Logo cedo na manhã seguinte, já se escutavam barulhos estranhos do lado de fora da casa. Acordando confuso, colocando apenas a cabeça para fora da cortina na entrada, Endi olhou o que acontecia. Muitas pessoas estavam levando mesas e cadeiras para os andares superiores. Conversavam animados, sorrindo e carregando caixas para todos os lados.
— Kaolin... — Endi chamou na entrada do quarto da garota.
Ela dormia profundamente. Seus cabelos cobriam metade de seu rosto e uma de suas pernas estava descoberta. Endi resolveu se aproximar, entrando no cômodo, notou um machado ao lado da cama.
— Kaolin... — Colocando a mão no ombro da jovem, Endi chamou novamente. — Kaolin! — Gritou assustado.
— Não, obrigada... — Ela respondeu ainda dormindo.
Inesperadamente, Lin saiu debaixo do cobertor. Ele estava perto do braço de Kaolin. O macaco olhou para o garoto por alguns segundos. Subiu na cabeça da jovem e voltou a dormir. Nervoso com aquilo, Endi gritou:
— Kaolin! — Chacoalhou a cabeceira da cama com ambas as mãos.
— Oi! — Kaolin despertou confusa.
— Tem algo estranho acontecendo... — O rapaz apontava para a entrada.
Com o cabelo completamente bagunçado e Lin em sua cabeça, Kaolin levantou cambaleando. Afastou a cortina da entrada, respirando o ar gelado e se espreguiçando, olhou ao redor.
— É hoje! — A garota gritou.
Entrou correndo de volta em seu quarto. Colocou o macaco em sua cama, tirou o poncho e o jogou sobre o armário. Penteou os cabelos, arrumando-os em um rabo de cavalo.
— O que está acontecendo? — Endi ficou espantado com a mudança repentina na energia dela.
— Hoje começa o Festival de Ro'y! — Kaolin disse enquanto organizava a sala.
— Festival? — Endi tentava acompanhar.
— Sim! É um festival que celebra o início do inverno. — Explicou Kaolin. — Dura três dias e três noites! Nós usamos roupas e decorações azuis. Sei que aqui na Cidadela não sofremos tanta influência das estações do mundo exterior. Sempre é mais quente nos andares superiores e sempre é mais frio nos inferiores, mas o festival é uma tradição divertida! Também temos o Festival de Kûasary que celebra o início do verão. Nele usamos a cor vermelha.
Kaolin guardou o cobertor e o travesseiro que Endi usou, colocando a mesa de volta no centro do grande tapete. Procurou a bacia com os objetos sujos da janta da noite passada, mas tudo já estava limpo e organizado. Abrindo discretamente, sem deixar Endi ver o que havia lá dentro, Kaolin olhou por trás da cortina preta do quarto da irmã.
— Amana não está aqui. — Kaolin disse. — Ela deve ter limpado antes de sair. — Pensou consigo mesma.
— O que vai acontecer nesse festival? — Endi tentou obter mais informações.
— Todos se reúnem nos Grandes Salões do terceiro andar durante o Festival de Ro'y. — Kaolin pegou alguns pães de uma cesta. — Tem músicas ao vivo, danças, comidas! São três dias sem trabalhar e sem estudar. Podemos apenas nos divertir com os amigos. É o máximo!
Kaolin colocou um pão inteiro na boca. Entregou alguns à Endi.
— O legal é que os salões são mais aquecidos, — Ela disse enquanto mastigava. — então todos sentem menos frio. Já o Festival de Kûasary, é celebrado aqui no último andar, na beira do rio. Pois é mais fresco e agradável durante o verão.
A garota pegou um punhado de pequenos frutos, colocou-os em um prato e deixou ao lado de Lin que ainda dormia em sua cama. Enquanto ela e Endi comiam os pães, Tokku apareceu na entrada.
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Os Últimos Humanos
FantasiaMinha intenção é criar um livro de fantasia com elementos da cultura brasileira. O nome de vários personagens são palavras em tupi, língua falada pelas tribos de povos tupis que habitavam a maior parte do litoral do Brasil no século XVI. E os espíri...