capítulo 7

604 50 3
                                    

Nicolas

Droga! Não consigo parar de pensar em Celina, parece até piada em como ela se tornou tudo na minha vida.
Eu não acredito em amor a primeira vista, mas quando eu a vi pela primeira vez nas mãos daquele assaltante, foi como se algo dentro de mim tivesse sido ligado.
Tentei não pensar nela, mas foi impossível. Por muito tempo me fechei para qualquer tipo de carinho, eu pensava que era apenas mais uma forma de me levar para destruição, ainda mais para um homem como eu, repleto de inimigos.

Estive com mulheres, mas nenhuma que me fizesse querer algo mais, e foi melhor assim, pois evitaria mortes. No entanto, quando a vi tudo mudou, ela me faz querer viver, enterrar meu passado, me faz querer amar.
Eu sei que ela sente algo por mim, não sou cego, e espero que esteja visível de que esse sentimento é recíproco. Com toda certeza eu não apenas gosto dela, não é um mero desejo de uma noite, não é uma paixão de 1 mês, ela é muito mais que isso. Exagero? Talvez, mas só quem sente sabe.
As vezes me odeio por não ser um homem com problemas comuns, não com assassinos me perseguindo.

Semana passada foi encontrado uma bomba no meu carro, se não tivesse percebido que meu banco estava um pouco mais para trás estaria morto nesse momento. Não contei isso a Celina, assim como também não contei sobre o incêndio que teve em um terreno, que estava comprando para construir um prédio comercial. Eu diria que tinha sido um acidente, se não tivessem me mandado uma mensagem dizendo que a festa estava apenas começando.

Esta pessoa era profissional, eu tinha certeza disso, mas assim como os outros, eu também matarei.
Coloquei 9 seguranças para proteger a Celina, 3 ao redor do apartamento, 2 francos, 2 ao redor do escritório, e 2 com a Celina, mas apenas Caio tem contato direto com ela. Todos serviram o exército, são homens muito bem treinados.

Estou na minha casa, pensando na noite em que eu e a Celina estavamos juntos, no calor dos seus braços ao redor da minha cintura, quando meu celular toca, quando ele me liga é que algo saiu do controle.
-Caio, o que houve?
-Avenida Street, próximo ao mercado Bright, saiu a menos de 10 minutos, van preta, placa clonada, vidros escuros bateu contra o carro da Celina.
Sinto meu mundo parar, se a Celina estiver morta... Isso não pode acontecer. Não. Não. Não. Não.

-Nicolas?
-Estou aqui. Chego em menos de 5 minutos.
Desligo o celular, respiro fundo, coloco um tênis e vou em direção a ela.

Chego na avenida que por sinal está um caos, pessoas para todos os lados, ambulância, bombeiros e políciais também estão no local. Há uma mulher loira que está gritando com um bombeiro, sei que esta mulher se chama Ayla Reston, amiga e sócia da Celina.
-Eu quero ve-la! Você não pode me proibir!
-Senhora, por favor precisamos cuidar dela.
Quando vou em direção ao carro destruído de Celina, sou impedido por Caio.
-Nicolas, espere que levem ela ao hospital. Não adiantará atrapalhar o serviço deles.
-Eu vou apenas saber se ela está viva.
-Ela vai ficar bem Nicolas.
-Eu preciso dela. - Caio aperta meu ombro e acena com a cabeça - Eu sei que sim, e ela estará conosco em breve.

Respiro fundo para me controlar, e vou em direção a um policial com uma prancheta nas mãos.
-Nicolas Linther, em que estado se encontra a mulher? - Pergunto ao policial.
-Qual parentesco com a vítima?
-Noivo. - Sei que é mentira, mas quem sabe um dia se torne verdade.
-Um carro na contra-mão atingiu o carro da sua noiva, não encotramos sinais de sobreviventes no carro suspeito, e a mulher está sendo encaminhada para o hospital mais próximo com ferimentos graves. Sinto muito.
-Ok, obrigado.
-Eu quero saber como ela está! - Diz a Ayla para o policial que a poucos minutos estava falando comigo.
-Diga a ela em que hospital a Celina está sendo encaminhada. Ela não dará sucego a vocês.

Estou tentando não desmoronar como uma criança, mas está realmente difícil. Meu anjo está em uma sala de cirurgia, lutando pela vida, uma verdadeira guerreira.
Em vários momentos dessa noite, pensei em deixar o caminho dela livre, não ter nenhum contato com ela, mas isso seria a minha morte, não consigo não ser egoista quando a questão é ela. Não ter ela ao meu lado, seu calor, seu sorriso, seria definitivamente a minha morte, sou egoísta a ponto de não permitir que ela se vá.

A Ayla chegou minutos depois de mim, e sei que ela está me olhando com um olhar questionador.
-Quem é você?
-Estou com a Celina.
Minutos depois um homem de olhos azuis entra na sala de espera, fazendo com que Ayla o abrace.
-Calma Ayla, ela vai sair bem dessa, ela é forte. Não chore.
-Eu quero ela comigo Thomas.

Quem será esse Thomas? Namorado da Ayla? Ex-namorado da Celina? A última frase faz com que meu estomâgo embrulhe, o pensamento de outro homem a tocando não me agrada nenhum pouco. Foco Nicolas, não é hora para isso.

As horas se passam me deixando cada vez mais aflito, levanto e vou em direção a uma enfermeira que está passando.
-Celina Sullivan, não temos nenhuma informação.
-Sinto muito, mas preciso atender outra pessoa. O médico irá falar com vocês quando tiver alguma notícia.
-Não. Você vai agora mesmo ver como está o relatório médico dela. Não irei repetir. - Digo  friamente e sei que entendeu o recado.
-Nã-não. Eu vou ver agora mesmo senhor.
-Ótimo. - Volto a sentar na cadeira desconfortável.
-Quem é você?
Olho para ver quem é o dono da pergunta.
-Nicolas Linther.
-Thomas Colleman. Você é o que dela?
-Estamos juntos.

Momentos depois, uma mulher de mais ou menos 40 anos conversa com uma enfermeira a procura de Celina.

-Você seria alguma parente da paciente?
-Sou a tia, Dianna. A única parente viva.
-Ok, preciso que você aguarde na sala de espera que o médico em breve entrará em contato com todos vocês. Ela está na sala de cirurgia nesse momento.

No mesmo instante, um homem com roupas brancas entra na sala de espera e diz:
-Celina Sullivan.
-Sim. - Todos dizemos em uníssono.
-Bom... - Diz olhando para uns papéis em suas mãos - ela teve algumas costelas quebrada, várias contusões, porém a cirurgia foi um sucesso. Ela está em coma e precisamos esperar o tempo dela para que acorde.

Ouço a Ayla chorar descontroladamente nos braços de Thomas, e a Dianna ficar mais pálida.
Sinto uma mão apertar meu ombro, e encontro um Caio com a mesma expressão séria quando está trabalhando, ele me diz que ela ficará bem mas eu não quero palavras, quero que aconteça. Quero ela aqui, nos meus braços.

Tudo a minha volta parece estar me sufocando, sinto uma grande e forte dor no peito, como se arrancassem meu coração. Anjo volta para mim.

Santiago / Neytan

Merda! As coisas estão ficando fora de controle.
Tinha esperanças de que fossem atrás apenas do Nicolas, mas não! Estão atrás da Celina também, mas não vão destruir meus planos.
Quem vai matar a Celina e o Nicolas sou eu, apenas eu! Controle-se Santiago, controle-se digo a mim mesmo.

No dia em que a Celina foi atacada por um amador em sua casa, eu estava indo vigiar o local, mas cheguei tarde, e de qualquer forma iria bagunçar todos meus planos se tentasse mata-la naquele dia.

Fiz uma bomba caseira, colocando no carro de Nicolas e também incendiei um terreno, eu sabia que ele seria esperto o suficiente e não se prejudicaria, mas foi apenas um aviso.
O acidente da Celina ocorreu do jeito que planejei, tanto que eu mesmo fui o motorista. Tudo foi bem planejado, usei roupas adequadas para diminuir o impacto da minha queda, quando pulasse para fora do carro, comprei uma prótese de perna para continuar acelerando enquanto me jogava do carro e comprei uma van preta usada. Esperei a Celina sair do trabalho para seguir com meu plano, e claro como não falho o carro ficou completamente destruído, mas para minha infelicidade Celina ainda está viva. Não por muito tempo.

Se eu desisti? Jamais. Eu sempre ganho, e vou ganhar mais uma vez.

Ultrapassando os limites Onde histórias criam vida. Descubra agora