Elisabeth Habsburgo, arquiduquesa da Áustria e filha do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, tem apenas dezoito anos de idade quando é enviada à corte francesa para se casar com o rei da França, Charles Valois, considerados por muitos um sob...
Querosene em minhas mãos Você me deixa brava, eu estou pegando fogo de novo Todas as pílulas que você tomou Violeta, azul, verde, vermelho para me manter longe, não funcionam. Cinnamon Girl | Lana Del Rey
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É preciso de alguns segundos para que eu consiga raciocinar o que está acontecendo.
Em um segundo, estou sendo consumida por pensamentos conflitantes que me impedem de tomar qualquer decisão racional o suficiente para me desvencilhar do agarre quase desesperado do meu marido, que exige algo de mim que não posso oferecer, e no outro, quando estava convicta que nada de pior poderia acontecer, esse mesmo marido, Charles Valois, o rei da França, cola seus lábios nos meus.
Como se fizesse isso todos os dias. Como se me beijar fosse a coisa mais habitual de todas.
E mesmo que o ínfimo de razão ainda existente dentro de mim grite comigo para afastá-lo e pedir que nunca mais faça isso novamente, me entrego ao momento. Simplesmente esqueço quem eu sou, e o que devo fazer.
Esqueço-me das cláusulas de nosso acordo, e todas as coisas que prometi a mim mesma que faria para retornar à Áustria. Esqueço dos meus irmãos, do meu pai, dos meus títulos, esqueço-me da multidão de nobres que agora nos observam com feições surpresas e ao mesmo tempo assustadas. As expectativas da corte, minhas obrigações como rainha, a posição que Charles deve manter como soberano de um país à beira de uma guerra.
Esqueço-me do meu nome, pois nada dessas coisas importam, e este momento é a única coisa para qual consigo encher meus pulmões de ar.
O beijo inicia com um leve selar de lábios, minhas mãos indo diretamente de encontro com seu peitoral, onde seguro suas vestes com medo de me desequilibrar, e Charles se afasta o suficiente para observar minha reação, procurando qualquer indício de rejeição em meu rosto. Ele olha em meus olhos, a boca agora vermelha por entrar em contato com a minha, e consigo ver a súplica em seu olhar, mesmo que diga a mim mesma que ele está apenas fazendo isso para enganar a corte como sugeri a semanas atrás.
Consigo sentir a pulsação constante em meus dedos, bem como as lufadas de ar pesadas entrando em contato com a minha pele, me lembrando de que ele está realmente aqui. Suas irises se tornam algo escuro e completamente perigoso, e nunca quis tanto participar desse perigo.
A verdade é que sempre me senti atraída por Charles. E como não poderia? Ele sabe exatamente o poder que tem sobre as pessoas, e não somente por governar cada cabeça em seu território, mas por demonstrar que sabe disso como ninguém, apesar de não exercer seus deveres da maneira como deveria. As vestes sempre tão escuras, os cabelos negros bagunçados com cachos despenteados, os olhos de cores diferentes, a altura, o talento para contrariar e provocar qualquer um são todos os fatores sobre ele que o deixam mais interessante, que me deixam mais em maus lençóis do que já estou.
