capítulo 16

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Nicolas

-Nicolas, deixa eu entrar com você? Você não pode entrar sozinho naquele prédio.
-Não vai ser você que vai me impedir Caio.
-Pensa bem, eu entro escondido...
-Não Caio. - digo o interrompendo - Você vai ficar do lado de fora, escondido. Mas não vai entrar. É a Celina que está lá, eu não vou correr o risco.
Viro as costas para ir, mas o Caio diz:
-Estarei do lado de fora, qualquer coisa a escuta estará ligada.
-Ok Caio.
-Nicolas... Cuidado.

O Caio é um ótimo amigo, e realmente parece estar preocupado, fico feliz por ter ele como amigo, mas é o meu anjo que está lá, e eu vou busca-la.

Chego no local, e sei que a poucos minutos o Caio chegará também.
Quando eu entro, um som de uma arma disparando, me faz correr, mas paro na hora que vejo a Celina, ela está ferida no rosto e com os braços ralados, sinto um ódio enorme pela pessoa que causou isso. Quando olho para o homem que segura a Celina apontando uma arma em sua nuca, fico surpreso. Entram.

-Olá Nicolas, está me reconhecendo? Deixe eu me apresentar, prazer Santiago Belchior.

Santiago?
-O homem que vai te matar. - Ele continua.
-Deixe ela ir, estou aqui não estou?
-Ah não, o show fica melhor assim. Quem sabe ela te dê a inspiração necessária. - Ele diz passando a arma pelo pescoço dela, enquanto ela fecha os olhos.
Fecho as mãos pronto para mata-lo e respiro fundo, não posso perder o controle, não com ela ali.

-O que você quer?
-Sua cabeça, que por resultado leva ao meu dinheiro.
-Você não precisa dela para isso, eu não vou fugir, estou sozinho e desarmado.
-Tudo no seu devido tempo. - ele fixa seus olhos em mim - Eu te admirava Nicolas, matou aquelas pessoas sem um pingo de arrependimento, um frio e calculista, mas infelizmente você foi burro, se apaixonou. É por isso que vou repetir o que te disse aquele dia em que nos encontramos, "o amor é para os fracos", veja onde você está hoje. Vai morrer porque ela está aqui, por que com certeza você não estaria aqui. Vai morrer pelo amor que senti por ela.

Vontade de falar algumas coisas para ele não me falta, na verdade de fazer também, mas preciso manter a calma pela Celina.

-Docinho? Você acha que ele consegue lutar ferido?

Docinho?

Vejo que ela arregala os olhos, e tenta sair do aperto dele.
-Eu te fiz uma pergunta!
-Não sei.
-Então vamos descobrir.

Em questão de segundos, ele dispara no meu ombro direito e ouço a Celina gritar meu nome.

-Maldito! Covarde! Precisa lutar com ele ferido, porque sabe que não consegue ganhar! Seu doente! - Ela grita para o Santiago.
-Cala a boca, se não faço o mesmo com você. - Ele responde, mas logo em seguida da um tapa nela, que a deixa desacordada no chão.
-Filha da puta! Não encosta nela!
Ele apenas sorri.

Escuto Caio pela escuta:
-Nicolas?
-Não entre, eu te aviso quando for a hora.
-Nicolas...
-Chega.

-Consegue lutar ferido Nicolas? - Santiago pergunta.
-Sim. - Apesar da dor excruciante, eu não vou desistir.
-Então vamos lutar.

Ele coloca a arma em cima da velha e suja mesa que está entre eu e ele.
Ele da a volta pela mesa e se aproxima para lutar. Pela postura dele sei que sabe lutar, mas eu também sei.

Ele da um golpe em direção ao meu estômago, mas consigo defender, porém, estou lutando apenas com o braço que não está ferido, o que dificulta.
Ele da soco no meu ombro ferido não me dando tempo de defesa. Enquanto ele se prepara para me dar outro soco na barriga, eu dou um certeiro no rosto, fazendo escorrer sangue do nariz dele.

Continuamos lutando, não me machuquei dos golpes, mas em compensação a ele, está com o rosto destruído. Juntos, nós estamos ofegantes, mas nenhum desiste.

Pelo canto dos olhos eu vejo a Celina acordando, ela olhou para mesa e para mim, sabia o que se passava pela cabeça dela e precisava distrair ele.
Percebo que ele está ficando nervoso, por não conseguir me atacar como queria. Isso é ótimo, ele está distraído com o que acontece ao redor.
Vejo que ela está cada vez mais machucada, fazendo com que meu coração se aperte e me da mais raiva para descontar nele. Ataco com um golpe que quebra o braço dele, ele berra de dor mas não desisti.
Ele quer de todas as maneiras atingir meu ombro ferido, para me deixar vulnerável, mas eu não estou permitindo.

-Solta ele!
Nós dois paramos de lutar, e vejo a Celina apontando a arma para ele.
Não posso pedir para que ela venha até mim, para soltar aquela arma, soltar aquela sujeira que nao combina com ela, mas sei que ele vai aproveitaria esse momento e tentaria atacá-la. Não quero que ela corra riscos.

-Você não vai atirar, fugiu de uma arma quando mataram seus pais.
-Cala a boca!
Droga!
-Anjo ele quer te distrair, foco.
-A culpa foi toda sua Celina. Fugiu quando eles mais precisaram de você, ficou apenas olhando enquanto eles morriam. Eu pesquisei, você foi uma covarde. A culpa é toda sua.

Vejo os olhos dela cheio de lágrimas e respira fundo, provavelmente para manter o controle.

-Você está enganado, eu não tenho culpa.
Ela da dois tiros próximo ao coração, o fazendo cair no chão desacordado. Esse tiro foi de alguém que sabe o que está fazendo. Ela sabe atirar?

Celina corre para mim, colocando a arma na mesa novamente.
-Nick, oh meu Deus!
-Vem, vamos sair daqui. Você está ferida. Vou mandar os seguranças o manter vivo, quem vai matá-lo sou eu. Boa mira anjo.
-Você também está ferido. E meu pai me ensinou a atirar. Vamos logo Nick.

Coloco meu braço que não foi atingido no seu ombro, enquanto viramos de costas para sair daquele lugar.

Sim, eu sei. Foi o extremo da burrice, nunca se vira as costas para o inimigo, não antes que tenha a certeza de que está morto, mas eu só queria tirar ela daquele lugar, queria ela longe de tudo isso, eu não estava pensando direito.
Foi então outro tiro foi disparado, mas não sinto nada. Nada, além da dor no ombro.
Apenas sinto a Celina amolecendo nos meus braços. A seguro, e chamo por Caio através da escuta.
-Entra!

-Anjo. Anjo! Não me deixa, por favor.

Não. Não. Não. Não me deixa.

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