Pouco tempo antes do Sol nascer, Tokku despertou bocejando. Olhando ao redor enquanto se espreguiçava, viu Kaolin dormindo com Lin. A fogueira estava apagada. Do outro lado, Endi roncava baixinho. Passando a mão no cabelo, Tokku se preparava para um segundo bocejo, quando se deu conta que Amana não estava entre eles.
— Endi! — Tokku gritou desesperado.
O garoto acordou e olhou ao redor assustado.
— É um espírito? — Endi perguntou.
— Amana sumiu. — Tokku foi direto ao assunto. — Ela não te acordou para vigiar durante a noite?
— Não! — Endi respondeu aflito.
— Temos que procurá-la. Acorde Kaolin. — Tokku falou sério.
Enquanto Endi acordava a garota, Tokku olhou ao redor, procurando alguma pista. Então pegou os pertences espalhados, arrumando as mochilas com velocidade e preparando sua espada.
— Pois não? — Kaolin acordou.
— Fique calma. — Endi tentou prevenir que ela surtasse. — Amana sumiu e estamos indo procurá-la.
A expressão no rosto da jovem era de puro horror.
— Amana! — Kaolin gritou levantando depressa.
— Você tem que levar a sua mochila e a de Amana. — Tokku entregou as duas mochilas para Endi. — Não podemos deixar itens para trás.
O Capitão carregava a mochila compartilhada, segurando a espada desembainhada. Endi colocou uma mochila nas costas e a outra em sua frente.
— Amana! — Kaolin berrava olhando à sua volta.
— Kaolin. — Tokku a segurou pelos ombros.
— Amana! — Ela chamava o mais alto que conseguia.
— Kaolin! — Tokku gritou. — Ela deixou rastros. Vamos seguir a trilha, vamos encontrá-la.
Os olhos de Kaolin se encheram de lágrimas, mas ela conseguiu segurar o choro. Tokku estava extremamente preocupado com o sumiço de Amana, ao mesmo tempo em que se preocupava com Kaolin, que tinha o rosto cada vez mais pálido. Apesar das constantes afirmações de que estava bem e não sentia dor, a garota claramente estava mal.
— Preciso que fiquem focados. — Tokku falou para Endi e Kaolin. — Vamos nos manter juntos e seguir aquelas pegadas.
Apontando para onde Amana foi com o homem misterioso durante a noite, avistaram no chão algumas pegadas. Kaolin enxugou as lágrimas, chamou Lin com um sinal e começaram a acompanhar Tokku. Caminhando apressados, seguindo a trilha deixada por Amana, avançando pela floresta.
— Agora entendo o motivo de meus pais nunca terem se afastado daquele local onde cresci. — Choramingava Endi. — Realmente têm espíritos em todos os lugares!
De repente, Kaolin viu algo familiar. No meio das folhas e galhos que cobriam todo o ambiente ao redor, a garota viu o pé de sua irmã. Arregalando os olhos, correu a toda velocidade. Tokku e Endi a seguiram imediatamente.
Removendo as plantas que atrapalhavam sua visão e barravam seu caminho, Kaolin desesperadamente tentava chegar ao local à sua frente. Quando enfim conseguiu alcançar uma pequena área onde a vegetação não era tão densa, encontrou Amana jogada no chão. Kaolin não conseguia se mover. Paralisada, tremia de ódio.
— O que acontece? — Endi perguntou chegando no local.
Kaolin olhava fixamente para a sua frente.
— Quem é você? — Tokku gritou nervoso.
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Os Últimos Humanos
FantasiaMinha intenção é criar um livro de fantasia com elementos da cultura brasileira. O nome de vários personagens são palavras em tupi, língua falada pelas tribos de povos tupis que habitavam a maior parte do litoral do Brasil no século XVI. E os espíri...