— Ah, Senhor Satoru, você chegou!
Foi a primeira coisa a qual ele ouviu, assim que pôs seus pés na requintada entrada da mansão, quase assustando-se pela frase dita em quase tom de desespero, pelo mordomo, por muitas vezes assistente pessoal do seu cunhado, Nanami.
Satoru retraiu-se, sobretudo abatido por uma péssima noite de sono — por ter passado a noite fora, logicamente — em conjunto com uma tontura pelo excesso de álcool, para só então responder, em uma voz áspera: — O que foi, merda?
— Sua senhoria, sua mãe o espera lá dentro e ela não parece contente-
— Ijichi, fale logo de uma vez. Se não, eu vou te bater.
O pobre homem tremeu, temeroso pela promessa vinda dele ser cumprida, e ajustando seus óculos no rosto abatido, ele resolveu ser direto, como lhe foi pedido.
— Ela deseja vê-lo na sala de visitas, não sei o motivo.
Os seus cílios brancos como leite batucaram sobre seus olhos espremidos, sentindo-se irritado antes mesmo de enfrentar o que lhe esperava mais por dentro da casa. Ele não quis incitar mais nenhum detalhe vindo de Ijichi, por esta razão resolveu prosseguir, andando em passos um pouco mais ríspidos e pesados que o normal.
E como esperado, a recepção que o aguardava na dita sala, não foi a mais acolhedora possível, na sua visão.
— O que significa isso? — ele saltou, com rispidez, largando seu casaco sobre uma poltrona qualquer próxima a si.
Utahime engoliu em seco, mesmo que a serenidade no seu rosto fosse a mais impecável possível. Kiyoko, posta ao seu lado, e com ambas as mãos agarradas na cintura, levantou mais um pouco o seu olhar em direção à Satoru, que encontrava-se afastado a apenas alguns centímetros de distância.
Quando o olhar dele encontrou-se com a da babá de seus sobrinhos, a referida quis seriamente sair correndo, ao mesmo tempo em que esperava para receber o mínimo de justiça, por ter passado pelo que passou por causa dele.
— Meu filho, eu acho que você deve um pedido de desculpas à Utahime. — sua mãe redigiu a exigência, por fim juntando suas mãos à frente do corpo.
Ao que parece, ela havia engolido do orgulho de questiona-lo onde teria passado a noite passada, apenas para pôr em limpo o mal entendido que se originou acerca de Utahime. Essa, que apenas escutava tudo calada, ficou instantâneamente enrijecida, dada a face predatória e irritável a qual Satoru apresentava agora, completamente furioso.
Ele teve de relaxar um pouco os ombros tensos, para questionar em desafio: — Isso é uma piada, não é?
— É o mínimo, você me envergonhou, meu filho! Difamou e criou calúnias sobre ela!
— Ah, então não conta a falta de respeito que ela teve por mim em primeiro lugar? — ele não deixou de apontar, indignado, lembrando-se claramente da discussão que teve junto à ela na cozinha. Não tão diferente dele, Utahime apertou os olhos, retraída. — Ok, então, aqui vai seu pedido de desculpas.
Sem ter o tempo devido para pensar em como sua próxima ação soaria infantil e mesquinha, ele, sem restrição alguma, ergueu ambos seus dedos dos meios à frente do seu rosto, certificado a deixar Utahime ter uma certeza noção de que eram uma resposta para ela.
A mulher esbugalhou seus olhos castanhos com fervor, chocada não tão quanto, aterrorizada pela falta de escrúpulos vinda dele.
— SATORU!
Kiyoko gritou, enfurecida, mas a essa altura ele já retirava-se da sala, antes de dar as costas às duas mulheres estáticas.
— Meu Deus, o que eu fiz errado? — a mesma choramingou após a saída dele, cobrindo o rosto com suas mãos trêmulas.
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𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀𝐍 - 𝐆𝐎𝐉𝐎𝐇𝐈𝐌𝐄
FanfictionAno de 1957, mesmo após a tragédia irrefutável da Segunda Guerra, Satoru continuou vagando sem propósito em mente, absorvido pela dor do passado. Após a chegada de Utahime em sua vida, ele viu-se mudando, mesmo que pouco a pouco, graças ao que aquel...