Capítulo 11

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F R A N Ç A,  1 5 7 0.

Pegue minha mão, estou me afogando
Eu sinto meu coração batendo
Por que você não me encontrou ainda?
Eu te abraço com tanto orgulho
Traumas, eles me cercam
Eu queria que você me amasse de volta.
Trauma | NF

Eu sabia que estava destinada a coisas grandiosas

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Eu sabia que estava destinada a coisas grandiosas. Desde o meu primeiro suspiro de vida, quando me tornei a quinta criança e a segunda menina do casamento entre uma infanta espanhola e um arquiduque austríaco, cuja a relação ao longo dos anos não passou de nada além de cordialidade e respeito pelos deveres cumpridos em favor de alianças políticas, meu destino foi tomado. Eu não era apenas mais uma filha querida para encher os corredores do palácio de inverno com cantoria e risadas, ou talvez mais uma a ser amada. Eu já fazia parte de um jogo dinástico muito mais antigo que o próprio vento.

Mesmo que nunca herdasse o trono imperial da Áustria e todos os outros domínios em nome da Casa Habsburgo, meu casamento deveria ser vantajoso para consolidar os interesses econômicos e religiosos da corte de Viena, e principalmente fazer com que o Império se expandisse além de suas fronteiras já estabelecidas através de guerras de sucessão e disputas de poder, o que significava casar suas princesas com reis europeus e fazer de seus descendentes pertencentes, ainda que indiretamente, da extensa família imperial alemã. E esse era o objetivo da minha mãe quando me casou com o rei da França.

A Áustria não precisa da França para continuar seu glorioso reinado em áreas que representam sua prevalência infinita, mas com as guerras religiosas e a crescente ameaça dos huguenotes em destruir o catolicismo nos territórios franceses, oferecer uma de suas princesas para dar continuidade ao legado de ambas as dinastias se torna uma obrigação, e produzir um herdeiro que simbolize a união entre as duas casas reais, Habsburgo e Valois, também. É mais do que necessário o nascimento de um príncipe herdeiro para assegurar o futuro da Coroa Francesa e principalmente o reinado de Charles, mas com o meu acordo, a Coroa não terá um delfim que nasça do meu ventre para chamar de seu.

E quando tive conhecimento dos limites assustadores que a perversidade humana pode atingir, me amaldiçoei infinitamente por ter confiado em um deles.

Em um dia quente do começo de julho, na data exata do meu aniversário, quando completei dezesseis anos de idade e meu treinamento militar já atingia níveis tão avançados que se cavalgasse para os enlaces de uma guerra provavelmente sobreviveria com um pouco de esforço, meu pai me presenteou com duas espadas gêmeas de aço húngaro, forjadas especialmente para serem minhas, onde duas serpentes rodeavam o cabo que tradicionalmente deveria conter uma cruz, e disse que eu deveria usá-las apenas quando a hora certa chegasse. E quando meus olhos se fecharam, eu tive certeza de que era a hora certa.

CHARLES IX: The Malevolent King Onde histórias criam vida. Descubra agora