— Se lembra dos passos corretamente, não é mesmo?
— Sim!
— Ótimo, eu vou te acompanhar. Cuidado!
Se fazia algumas semanas que Utahime estava buscando ensinar, de uma maneira mais simplificada e segura possível, Momo a cavalgar corretamente.
E graças a generalizada impaciência de uma garotinha de nove anos como ela, cheia de vida e astuta, alguns erros aconteciam quando se extrapolava demais. Como por exemplo, neste mísero instante, onde o cavalo por pouco não perdeu o controle e a levou embora junto. Utahime precisou recolher o dobro de forças que não possuía para puxar o animal pelas rédeas presas na sua focinheira. O alazão de cor negra esperneou um pouco, relinchando, mas logo acalmou-se outra vez. Momo rangeu seus pequenos dentes com força, tentando se manter firme na sela ao puxar o outro lado das rédeas.
— Eu te disse para ir com calma!
— Desculpe, Utahime… — sobretudo, ela seria incapaz de ficar zangada diante da face tristonha da menor para si.
— Vamos tomar mais cuidado agora, tudo bem?
A mulher estava definitivamente pronta para domar o animal de grande porte e fazê-lo alinhar-se para recomeçar, se não fosse pela intromissão de um Satoru afoito, o qual vinha correndo em direção à elas. Seus passos logo puderam ser ouvidos enquanto seus sapatos de couro rasgavam a grama verde do extenso terreno no jardim da mansão.
— Esperem um pouco! — ele pediu, então buscou um pouco de ar ao parar por completo.
Utahime não pôde ignorar as vestimentas casuais dele para aquela manhã em específico. Ademais, vendo-o tão de perto a fim de pegar cada detalhe. Ele está vestindo um suéter? Ele está tão lindo… A peça azul claro fazia um belo contraste com a camisa branca e abotoada por baixo, sem gravata.
— Momo, onde você pôs a minha miniatura? — Satoru foi direto, pondo-se a encarar sua sobrinha montada no cavalo.
— Não sei do que está falando, tio.
— Pirralha, não brinque comigo. Eu te vi com ela mais cedo. — severo, ele a repreendeu ao vê-la tentar fugir do assunto. — Aquilo é importante para mim, onde está?
Momo pensou que poderia inventar uma boa outra desculpa, mas ao encarar ambos os olhares de desaprovação dos mais velhos, ela cedeu, expelindo ar pela boca.
— Desculpe… — arrependida, a garotinha desviou o olhar aos poucos enquanto admitia sua culpa: — Está no meu quarto, dentro do meu baú de brinquedos.
— Ótimo. — visto que não havia mais nada de interesse para ele ali naquele momento, Satoru procurou se retirar.
— Espere, só um segundo!
Interligada ao automático quando o chamou, pedindo pela sua permanência, Utahime ainda ergueu uma mão, a qual depois recolheu envergonhada.
— Posso...falar com você?
— Estou um pouco apressado.
— Nunca há um bom momento para falar com você, afinal. — desgostosa pela falta de interesse dele, Utahime apontou.
Um pouco acostumado diante da maneira como sua relação com ela vinha se construindo ao longo das últimas semanas, Satoru apenas balançou a cabeça em negação. Bem, de certo modo ela possui uma parte da razão por dizer isso.
— Do que se trata?
Ela acabou engolindo em seco, mas tentou buscar coragem para dizer.
— Há alguns dias atrás, eu acabei me encontrando por acaso com o seu-
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𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀𝐍 - 𝐆𝐎𝐉𝐎𝐇𝐈𝐌𝐄
FanfictionAno de 1957, mesmo após a tragédia irrefutável da Segunda Guerra, Satoru continuou vagando sem propósito em mente, absorvido pela dor do passado. Após a chegada de Utahime em sua vida, ele viu-se mudando, mesmo que pouco a pouco, graças ao que aquel...