Capítulo 5 - A Superfície

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Kaolin, Amana e Endi encaravam Tokku com os olhos arregalados, sem piscar. Os lábios de Amana tremiam, como se ela tentasse falar algo, mas sua voz não saía. Tokku pegou o papel que a garota segurava, o virou e o colocou no centro da mesa. De um lado, havia instruções de como selar os espíritos, e do outro, a seguinte mensagem:

"Taîyra é considerada perigosa e fugiu da Cidadela para caçar espíritos por conta própria. Caso a encontrem, reportar imediatamente ao General. Nos arredores do rio Sanozama foi a última vez que alguém com características semelhantes a da Exploradora foi avistada."

As irmãs não acreditavam no que acabaram de ler.

— Olhem a data, é de três anos atrás. — Tokku apontou para o canto superior direito da folha.

— Ela ainda pode estar viva! — Amana exclamou.

— Não sei Amana, já fazem anos... — Kaolin parecia insegura. — E nem afirmam se era ela ou não.

— Quem mais poderia ser? — Amana tinha um leve sorriso em seu rosto.

— Não está escrito que era ela. — Kaolin insistiu.

— Você não quer que nossa mãe esteja viva? — A caçula questionou.

— Como ousa? — Gritou Kaolin.

— O que Kaolin está tentando dizer, — Tokku interveio. — é para ter cuidado e não criar muitas expectativas.

— Além de não darem certeza se era realmente sua mãe ou não, a última vez que a viram foi há três anos. — Endi tentou ajudar.

Amana percebeu que não adiantaria discutir com eles. Ao mesmo tempo que entendia que os amigos queriam protegê-la, achava ridículo eles não estarem tão felizes quanto ela com a possibilidade de sua mãe estar viva. Compreendendo que não realizaria nada de útil naquele momento, resolveu se retirar.

— Preciso ficar sozinha. — Amana disse indo para seu quarto. — Podem ir ao festival sem mim.

— Amana... — Kaolin a chamou em vão.

Os três não tinham muito interesse no festival depois de tudo o que descobriram e conversaram. Além de acharem perigoso deixar Amana sozinha. Eles estavam no andar mais profundo e vazio da Cidadela naquele momento.

— Ainda acho que vai ser mais suspeito se não formos. — Kaolin disse triste. — Não queremos que descubram que invadimos a sala do General e dos anciãos.

— Olá? — Alguém chamou na entrada da casa.

Mostrando apenas a cabeça que passava pela cortina amarela, Potira sorriu para o grupo.

— Ele me chamou aqui. — A garota disse suavemente.

Lin passou pela cortina, se posicionando na cabeça de Potira.

— Vocês estão bem? — Potira perguntou.

A garota notou as expressões tensas no rosto dos colegas. Quando viu Endi, por um momento tentou lembrar se já o havia visto antes, mas como sempre se esquecia das pessoas com facilidade, acreditou que ele devia ser algum amigo de Tokku.

— Sim! — Kaolin agiu rapidamente. — É que a Amana não está se sentindo muito bem, então ela foi se deitar. Você se importa de ficar de olho nela enquanto vamos rapidinho no festival?

— Você está com fome? — Potira imaginou o que Kaolin realmente queria.

— Temos que cumprimentar algumas pessoas. — Tokku tentou disfarçar.

— Tudo bem, podem ir. — Rindo, Potira foi em direção ao quarto de Amana. — Eu cuido dela.

Lin ainda estava na cabeça da garota. Kaolin e Tokku se levantaram, fazendo gestos para que Endi os seguissem.

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