capítulo 37

789 84 35
                                    

······Ceci······

Acordo e vejo que Nicolas ainda está dormindo. Me levanto o mais devagar possível, pego meu celular e vou para o banheiro tomar um banho.

Entro no box e deixo a água quente molhar meus cabelos e cair em meu corpo. Os meus pensamentos estão fixos nessa madrugada, nas palavras ditas por Nicolas e em como reagi a elas. Eu não esperava que ele precisasse de uma promessa.

Não a promessa de ficar.

A promessa que fiz aos meus pais poucos meses antes de morrerem.

Fecho os olhos e deixo os fragmentos de lembranças me invadirem. A forma como eu queria que ficassem, e a forma como eu queria ficar.

Não posso dizer que não dói, mas aprendi depois de muito tempo que a única pessoa que não pode me abandonar, sou eu.

Pessoas vão embora, pessoas podem partir a qualquer momento e o vazio que fica é tão destrutivo como uma arma engatilhada.

Porque ciclos se encerram, mesmo que sentimentos continuem.

Termino de tomar banho e saio do banheiro com a roupa que estava ontem. Paro na porta e observo Nicolas que ainda está deitado. Seus olhos se abrem e seu olhar busca o meu quase que instantaneamente.

- Por que esta vestida? - é a primeira coisa que me pergunta. Sua voz carregada pelo sono.

- Preciso resolver algumas coisas. - caminho até o lado da cama e paro em sua frente.

- Não vai ficar para tomar café? - nego com um gesto e sinto Nicolas me puxar para cama. - Vou tomar um banho e levo você.

- Não precisa, chamei um Uber. - Nicolas franze o cenho e concorda.

- Tudo bem. - deixa um selinho em meus lábios e se levanta. - Bom dia.

- Bom dia. Nos vemos depois. - ele maneja a cabeça e vai para o banheiro enquanto vou em direção a saída do apartamento.

Preciso de um tempo para pensar, um tempo para organizar tudo, e sei que Nicolas também precisa.

Saio do prédio onde Nicolas mora e entro no Uber em direção ao meu apartamento. Penso em alguns detalhes do casamento de Eliza, como a minha maquiagem e o penteado.

O casamento é daqui a dois dias, e não quero que esteja um clima ruim entre nós dois. Saio do Uber e subo para o meu apartamento. Deixo minhas coisas na poltrona, pego uma taça de vinho, e coloco um pijama antes de me sentar no sofá.

Ligo o som baixinho e sinto a melodia calma passar por todo meu corpo. Arrepios se tornam presentes quando eu volto a relembrar dos meus pais.

Eles eram a minha paz, o meu calmante, a minha certeza de que as coisas iriam melhorar. E tudo isso se perdeu do dia para noite.

Eu prometi os amar mesmo quando eles se fossem, e eu não sabia o peso da dor dessa promessa. Nunca sabemos quando é a última vez de um abraço, de um beijo, de um "eu te amo" e isso me assusta.

Me assusta saber que eu amo o Nicolas e que ele pode ser "arrancando" de mim como os meus pais foram. Me assusta porque a vida não te prepara para perder.

Sinto meu celular vibrar e abro os olhos vendo o nome de Emma aparecer na tela com a notificação de uma mensagem onde tudo que diz é "estou indo para o seu apartamento, e levando sorvete. Não estou com uma boa sensação"

Apenas desligo a tela e volto minha atenção para os meus pensamentos.

45 minutos se passam e ouço a porta de abrir e um "merda" como resmungo. Olho para trás e vejo emma com sacolas de comida e doces nas mãos. Ela fecha a porta com dificuldade enquanto vou até a cozinha pegar outra taça e a garrafa de vinho.

- Estou tão cansada. - emma está sentada no sofá descalça olhando para as sacolas na mesa de centro.

- Está tudo bem? - pergunto enquanto entrego a taça para ela e me sento no sofá.

- Sim, apenas muita coisa para pensar e fazer. E você? Bebendo as 11:00 da manhã. - ela me olha e abre duas barras de chocolate, me entregando uma.

Conto sobre o que aconteceu e observo Emma ficar calada durante toda a explicação.

- Escuta o que eu vou dizer a você, Ceci. O amor é uma bela flor à beira de um precipício, e é necessário ter muita coragem para ir colher. Estar disposta a se arriscar. - ela segura minha mão e volta a falar; - Seus pais não escolheram morrer, não escolheram deixar você. Tenho certeza de que eles não gostariam de ver você assim. Nicolas ama você, e provou que está disposto a se arriscar de diversas formas por essa "relação" de vocês. Você precisou de uma "certeza" para poder confiar, e ele quer isso de você. - ela respira fundo e olha nos meus olhos antes de apertar minha mão. - Se você o ama e pretende estar com ele daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos não tem que ter medo. Não pode se deixar levar por algo que não teve culpa. A morte dos seus pais não foi sua culpa. - lágrimas escorrem pelo meu rosto. - Você tem pessoas que amam você, então deixe elas amarem você. Se dê uma chance de ser feliz, você merece.

················································································

Votem e comentem.

Tia Bella voltou.

Beijinhos ❤️❤️

entre a razãoOnde histórias criam vida. Descubra agora