23.

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" - É maravilhoso ser apaixonada por você "

Pov Marília

" - Por favor fica comigo - seguro suas roupas em sinal de desespero - Você é tudo que eu preciso

- Não estamos no controle Marília - ela tenta tirar minhas mãos de si - Eu estar indo embora, não significa que deixou de doer

- Fica comigo - puxo seu corpo para mim - Se você ficar comigo não vai doer tanto.

- Mas ainda vai doer - ela se separa brutalmente - Adeus Marília.

Novamente me vejo sendo perseguida pelo meus pesadelos, acordo assustada em uma sala de hospital, deixo algumas lágrimas caírem ali e vou para o banheiro mais rápido possível. Quando volto vejo uma Maraisa me olhando atenta.

- Porque estava chorando? - Ela pergunta curiosa.

- Eu não estava.

- Estava.

- Não estava - Rebato e continuo tentando mudar de assunto - Os médicos vão passar aqui para fazer outros exames..

- Eu sei - Ela dá de ombros - Porque estava chorando?

- Eu nã-

- Voltou seus pesadelos? - Maraisa pergunta curiosamente, quando me vê coçando a cabeça pensando em uma desculpa, ela sabe que acertou - Porque não quer me contar?

- Não quero te preocupar Mara - Me sento ao seu lado na cama - Você já tem muita coisa na cabeça.

- Você é a principal delas - Vejo seu corpo se arrastando até perto de mim - Você é a minha única preocupação.

- Eu que deveria falar isso - Falo com um sorriso fraco - Minha mãe me ligou falando que nossa casa está pronta.

- Minha casa é onde você estiver Lila - recebo um beijo demorado, subo minhas mãos para seu pescoço e começo a acariciar o lugar. Escutamos algumas vozes chegando e nos separamos rapidamente.

- Eu trouxe o médico - Maiara se faz presente na sala e me encara sabendo o que estávamos fazendo - Acho que alguém está ansiosa para levar minha irmã para casa,né Lila?

- Larga de ser besta Maiara - Empurro ela devagar - E então doutor?

O médico alto que estava ao lado de Maiara e não tinha se pronunciado ainda, começa a examinar Maraisa, anota algumas coisas e depois sai da sala.

- Quieto ele - Faço uma pequena observação.

- Lógico quase viu vocês se comendo - Maiara fala e vai até a irmã - Como você está?

- Não estávamos fazendo nada - Maraisa solta uma risada alta - Eu estou bem, só tô me sentindo dolorida.

- Eu estou falando emocionalmente.

- Eu não sei Mai - Maraisa diz olhando no fundo dos olhos da irmã - Você já se sentiu cansada o tempo todo? Cansada de lutar?

- Você não precisa mais lutar - Maiara me chama com a mão e me traz para perto - Estamos aqui, não vamos para lugar nenhum, vamos cuidar de você.

- Eu só tô cansada de lutar contra as minhas próprias memórias - Consigo prever seu choro, suas mãos estão agitadas e seu rosto está baixo - Eu estou cansada de ter que consertar tudo.

- Você não precisa - Puxo suas mãos trêmulas para mim - Se permita ser curada, vamos passar por isso juntas, divida sua dor comigo - Minhas lágrimas queimam e começam a descer pelo meu rosto - Você não precisa levar esse fardo sozinha Mara, eu estou aqui, eu sempre estive aqui.

- Eu só quero ir para casa, eu só queira ter uma história simples, contar para meus filhos como eu te conheci, como que passamos a vida toda juntas, como é tudo simples - Sua cabeça se apoia no meu ombro - Eu só queria ter minutos de paz, envelhecer ao seu lado, uma história boba que as pessoas geralmente já sabem o final.

- Nós vamos construir isso - Começo a limpar suas lágrimas

Há um tipo de choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm sem parar e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem.

- Quando chegarmos no fim vamos pensar que o esforço valeu a pena, que as lágrimas não foram em vão, e que os sorrisos foram mais gloriosos, por que a vida pode até ser curta, mas não é pequena, e eu vou ter orgulho de ter passado a minha vida com a mulher mais extraordinária desse mundo.

- Eu prometo te amar para o resto da minha vida - Ela me puxa para um beijo urgente que retribuo na mesma intensidade.

Quando fomos perceber, nos tocamos que Maiara tinha saído da sala, estamos tão presas na nossa própria bolha que esquecemos da coitada.

- Maiara vai ficar falando de como somos melosas - Falo antes de finalizar o beijo.

- Ela já deve estar nos xingando em pensamento...

- Estava mesmo - Ouvimos Maiara voltando com alguns papéis na mão - Você está livre, o médico te deu alta.

- Está tudo certo? - Vou até o seu lado para ver o que o médico escreveu - Tratamento com psicólogo?

- Eu pedi para ele marcar - Maiara fala enquanto arruma as coisas da irmã - Se essa cabeça dura quiser.

- Não quero - Maraisa diz brava com os braços cruzados - Não precisa disso.

- Sua mulher - Maiara passa por mim e dá um tapinha no meu ombro.

- Amor - Ajudo ela a levantar - Talvez seja bom...

- Mas eu não quero - Um bico se forma no seu rosto - Não vejo necessidade disso.

- Não precisa ficar na defensiva - começo a trocar de roupa da minha noiva - Não comigo

- Me desculpa.

- Mara... - abraço seu corpo mais forte, tentando passar para mim todas as dores que estavam deixando ela daquele jeito.

Dizem que o tempo ameniza, isto é faltar com a verdade. dor real se fortalece, como os músculos, com a idade.É um teste no sofrimento,mas não o derrotaria, se o tempo fosse remédio, nenhum mal existiria.

- Parece que vai doer para sempre - Suas lágrimas são como pingos de sangue transparentes - Não deveria doer tanto assim.

- Deveria doer o tanto que está doendo, está tudo bem se sentir fraca e machucada - Falo colocando a sua blusa de frio - Você não precisa ser sempre a super heroína.

- Eu sei - Ela passa as mãos rapidamente pelo seu rosto - Eu estou tentando.

- E você vai conseguir - Beijo a ponta do seu nariz - Sempre conseguiu.

- Eu não sou um bebê Lila - Ela tenta me afastar - Está me tratando igual uma criança.

- Eu disse que ia cuidar de você - Puxo ela para a saída do quarto - Não vou sair do seu lado, em nenhum segundo.

- Eu vou te lembrar disso - Ela me dá um beijo na bochecha.

É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido.

Consequences (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora