Capítulo 11 (parte 1);

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Utahime não sossegará um minuto sequer após sua última conversa com Satoru. E faziam dois dias desde então.

Ela buscava entender a razão de ele se referir ao próprio pai de maneira tão frívola e indiferente, como se odiasse tê-lo de fazer em primeiro lugar. E também porque parecia haver uma vasta distância entre os dois, causada por um mal que fez Satoru praticamente exigir para ela manter-se longe do chefe da família Gojo.

Utahime se encontrava preocupada, entretanto, ela ainda possuía deveres para cumprir no seu serviço. E ficar bisbilhotando na vida de seus patrões costumava soar como uma atividade corriqueira de se fazer, mesmo que ela não quisesse.

Ao passo em que descia a escada principal, ela lembrou de Satoru chamá-la de evasiva no último encontro dos dois na biblioteca. Um pouco desgostosa, ela pensou que talvez ele tivesse uma mínima razão.

Não dizia respeito a ela o que aconteceu entre a família dele. E se alguma vez ele estivesse pronto para falar sobre, ela ouviria atentamente suas palavras.

Fora quando ela ouviu um falatório vindo da dita biblioteca afogada em seus pensamentos anteriormente. Utahime conseguiu distinguir as vozes de Momo e Toge em um aglomerado confuso, mas ficou ainda mais surpresa ao também ouvir Satoru soar entre as pausas feitas pelos dois.

— Isaac Newton inventou o conceito de gravidade e a lei de gravitação no ano de 1687…

— Ele deve ser muito velho

— Ele já faleceu, sua tonta

— Tio, o que é "conceito"?

— Como eu vou conseguir terminar de ler o texto, se vocês me interrompem a cada dez segundos?

Parada próxima a um pilar entre o corredor e a porta da biblioteca aberta, Utahime espiou o que acontecia ao lado de dentro do cômodo. Com única visão frontal, uma pequena parte dos corpos de Toge e Momo, juntamente sentados de pernas cruzadas no tapete, enquanto Satoru permanecia em uma poltrona, presumiu ela.

Sim, talvez ela fosse mesmo evasiva. Mas não ao ponto de atrapalhar um tempo de lazer entre um tio tão dedicado pelos seus sobrinhos. Nisso, Utahime sorriu para si mesma.

Você os ama tanto, Satoru, eu sei que sim.

Ela pensou que faria de tudo para proteger aquilo que estava vendo com seus próprios olhos. Mesmo que isso significasse… ignorar o pedido dele e se ter com o Senhor Gojo sobre o que ela possuía tanta curiosidade em descobrir.

[...]

Naquela noite, ela desceu um pouco mais cedo para o jardim. E isto podia ser visto pela claridade do local, mesmo que ainda soasse tenebroso olhar para um céu tão escuro e inóspito.

Durante minutos, Utahime permaneceu sozinha, sentada na grama e encolhida a fim de proteger-se do frio. Desta vez, ela fez questão de prender seus cabelos para não os deixar soar ao vento.

Após um tempo, ela ouviu o cumprimento conhecido: — Boa noite, senhorita.

— Boa noite, senhor.

Levantando-se lentamente, ela o cumprimentou de volta. E o velho senhor proferiu uma pequena e quase invisível menção de sorriso.

— Há algo que eu gostaria de perguntar. — direta, Utahime disparou.

O silêncio que permaneceu entre os dois soou como uma confirmação para ela, que se preparou, respirando fundo e reformulando a pergunta.

— Não quero me intrometer em assuntos familiares, não faz parte do meu caráter moral, mas… eu percebi que há uma certa distância emocional entre o Satoru e o senhor.

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀𝐍 - 𝐆𝐎𝐉𝐎𝐇𝐈𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora