Capítulo 9

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F R A N Ç A,  1 5 7 0.

Escolha as suas últimas palavras, esta é a última vez
Porque você e eu
Nós nascemos para morrer.
Born To Die | Lana Del Rey

Observo a multidão de nobres enquanto aperto o cálice dourado com força entre meus dedos, o farfalhar de vestidos e conversas animadas capturando a atenção de meus ouvidos enquanto divago para outro lugar mais silencioso dentro de meus pensamentos...

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Observo a multidão de nobres enquanto aperto o cálice dourado com força entre meus dedos, o farfalhar de vestidos e conversas animadas capturando a atenção de meus ouvidos enquanto divago para outro lugar mais silencioso dentro de meus pensamentos, tentando passar despercebida em meio à tanta atenção sendo distribuída a mim. Bebo um gole do líquido escuro na falha tentativa de afastar o nervosismo, porém me arrependo no mesmo instante ao sentir a familiar ardência em minha garganta, queimando minha boca. Faço uma nota mental para nunca mais encostar meus lábios em vinho outra vez.

Corpos movendo-se para todos os lados adentram meu campo de visão, como também o grupo musical que promove o som animado de alaúdes e flautas nas extremidades do cômodo e a mesa farta de alimentos no centro do salão sendo devorada pelos nobres, e quase não consigo respirar ao me deparar com a quantidade de olhares que recebo durante o dia todo, bem como as bajulações incessantes vindas de membros da corte, e tento de todas as maneiras não parecer tão nervosa, afinal, sou a rainha da França. Ninguém pode me quebrar.

Contemplo todos os presentes dos quais já fui apresentada enquanto brinco com o anel de ouro cravado em esmeraldas em meu dedo anelar esquerdo, as lembranças de algumas noites me levando até o momento que não sou capaz de esquecer, e não consigo evitar a sensação de satisfação que assola meu ser. Tudo está saindo conforme o planejado, e não poderia estar mais satisfeita com isso.

Após as formalidades que exigem a cerimônia de matrimônio e uma grandiosa festa oferecida em comemoração à aliança franco-austríaca ter sido finalmente celada após tantas negociações e barganhas com o meu casamento, não demorou muito para que toda a corte francesa — incluindo os nobres alemães enviados pelo meu pai e os soldados do exército austríaco — partisse rumo à residência oficial de Charles e sua família em Paris, após a confirmação de nenhuma tempestade para atrapalhar o trajeto.

Por sorte, não utilizei a mesma carruagem que Charles durante a viagem de doze horas até a capital, visto que os protocolos franceses ditam não ser adequado os soberanos em questão viajarem no mesmo veículo, pois acidentes podem acontecer e eventualmente ambos morrerem, e me senti extremamente agradecida por aproveitar meus últimos momento na companhia de Magda e Sophie, contente por desfrutar da presença de ambas. E desde o baile no qual oferecemos sorrisos falsos e olhares apaixonados um ao outro a fim de sustentar nossa pequena farsa, não tive sinal algum de Charles, já que o rei da França fez questão de sumir antes que fosse incomodado por alguma ordem banal de sua mãe, provavelmente para beber até cair, como de costume.

CHARLES IX: The Malevolent King Onde histórias criam vida. Descubra agora