Capítulo 12;

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Enquanto seus olhos azuis abriam-se, vaga e solene sensação de estar acabando de acordar de um sono profundo, propenso a separar o ser humano do coletivo de consciência dos movimentos ao redor com a escuridão inalcançável, fez Satoru ficar desordenado por uns segundos, mais que incapaz de processar a situação em que se viu dentro.

Outra pessoa, movimentando-se sobre seu campo de visão, fundia-se no borrão causado pelo seu notório cansaço, e ele só pôde descobrir que se tratava de Utahime quando sua vista por inteira foi restaurada.

Imóvel, ele quis mexer a mão e pouco conseguiu, mas, foi o bastante para movê-la e com sucesso agarrar seus dedos na barra do vestido que ela trajava. Utahime se assustou pelo toque alheio, mas tendo-se com a expressão desolada dele ao olhar por cima do ombro e encará-lo.

— Onde eu estou? — sem arrodeios, ele perguntou, frágil.

Seu corpo soava incrivelmente mais pesado e enfermo para levantar da cama por vontade própria.

— Em um quarto que o seu amigo cedeu. — ela explicou, desviando-se dele para sentar-se no colchão, bastante preocupada. Mas antes de conseguir dizer algo à mais sobre o que havia colocado ali, ela interveio assim que o viu tentar apoiar seus cotovelos na cama: — E não se mova!

— Miguel, seu desgraçado… — em um escape para culpar alguém, Satoru resmungou em devaneio.

Então Utahime relembrou do real motivo de os dois estarem naquele local, em um quarto isolado aos fundos de um bar pouco movimentado e envelhecido.

— Me ajude a levá-lo, senhorita.

Ela não se viu segura sobre, por isso, tentou afastar-se agarrada no homem machucado ao seu lado, protetiva. Satoru notou a pose defensiva de Utahime quanto à deixar o homem desconhecido, não para ele, ajudá-los, por isso, repeliu a atitude dela, afirmando para acalmá-la: — Está tudo bem… ele é de confiança.

Bem, Utahime teve certeza que sozinha, seria incapaz de fazer algo há altura para reverter o problema em que haviam se metido. Além de que, ela sentia-se culpada por tudo ter acabado daquela maneira, quando nunca fora sua intenção ao iniciar a perseguição de mais cedo.

Não a surpreenderia se Satoru mandasse-a embora de uma vez por todas de sua vida. Aquilo o havia prejudicado demais. Temerosa, ela buscou esquecer seu mártir por um segundo, para se ter com ele.

— Sente dor em mais algum local? — ele negou com a cabeça, mesmo em um balançar leve. — Sente-se febril?

— Um pouco.

— O tiro passou de raspão, mas vai ser preciso costurar. — ela explicou, tratada a tirar as gases antes postas por si no ferimento aberto no ombro dele, onde o sangue já esvaziava constantemente. Uma possível infeção deveria ser a causa da febre. — Você pode sentar-se um pouco? Prometo que serei rápida.

Por tais razões que poderiam derivar da febre e delírio sentido, deixaram Satoru emotivo. Intrigando como ela ainda conseguia tratá-lo daquela forma, apesar de todos os contratempos vividos juntos.

— Por que está fazendo isso? Você não precisa sentir pena de mim. — ele perguntou, ansioso.

— Você está perdendo sangue, vamos. — sem dar ouvidos ao comentário dele, ela novamente pediu, incitando-o levantar-se um pouco.

Com bastante trabalho, da parte dela, a qual teve de ajudá-lo se manter parado e firme o suficiente para o que viria, ele sentou com as pernas para fora da cama, apoiado com os antebraços flexionados sobre os joelhos e cabisbaixo, cansado demais para fazer um movimento à mais. Enquanto isso, Utahime arrumava e esterilizava a agulha que usaria para costurar o corte, temerosa quanto à questão se ele aguentaria o procedimento, por isso, explicou-se: — Não tenho anestesia, então…

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀𝐍 - 𝐆𝐎𝐉𝐎𝐇𝐈𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora