capítulo 5

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-Anjo? Vamos lá anjo, abra esses olhos para mim.
Ouço Nicolas me chamar e tento abrir meus olhos, mas sinto que existem pedras, minha cabeça dói como o inferno e minhas costas também, na verdade... Tudo está doendo.
-Anjo, acorde.
-Nick?
Com muito esforço consigo abrir meus olhos, e vejo Nick sentado ao meu lado na cama, com apenas uma calça jeans, e falando nisso, deveria ser pecado ele estar assim.
-Anjo? Onde dói? Fala para mim. - Ele diz preocupado.
-Minha cabeça é o que mais dói.- Resmungo, tentando me levantar, mas ele me impede.
-Fica deitada, vou buscar um remédio.
Quando ele se levanta em busca do remédio, percebo que estou em um quarto que nunca estive antes, mas antes que possa pensar mais sobre isso, ele chega.
-Tome isso, vai se sentir melhor.
Eu tomo o remédio amargo, me perguntando onde estou.
-Nick, onde estou? Esse não é o apartamento que estou ficando por uns dias.
-Você está na minha casa.
Casa? Não é mais seguro um apartamento?
-Sei me defender anjo, a casa tem código de acesso e alarmes de última geração, não é porque sei me defender que serei descuidado com a minha casa.
-Entendo. Na verdade, o que eu não entendo é como ele entrou na minha casa, eu sempre deixo a casa toda trancada antes de sair de casa. E as minhas coisas? O Caio conseguiu pegar?
-O Caio pegou suas coisas, está no quarto ao lado. E o homem que invadiu sua casa, ele quebrou sua janela da cozinha. Caio o deixo desacordado, depois vou ter uma conversa com ele. - Disse com tanta frieza, que por um momento não o reconheci.
-Nick, cuidado com o que vai fazer. -Ele sorri sem humor algum, um sorriso que não chegou até seus olhos.
-Ele apenas terá o que merece. Sinto muito por hoje. Agora durma anjo, você não teve uma boa noite.
-Nick por favor.
Ele deita ao meu lado na cama, me puxando para ele. Coloco minha cabeça em seu peito, ouvindo as batidas suave do seu coração.
-Boa noite anjo.
-Boa noite Nick.

Acordo ouvindo o Nicolas grunhir, como se estivesse sofrendo de alguma forma.
-Não... Ela não... Me mata.
-Nick? - Toco no seu braço na esperança de que acorde, mas não adianta.
-Solta ela! - Nicolas grita tão alto que me assusto.
Começo a agitar seu braço com urgência.
-Nick. Acorda!
-Eu disse não! - Em questão de segundos, Nicolas está em cima, com suas mãos sufocando meu pescoço.
-Nicolas... Sou eu... A Lina.
Ele continua de olhos fechado. Começo me debater a procura de ar, mas sua expressão permanece do mesmo jeito.
-Nick... Sou eu... O anjo...
Como se algo dentro dele fosse acionado, ele abre os olhos e sai bruscamente de cima de mim.
-Merda, merda, merda!
-Nick...
-Droga ! Desculpe Celina... Eu... Eu estava sonhando, eu não...
-Nick...
-Não foi intencional.
-Nicolas!
Ele para de andar de um lado para o outro, e me olha com os olhos perdidos. Me levanto e vou em sua direção.
-Nick, pare de se culpar. Foi apenas um sonho.
-Um sonho que poderia ter te matado! - Ele tenta sair de perto de mim, mas eu o impeço.
-Nick, olha para mim. - Seus olhos pousam em mim. - Eu estou bem, estou viva. Você estava apenas sonhando e quero que me diga o que. Ok? Deite-se comigo, feche os olhos e conte-me se não for demais para você. - Puxo ele em direção a cama, e faço com que ele deite.
-Feche os olhos e começe.
-Autoritária. - Bufa, mas sei que está nervoso.
-Pode ser, agora conte.
-Você estava... Você estava na sua casa e...
-E...
-E entrou um homem, mas eu não conseguia ver o rosto dele... Ele apontava uma arma para você, dizendo que a mataria. Eu dizia para ele te deixar ir, que eu me renderia. Sem arma. Sem luta. Apenas me renderia, mas ele não te soltava, e por um momento ele se distraiu com o barulho da janela, eu fui em direção a ele. No mesmo instante que fui para cima de você. - Ele diz tudo rapidamente, sem pausa. Respira fundo e olha para mim. -Me desculpe, te levo pro apartamento se você quiser.
-Nick esquece isso. Já passou, vamos durmir que ainda são 2 h da madrugada, e daqui algumas horas irei trabalhar.
-Ok anjo.
-Queria um pouco de água, onde fica a cozinha?
-Eu pego para você, fica deitada.
-Nick, posso andar. Eu vou com você.
Quando nós levantamos, o Nick segurou minha mão e me puxou para um abraço. Hesitei na hora, mas depois de alguns segundos fechei os olhos e me deixei levar, um abraço confortável, calmo, silencioso. Um abraço que dizia muito mais que palavras. Muito mais do que eu queria admitir.

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