O fim de um outubro longo e perpetuado chegará ao fim.
Após constantes mudanças em um ano que estava quase acabando, como novas canções de rock n' roll, a independência da Malásia do domínio britânico e envio de naves espaciais para o espaço, muitos encaravam o próximo ano como algo mais progressivo que o anterior.
Utahime pensava desta forma. Ao mesmo tempo em que imaginava qual seria o seu destino em um ano a partir daquele mês. Abrigado pelo início do inverno e que deixava as ruas um pouco mais alaranjadas e amarronzadas pelo cair incansável de folhas.
Naquela manhã em específico, ela resolveu fazer uma parada antes de ajudar Momo e Toge com alguns deveres escolares passados pela professora particular que os lecionava, direto para o quarto do chefe da família.
Ela singelamente abriu a porta e teve-se com o quadrado extenso em metros cúbicos, tão enorme quanto qualquer coisa. O cômodo fazia jus ao dinheiro que a família possuía. Desde o carpete caro e cor de borgonha, até às cortinas que balançavam sobre a janela alta perto da varanda, estas, com costuras sutis em dourado vivo. Nisso, Utahime prosseguiu e sentou-se no banco deixado ao lado da enorme cama, e juntou suas mãos gélidas pelo frio sobre seu colo.
— Bom dia, senhor. Como tem se sentido? — ela iniciou, simpática.
— Bom dia, Utahime. — aparentando ter acordado há alguns minutos de um sono profundo, o velho senhor respondeu. — Um pouco melhor, desde que me receitou aquele remédio para tratar a dor.
— Ele causa um pouco de náuseas como efeito adverso, minhas desculpas por isso.
— Não há problema.
— Preciso ser amargamente sincera com o senhor. — posta a dizer tudo o que vinha guardando nas últimas semanas, Utahime suspirou fatigada. — Apesar deste medicamento inibir a dor por um tempo, não acho que exista algo muito grandioso que eu possa fazer para… prolongar o seu tempo de vida.
— Não se cobre. Eu sabia que estava com uma sentença de morte nas costas há muito tempo. — ela não conseguia entender como alguém parecia usar tão bem o conformismo para aceitar um fim trágico. Porém, não opinou sobre. — Mas, graças aos seus cuidados, eu estou saindo um pouco mais do quarto.
— O ar livre e um pouco de sol são muito benéficos durante a manhã. — ela garantiu, o que era um senso comum e conhecido afinal de contas. — Há algo incomodando-o?
— Sim. O meu filho.
Esta parte das conversas que ambos tinham, ela sempre temia.
— Como ele está? — ele indagou, encarando-a com seus olhos azuis pouco opacos.
Talvez seja melhor que eu não comente sobre aquele episódio. Referente ao tiroteio e em como Satoru usou seu próprio corpo como um escudo para impedi-la de levar um tiro. Por alguma razão, salvando-a de um mau agouro pior.
— Ele está bem. Um pouco teimoso como sempre, mas bem. — ela garantiu, sem optar por mentir mas a omitir certas coisas.
A risada solta pelo homem a contagiou a sorrir em conjunto, feliz em saber que a notícia sobre o filho havia lhe agradado.
— Eu sempre o vi como uma pessoa bastante calada e distante, gostaria de vê-lo expressar-se um pouco mais. — de repente, a confissão saiu dos seus lábios ressecados, e Utahime sem perceber, desmanchou o sorriso.
Ela não gostaria de se intrometer, mais do que já havia se intrometido. Mas o seu senso não a deixaria viver com um peso tão enorme quanto aquele.
— O senhor sabe que, se desejar, posso convencê-lo a-
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𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀𝐍 - 𝐆𝐎𝐉𝐎𝐇𝐈𝐌𝐄
FanfictionAno de 1957, mesmo após a tragédia irrefutável da Segunda Guerra, Satoru continuou vagando sem propósito em mente, absorvido pela dor do passado. Após a chegada de Utahime em sua vida, ele viu-se mudando, mesmo que pouco a pouco, graças ao que aquel...