Capítulo 4

15.3K 1.3K 1.1K
                                    

F R A N Ç A, 1 5 7 0.

Estou apaixonado por um conto de fadas
Mesmo que isso machuque
Porque não me importo se ficar louco
Já estou amaldiçoado.
Fairytale | Alexander Rybak

Ninguém pareceu notar quando com passos leves e quase imperceptíveis, despistei a guarda real selecionada por Saymon, atravessei o corredor, desci as escadas, roubei a capa de um soldado e saí pela porta da cozinha, onde os cozinheiros e ajudantes...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ninguém pareceu notar quando com passos leves e quase imperceptíveis, despistei a guarda real selecionada por Saymon, atravessei o corredor, desci as escadas, roubei a capa de um soldado e saí pela porta da cozinha, onde os cozinheiros e ajudantes preparavam um esplêndido banquete, provavelmente sabendo que o rei logo chegaria.

Eu conseguia sentir o cheiro de carne de cervo assada, batatas cozidas, pão de gengibre e mel e uma ave que acabava de sair do forno assim que passei pela pequena porta de madeira, e não contive o ronco de meu estômago em resposta. Como não comeria nada pelas próximas horas, peguei uma maçã, um pedaço grande de pão e uma fatia de queijo para comer caso a cavalgada durasse mais tempo do que o esperado, e ninguém percebeu a falta desses alimentos quando deixei o cômodo da forma mais silenciosa possível.

    Já do lado de fora, um aroma forte de terra molhada adentra minhas narinas, e não contento um suspiro de satisfação.

    Como Magda havia requisitado mais cedo, os guardas já haviam deixado minha montaria pronta, e não hesitei quando caminhei até o garanhão de pelos negros. Estava selado da maneira que sempre pedia nos estábulos dos castelos da Áustria, e imagino que Magda tenha feito o possível para que se assemelhasse às minhas cavalgadas nos campos germânicos. Faço uma nota mental para agradecê-la depois.

    Caso não volte cedo, deixei um pergaminho para Sophie e Magda pedindo encarecidamente que arrumassem uma ótima justificativa para eu não estar presente cumprindo meus deveres reais. Não sei o que Saymon faria se descobrisse que tomei a liberdade de me guiar sozinha pelo bosque ao lado da residência, e espero que ele não desconfie de meu sumiço. Se ele descobrir, será o meu fim.

    Faço carinho nos pelos do garanhão que fecha os olhos como em agradecimento. Quando estou prestes a montá-lo, ouço o barulho de folhas sendo esmagadas e imediatamente olho para trás.

— Quem é você? — diz um guarda apontando uma besta para mim.

    Sua pele é morena, seus cabelos são crespos, e usa vestes de guerreiro. Bem no centro de sua armadura consigo visualizar o brasão da família Valois, e não parece ter mais do que vinte e cinco anos. Tiro o capuz quando ele ameaça atirar uma flecha. Sou rosto fica pálido. Não faço ideia de como me reconheceu sem o véu.

— Sou a princesa Elisabeth da Áustria e futura rainha desde país — digo em alto e bom tom olhando-o de cima a baixo, por mais que a palavra rainha me deixe um tanto desconfortável. — Eu que deveria fazer esta pergunta.

CHARLES IX: The Malevolent King Onde histórias criam vida. Descubra agora