capítulo 4

989 63 4
                                    

Sair. Eu tenho que sair de perto dele agora, ou não me responsabilizo pelos meus atos, viro de costas e sigo para o meu carro, andando o mais rápido possível.
"Eu sempre tenho o que eu quero, e lembre-se disso, eu te quero anjo". Essa frase arrepiou meu corpo por inteiro, porém, não consegui dizer uma palavra.
Ouço seu celular ficar e dizer:
-Faça a escolta Caio. - Podia sentir seus olhos queimando em minhas costas, mas eu não posso, eu preciso sair deste lugar, ir para o apartamento pensar.

Cheguei na minha casa e fui direto para o chuveiro, a cada dia eu estava pensando menos na morte dos meus pais e isso é fantástico, não gostava de relembrar como cada um morreu e me culpar por estar viva, me culpar por não ter feito nada, pelo menos o Nicolas está fazendo um bem a mim.

Meu corpo esquenta só de pensar nele, imagina quando estiver na minha cama? Ou quando estiver na minha cozinha de cueca? Com aquele corpo de tirar o folêgo. Clichê? Talvez, mas vamos admitir, a maioria das mulheres quer ter essa imagem. O que aconteceria se eu disesse que também o queria? Iriamos para cama, eu teria o melhor sexo da minha vida e no outro dia de manhã tudo voltaria a ser como antes? Até porque ele mesmo me disse que era apenas desejo. Não sei porque, mas de alguma forma isso me decepciona.
Preciso dormir, basta saber se o sono me encontrará.

Zumbi, estou parecendo um zumbi. Meu rosto está amassado, meu cabelo totalmente desgrenhado, meu corpo pedindo por cama, estou boa para jogar no lixo.
Vou para cozinha preparar algo depois da minha higiene matinal, porém, ando tão desligada que não percebi que não tinha nada no armário, nada além de sucrilhos e biscoitos.
Sempre vou ao mercado no começo do mês, claro que se for preciso vou novamente, no entanto, já se passou uma semana e ainda não fui. Hoje não tem desculpa.

Estou no mercado com uma preguiça até mesmo para empurrar o carrinho.
Vejo o Caio no fim do corredor, ele acena para mim me fazendo retribuir com um fraco sorriso.

Incrível como ele é rápido, um dia eu estava na entrada do escritório e ele na lanchonete em frente, um homem havia esbarrado em mim e se não fosse pela rapidez de Caio eu teria me esborrachado no chão.

Continuei seguindo, quando sinto um toque no meu ombro.
-Moça?
Nossa, o que está acontecendo em Los Angeles? Ultimamente está tendo homens bonitos, as mulheres agradecem. Pena não ser o Nicolas.
Ele é um homem com um porte físico muito bem distribuído, pele clara, cabelo preto e olhos azuis, está com uma roupa casual, camiseta azul marinho e calça jeans.
-Sim? - respondo com um sorriso.
-Bom... É que cheguei a uns dias atrás e não faço idéia de onde está o molho de tomate. - Ele está passando a mão na nuca, está tão sem graça que chega a ser fofo - E também não estou encontrando alguém que possa me ajudar, será que você podia me dizer onde fica? - Ele sorri sem jeito.
-Claro, vem que eu te mostro.
Percebo que Caio já está próximo e faço sinal para que ele se afaste, mas ele continua observando como se fosse um predador. Estamos todos pirando, este homem só está pedindo informação quão perigoso isso pode ser?

-A propósito me chamo Neytan Forks, prazer. - Diz entendendo a mão para mim.
-Celina Sullivan. - Respondo sorrindo. -Então veio de onde?
-Vim de Paris.
-Ainda irei a Paris, basta eu ter tempo.
-Vá mesmo, é muito bom. Eu morava na Califórnia, fui para Paris a 6 meses atrás, e hoje, estou aqui, tentando construir uma vida nova.
-Matou alguém em Paris, e está fugindo para Los Angeles? - Digo sorrindo.
-Na verdade... -Ele hesita.

Arregalo os olhos, meu Deus, e se ele for um dos homens que está atrás de Nicolas...
-Calma, não sou um assassino. - Diz parecendo arrependido. -Você está bem? Você está pálida.
Respiro fundo para me acalmar, realmente estou enlouquecendo, e isso é culpa do Nicolas!
-Estou bem.
-O que eu ia dizer era, na verdade estou fugindo sim, mas não de um assassinato e sim do passado. - De repente ele parece 40 anos mais velho. - Perdi minha noiva para o cancêr há 6 meses, isso destruiu meu coração. Era o sonho dela ir para Paris, por isso sai de lá.
-Oh. Sinto muito por isso, ela está em um lugar melhor, cuidando de você. - Digo querendo de alguma forma consolar ele, não é fácil perder alguém que se ama.
-Fazia 5 anos que estavamos namorando, nós iamos casar. Eu pedi ela em noivado mesmo estando doente, mas ela não aguentou até o casamento.

Ultrapassando os limites Onde histórias criam vida. Descubra agora