Capítulo 7

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F R A N Ç A, 1 5 7 0.

Sua alma está me assombrando e me dizendo
Que está tudo bem
Mas eu queria estar morta (morta, como você)
Toda vez que fecho os meus olhos
É como um paraíso sombrio.
Dark Paradise | Lana Del Rey

Estou sendo sufocada por mãos invisíveis, sendo assassinada por um peso asfixiante que incapacita-me de falar e esgota os ar de meus pulmões, obrigando-me a lutar por minha vida, a tentar transferir qualquer golpe ainda fresco em minha memória que...

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Estou sendo sufocada por mãos invisíveis, sendo assassinada por um peso asfixiante que incapacita-me de falar e esgota os ar de meus pulmões, obrigando-me a lutar por minha vida, a tentar transferir qualquer golpe ainda fresco em minha memória que acabe com este tormento, com a sensação gélida da morte pairando sobre minha alma. Sinto as marcas rochas formarem-se em minha pele, o ferimento que ficará evidente em meu pescoço, e provavelmente em cada ação que realizarei. É um sentimento desesperador, apavorante e estou quase desmaiando — ou provavelmente morrendo — quando acordo subitamente, um trovão estrondoso cortando os céus.

    Uma tempestade ocorre do lado de fora, a chuva molhando o vidro das janelas e fazendo sombras com as luzes das velas, e demoro certo tempo para lembrar que estou na França, em meus aposentos temporários e prestes a me casar. Respiro fundo.

Foi apenas um sonho, digo para mim mesma, meu coração acelerado no peito enquanto tento acalmar minha respiração, prestes a ter um colapso nervoso. Suor escorre de minha testa e meu corpo está quente, tão quente que a camisola de linho branco gruda na pele, e tenho que amarrar o cabelo no topo da cabeça para que a onda de calor passe. Ainda assim sinto o quarto congelar.

    Minhas palmas tremem violentamente enquanto afasto as cobertas para longe, pronta para tentar caminhar até o lavabo e jogar água gelada em meu rosto, mas minhas pernas vacilam. Me odeio por isso.

— Respire. — falo com a voz entrecortada, minha mão apertando os lençóis como se a dor latejante fosse passar com um passe de mágica. — Concentre-se na maldita respiração, Elisabeth.

    Respiro fundo três vezes, meu peito subindo e descendo rapidamente no momento em que piso os pés no chão gélido, me causando arrepios desde a espinha até às orelhas. Meus pulmões queimam enquanto grito comigo mesma para recuperar o ar, desesperada por qualquer via de oxigênio que adentre minhas narinas, sedenta por alguém que me ajude a pôr um fim neste tormento.

    Minha mente é uma bagunça entre sonhos e pensamentos antes esquecidos, uma avalanche de sentimentos que me atingem como uma onda de mares perigosos, e me sinto sufocada à medida que essas lembranças assombram os cantos mais obscuros de minha cabeça, obrigando-me a recuar, me forçando a reviver esses momentos tão dolorosos.

Tento soltar o ar, mas não há nada.

    Com uma força que ao menos sabia que tinha, caminho em passos rápidos e completamente desajeitados até a janela do quarto, derrubando alguns objetos no caminho, e com um movimento ligeiro pela memória muscular, giro a maçaneta e tiro a tranca, deixando a brisa noturna adentrar o aposento como um meio de refúgio para as coisas sombrias que gritam em meu coração. A tempestade encharca meus cabelos quando o ar finalmente volta para o corpo, meu peito tornando-se uma maré calma em uma manhã ensolarada, e agradeço aos céus por algo pior não ter acontecido.

CHARLES IX: The Malevolent King Onde histórias criam vida. Descubra agora