eu matei ele, Luiza...Eu matei ele

-Você não matou ninguém, isso não é culpa sua! Isso não é culpa de nenhum de nós.-Ela disse e me abraçou, mas eu só conseguia chorar...

-Com licença, os acompanhantes de Daniel Diaz?-uma enfermeira entrou no quarto que eu estava, perguntando sobre nós.

-Estamos aqui- Lilian respondeu, com um saco de gelo em sua cabeça.- Ele vai ficar bem?

-Bem, ele foi arremessado a 10 metros de distância do carro e quebrou costelas, mas por sorte ele caiu em cima de uma banca e não bateu direto contra a parede ou o chão, que fez com que ele não quebrasse as perna, ou tudo...-Ela disse baixo a última parte.-Enfim, ele vai acordar em alguns minutos e então poderão ver ele.

-Que bom...-Luiza e Lilian suspiraram aliviadas.

-E você, Yasmin certo?-Ela apontou pra mim e eu fiz que sim com a cabeça.- Seu capitão está aqui, ele disse que quer falar com vocês..

Logo que ela disse, o capitão passou pela porta, mas infelizmente não pude ler suas expressões...Ele não fez nenhuma.

-Detetive Oliver, como se sente?-Ele veio até mim.

-Minha cabeça dói, meu coração parece uma escola de samba, meu corpo esta doendo e acho que quase morri queimada...-eu disse, olhando em seus olhos.- Acima de tudo, estou me sentindo culpada.

-Me desculpa detetive, deveria ter dado suporte-Ele começou a dizer.

-Sim, deveria. Deveria ter nos mandado para L.A, onde ficaríamos escondidos e o mais importante: seguros!- eu disse, me levantando com dificuldade e com ajuda de Luiza.- Mas no meio disso tudo, tivemos que nos esconder em um bunker de quinta categoria, sem ofensas Luiza. Usar armas cheias velhas, andar pelo esgoto, roubar um carro, fugir, sem ajuda, de capachos de um traficante extremamente perigoso...

-Sim, entendo, mas estavamos resolven-

-Eu não terminei.-Disse, praticamente gritando.-Eu capotei um carro, eu tive medo de morrer. Quase matei meus amigos, e a Luiza ta certa, nenhum de nós temos culpa! Somos vítimas! Mas sabe quem eu deveria culpar? Exatamente, você!

-Detetive...

-Pode me despedir, não vai fazer diferença se eu morrer por falta de ajuda sua! Você é o capitão, você deveria ter me dado suporte. Deveria ter me ajudado a colocar meus amigos ameaçados, em segurança. Mas você sabe o que fez. Disse que estavamos por conta própria, que deveríamos nos esconder...Mas sabe o que você deveria fazer? Mandar seguranças, carros vigias, nos mandar para proteção de testemunhas.

-Yas, eu acho que já está bom-Luiza disse, segurando meu braço.

-Não está! O Daniel tá em uma cama de hospital, sedado, com o corpo todo fudido e alguém tem que fazer alguma coisa. Eu não consigo respirar aqui, eu tenho medo de que eles apareçam no quarto dele e o mate de uma vez...-Eu dizia, com lágrimas no olhos.

-Enviamos seguranças para vigiar o bunker, não sabiamos que eles iriam nos trair...Deixei meus homens atrás dele, mas não foi suficiente.-Andrew começou a dizer- Bem, não vou ficar aqui discutindo, tem seguranças na porta do quarto do Daniel.

(...)

-Não olhe assim para ele...-Luiza disse.- Sabe que não é culpa sua?Estava tão assustada quanto nós, ou seja, de qualquer maneira, não é culpa sua.

-Lembra que você sempre dizia que as coisas acontecem por terem que acontecer?-Lilian passou seu braço em volta de mim, fazendo um carinho ali.

-Você não matou ninguém, não feriu ninguém... Só o carro do moço do supermercado.-Luiza riu.-Fora isso, você não faz nada e não tem culpa. Protegeu a gente.

Elas diziam palavras reconfortantes, mas eu olhava para a cama e Daniel estava ligado a máquinas e tubos e soro...E seu rosto machucado...Sujo de sangue.

-Eu não tenho como pagar por aquele carro se Andrew me despedir. -Disse e elas riram- mas não gosto de vê-lo assim.

-Não está me vendo, está sem óculos.-Daniel abriu os olhos lentamente e disse.- Provavelmente também está sem lentes.

Não pude conter as lágrimas enquanto o via se sentar lentamente.

-Idiota, você sabe que eu não uso lentes.-Disse e pego em sua mão- Tive medo de que não fosse acordar.

-Vira essa boca pra' lá!-Ele disse rindo.

Eu o olhei por alguns segundos e tive uma ideia.

-Você estava certo...-Eu disse um pouco séria.

-Sobre o que?-Luiza perguntou.

-Sobre atacarmos primeiro...-Eu disse um pouco baixo.

-Você ficou maluca?Bateu a cabeça muito forte?-Luiza disse alterada.

-Quando o carro ficou capotado, todo o sangue desceu para o seu cérebro?-Lilian disse.

-Gente!-Daniel disse um pouco alto e gemeu de dor logo em seguida- Deixa ela falar.

-Eu não sei qual o problema de vocês!Eu não consigo entender o motivo de sempre esquecerem que foram 9 meses treinando para isso!Eu sou treinada, fui militar, policial militar e eu não sou detetive para ficar sentada na cadeira coçando a minha bunda, acordem!-Eu disse.

-Mas você disse que não iria nos colocar em situações de perigo, principalmente por não termos preparo. Bem, a Lilian e o Daniel não tem- Luiza disse.

-Eu nunca disse que eles dois iriam...Ou disse?-Dei um sorriso sarcástico.

Vamos ver até onde estou disposta á ir.

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