Elisabeth Habsburgo, arquiduquesa da Áustria e filha do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, tem apenas dezoito anos de idade quando é enviada à corte francesa para se casar com o rei da França, Charles Valois, considerados por muitos um sob...
Tem uma chama surgindo no meu coração Está tomando conta de mim e me tirando da escuridão Finalmente, eu posso te ver claramente Vá em frente e revele meus defeitos, e eu vou expor todas as suas mentiras. Rolling In The Deep | Adele
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Fui criada e moldada para ser rainha. Em todos os sentidos e formas existentes; minha infância inteira foi marcada por aula de boas maneiras, o aprendizado de diversas línguas do continente europeu e outras atividades consideradas femininas, como o manuseando de instrumentos musicais, a arte do canto e da dança e principalmente, formas e maneiras de portar-se como uma verdadeira soberana. Todas essas aulas foram administradas e planejadas por minha mãe, a imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico, e não houve um só dia desde meus tempos de criança em que não ouvisse uma ordem ou sermão vindo dela.
Apesar da educação proporcionada a mim ter sido unicamente direcionada a fim de ser uma rainha consorte, ou seja, para prestar o papel de liderança diante da corte e produzir herdeiros ao trono, meu pai não poupou esforços para que eu fosse devidamente instruída dos mais diversos assuntos no que tange política e diplomacia, um fator extremamente inadequado para os ensinamentos de uma princesa. Professores foram contratos e tutores católicos requisitados, mesmo com a repulsa de minha mãe, e desde então meus conhecimentos sobre questões de Estado são maiores do que a maioria das damas.
Anna, minha irmã mais velha e atual rainha consorte da Espanha, também teve o mesmo aprendizado, porém pouco se interessou pelas aulas de política, assim como sempre repudiou manusear uma espada ou realizar combate corpo a corpo. Somos opostas em absolutamente tudo, mas de alguma forma ainda desconhecida, sempre nos entendemos muito bem.
E graças aos meus entendimentos sobre diplomacia, me vejo saindo-me muito bem com os diversos membros da corte francesa e parlamentares, que definitivamente esperam uma futura rainha jovem e indefesa. Talvez se eu perpetuar esta imagem de tola apaixonada por seu noivo, informações possam ser acidentalmente vazadas e por consequência me permitam saber mais sobre as deficiências da França, e assim usar o meu poder como filha do imperador romano para manter a garantia do meu acordo com Charles.
Preciso ter tudo friamente calculado em minhas mãos para que não haja erros.
Com a lembrança do acordo, memórias passadas me atingem enquanto sou vestida por Magda e Sophie. Minha perna arde como um aviso, agora devidamente enfaixada e cuidada de maneira que evite uma possível infecção. Ainda consigo sentir o hálito quente de vinho em meu rosto, o modo em que suas mãos frias pressionaram meu pulso em um ato de desespero. Os olhos verdes me analisando como se tentasse entender uma equação. As palavras ditas como um sussurro há muito tempo esquecido pela terra. Minhas bochechas coram com a memória.
Tu es magnifique. Me diga seu maldito nome.
Fecho os olhos e respiro fundo. Afasto esses pensamentos. Quando eu ditar os termos do acordo a ele e estabelecer que terá apenas um ano para solucionar as intrigas religiosas na França com o meu exuberante dote, nenhuma dessas lembranças irão importar. Palavra alguma terá relevância quando eu partir para Áustria, principalmente aquelas ditas por um tolo bêbado. Tenho que focar em meu único objetivo, ou seja, ir embora daqui o mais rápido possível.
