Na entrada da casa, Kaolin puxou o pano que servia de porta para o lado e entrou na sala. Ainda segurando a cortina, olhou para trás chamando Endi com um gesto.
Era um cômodo pequeno, mas repleto de objetos. Enquanto Endi observava a sala, Kaolin surgiu com uma toalha branca, uma espécie de poncho cinza de tecido grosso, uma camiseta e calças marrom, e entregou-as à Endi.
— Pode se banhar ali. — Kaolin apontava para uma cortina azul claro à direita, do outro lado da sala.
Endi obedeceu. Entrando, viu uma sala quadrada minúscula, com uma gigante bacia de madeira cheia de água que ocupava quase todo o espaço. Os únicos outros objetos ali eram: um banquinho, em cima dele havia uma pequena vasilha e uma barra branca. Estranhamente havia um buraco no chão.
Como se limpou em rios e lagoas durante toda a sua vida, Endi achou aquilo curioso.
— Ah... — Com a cabeça para fora da cortina, Endi perguntou com insegurança. — Kaolin, o que exatamente devo fazer aqui?
A garota que procurava seu poncho laranja o olhou curiosa.
— Bem, — Ela explicou de maneira simples. — você usa a vasilha para pegar a água e molhar seu corpo. Então usa o sabão para se limpar e depois se enxagua com a água novamente.
Endi a encarava.
— Eu vou tomar banho na casa ao lado. — Disse Kaolin pegando suas roupas e toalha. — Ninguém mora lá há anos, então usamos o local às vezes. Eu já volto!
Endi observou-a saindo e o deixando sozinho. Tentou fazer como ela havia lhe explicado. A água era muito fria, mas ele estava acostumado com a cachoeira que também era bem gelada. O problema era a barra branca misteriosa, que quando entrou em contato com a água, começou a fazer espuma e algumas bolhas.
O rapaz se divertiu com aquilo. Sentia que estava mais limpo do que nunca. Observou que toda a água que caía no chão, descia pelo estranho buraco. Após cumprir todas as etapas instruídas, se secou com a toalha, colocou as vestes limpas e voltou para a sala principal.
— Sente-se. — Kaolin já estava de volta. — Fique à vontade!
Então ela tirou duas pequenas argolas de metal escuro de dentro de uma caixa de madeira. Misteriosamente colocou uma em cada orelha.
— O que está fazendo? — Endi perguntou segurando suas próprias orelhas.
— Ah, isso! — Kaolin mostrou mais de perto. — Se chamam brincos. Eram da minha mãe. Tirei para ir na superfície com medo de perdê-los. Aqui dentro uso o tempo todo!
Kaolin entrou rapidamente em seu quarto, pegou um par de meias e entregou-as à Endi.
— Vamos, sente-se. Vou fazer o jantar. — Ela disse enquanto vestia suas meias.
Sentado em um grande tapete, Endi se sentiu mais aquecido. O rapaz estava de costas para a entrada, com as pernas cruzadas e olhava atentamente cada detalhe ao seu redor. Rapidamente notou que não haviam cristais ali, apenas velas. Não notou cristais nos andares inferiores. Provavelmente porque o solo era duro demais, imaginou.
O cômodo principal era uma sala retangular que se dividia em duas partes. À esquerda, Kaolin estava fazendo o jantar. Perto dela havia uma prateleira com vários potes pequenos, algumas caixas e vasilhas. Ela misturava alguns deles em uma panela que estava sobre um balcão.
A direita, havia um grande tapete roxo, onde Endi estava sentado. A mesa de madeira à sua frente era baixa e redonda. Como tudo na cidadela, era um local simples. Notou duas cortinas na parede à sua frente, uma amarela igual a da entrada, onde Kaolin buscou as meias, e a outra preta.
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Os Últimos Humanos
FantasíaMinha intenção é criar um livro de fantasia com elementos da cultura brasileira. O nome de vários personagens são palavras em tupi, língua falada pelas tribos de povos tupis que habitavam a maior parte do litoral do Brasil no século XVI. E os espíri...