Capitulo 3 (POV: SIRIUS)

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Realmente não sei o que sentir. E não importa, porque não vou pensar sobre isso. É melhor não saber do que saber e não poder ter o que quero.

Então ignoro tudo o que aconteceu e sigo minha vida.

James me puxa pra um canto, depois do nosso treino de quadribol. Quase parece que ele vai me dar uma broca.

-Ei, o que você fez com o Moony?

Olho pra ele sem entender.

-Como assim "O que eu fiz"? Por que você acha que fui eu?

-Você é o único que deixa ele assim. Tadinho, cara. Não judia.

-Bem, talvez seja ele quem me magoou, não pensou nisso?

James levanta as sobrancelhas e sorri.

-Incomum - comenta.

-Ele só sabe beijar garotas e ser irritante.

-Mesmo assim ele expulsa garotas do colo dele pra te fazer companhia - James argumenta.

Eu rio.

-De onde você tirou essa?

-De ontem.

Pera, o que tá rolando aqui?

-Como assim "de ontem"?

-Tinha uma garota agarrando ele, e ele deixou ela só pra bater papo com você.

Silêncio.

-Foi... foi depois?

-An?

-Ele beijou ela antes de vir falar comigo?

-É - James diz, desentendido.

Ah. Então foi antes.

Ok, não que isso melhore muito o meu humor.

  Mas, pelo que parece, ele só estava agindo como sempre, como faz em todas as festas, e me disse algo que não diria normalmente. É o que a bebida faz, né?

  Será que ele se lembra?

  Passeio um pouco pelo campo depois do jogo, pensativo. Tenho umas mil tarefas pra fazer até amanhã. Mas eu realmente não quero me preocupar com isso agora.

  James já foi embora e Peter o seguiu como um cão leal.

  O campo está vazio, mas ainda vejo Remus me observando das arquibancadas. Eu o ignoro e continuo andando.

-Sirius! - ele me chama.

  Mas estou muito longe e eu poderia muito bem não ter ouvido. Então, continuo andando.

-Ei, Black!

  Continuo ignorando-o, mas essa estratégia não dura por muito tempo, pois de repente um monte de água cai encima de mim, como se alguém tivesse ligado uma mangueira em mim.

  Me viro na sua direção, bravo.

-Ei! - grito aí ver sua varinha apontada pra mim.

  Remus jogou com feitiço de água em mim e sorria satisfeito.

-Seu-

  Não termino o que tenho pra dizer, pois subo na minha vassoura e voo rápido até ele.

  Seus olhos se arregalam e ele tropeça, caindo de bunda em uma das cadeiras da arquibancada.

  Saco minha varinha, guardada atravessando meu cinto do uniforme e lanço um feitiço de água nele, deixando-o molhado por inteiro.

  Um longo segundo depois, ele levanta os olhos com irritação, me desafiando.

-Vai encarar? - digo, meio que brincando e meio que falando sério.

-Quero só ver você conseguir me peitar - ele responde, desafiador.

  Lanço outro feitiço de água nele, me esquivando voando com a vassoura quando ele lançava em mim.

  Ele se protege, usando as cadeiras de escudo, mas nada impediu que nós dois saíssemos molhados.

-Ok, Ok! Trégua! - ele grita, se sentando em um dos bandos da arquibancada.

  Guardo minha varinha e desço da vassoura, ficando de pé em um banco na frente dele. Ele sentado, tentando torcer as mangas da roupa.

-Pensei que estivesse de mal comigo - questiono-o, o olhando de cima.

-Tive dó de você e voltei. Eu sou alguém muito especial pra se perder - ele se gaba, levantando a cabeça pra me encarar.

-Acho que é mentira. Acho que você é que não aguenta ficar longe de mim, e fica arranjando desculpas pra fazermos as pazes de novo.

  Remus levanta uma sobrancelha.

-Você acha, é?

  Sorrio astuto, me jogando pra frente e me ajoelhando no estilo - pedido de casamento -, com um pé entre suas cochas e o de trás no banco no qual eu estava de pé segundos atrás.

  Aproximo nossos rostos, ainda segurando minha vassoura, apoiando-a no chão.

-Tenho certeza - afirmo, próximo ao seu rosto.

  Posso jurar que Remus cora e hesita antes de dizer:

-Pois eu acho - ele estica as duas mãos e as leva ao meu cabelo. Por um segundo achei que ele fosse me beij- abraçar. Ele penteia o meu cabelo molhado pra trás, carinhosamente - Que você adora me ver implorar pra voltar pra você - ele amarra o meu cabelo num rabo de cavalo e se afasta, relaxando na cadeira, satisfeito.

  E Merlin. Ele está tão certo.

  Um pingo de água escorre do seu cabelo castanho claro para o seu rosto. Eu observo aquela gota passear pelo seu rosto até cair no pescoço.

  Tenho certeza que ele consegue ver o quão envergonhado fiquei por um estante. Mas tento me recompor.

  Começo a me levantar devagar, recuando. Mas Remus me segura pega gravata e me puxa de volta.

  Nosso lábios quase se tocam.

-Que foi, Pads? Parece que cão que ladra, não morde, não é?

  Isso me irrita e me deixa ansioso ao mesmo tempo.

  Mas preciso recuar, tenho medo que ele escute o meu coração batendo acelerado.

  Desliso minha mão pelo seu maxilar.

-Diga isso novamente e eu te mordo mesmo - digo em uma ameaça.

  Ele ri.

-Nossa, vou tomar cuidado então! - ele brinca.

  Eu me afasto e ele tira a camisa.

  Por Merlin, que visão divina.

  Seu abdômen é completamente bem definido.

  Não de maneira musculosa. Mas com certeza de maneira atraente. Remus tem traços bem marcados, apesar de ser magro. Tanto no abdômen, quanto no maxilar e as clavículas. É algo que eu sempre reparei nele.

  Ele torce a camisa, tirando o máximo de água do tecido que pode.

  Reviro meus olhos e lanço um feitiço pra secar suas roupas.

-Ah - ele diz.

-Faltou QI, hein? Pensei que você fosse o inteligente do grupo.

  Ele ri.

  Eu sei que ele é inteligente. Ainda estou na dúvida se ele tirou a camisa só pra se amostrar pra mim.

  Seco minhas roupas e voltamos pro dormitório.

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