Tesão Nas Alturas

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Dinho terminava de arrumar suas malas, finalmente chegou o grande dia! Ele iria para os Estados Unidos, nunca pensou que isso pudesse acontecer em nenhum momento de sua vida. Em período algum quis ir para o estrangeiro, mas agora que tinha essa oportunidade encontra-se eufórico. Ao mesmo tempo que estava animado, também se sentia apreensivo, nunca havia entrado em um avião antes e pensar que passaria um pouco mais de dez horas a não sei quantos mil metros de altura o dava calafrios. Tentava não pensar muito nisso para não ficar ansioso e acabar dando pra trás.

Finalizando sua tarefa, olha ao redor para certificar-se de que não esqueceu de nada, como constata que está tudo certo, fecha o zíper da mala e a coloca no chão próximo a cômoda. Com a bagagem organizada, verifica se seus documentos estão completos, pois eram itens importantes para uma viagem internacional. Dentro de duas horas, iria para São Paulo com Tião, Sinval e Neuta, todos viajariam no mesmo vôo. Passados alguns minutos, está entretido com um joguinho no celular quando ouve batidas na porta. Ele levanta da cama e corre até a sala para atender quem quer que fosse, no entanto, dá de cara com seu melhor amigo.

- Oi Dinho. - cumprimenta com seriedade e o anfitrião suspira resignado, pois o outro rapaz andava estranho com ele desde o rodeio de São José do Rio Preto e aquilo o incomodava.

- Oi Tião. - responde no mesmo tom, apreensivo por existir aquele mal estar entre eles. - Entra. - convida, dando espaço para que o amigo acesse o cômodo.

- Preciso conversar uma coisa séria contigo. - afirma e Dinho assente, indicando o sofá para Tião se sentar.

Ele até imagina qual seria o tema daquela conversa: sua dama. Nem sabia mais se poderia usar esse pronome, Neuta voltou a evitá-lo e de forma bem eficaz, diga-se de passagem. Mesmo com sua declaração no rodeio, a dama não lhe dava a mínima brecha para se aproximar, ignorando-o sem a mínima ressalva. Não pode evitar ficar magoado, mas de certo modo a entendia, o marido não era flor que se cheire e a mesma já tinha problemas demais para lidar. Não pretendia desistir dela, mas aquele jogo de gato e rato o deixava muito frustrado, pois numa hora a tinha em seus braços e na outra, ela fugia dele sem um final definitivo. 

- O que cê quer conversar, Tião? - questiona inquieto, balançando a perna numa atitude ansiosa.

- Olha Dinho, cê disse que não tem nada com dona Neuta, mas eu vejo o jeito que cês dois se olham. - Tião começa com calma, queria evitar outra discussão. - Fala a verdade pra mim, Dinho! Tá rolando ou não tá algo entre vocês?

- Não Tião, não tá! - diz sincero, não era de fato uma mentira, o status do relacionamento deles era totalmente confuso. A dama sempre o matinha no "se" e no "talvez", nunca dando um ponto final, sempre deixando as reticências subtenderem o que de fato queria. - Mas te confesso que a gente se beijou. - Tião arregala os olhos levemente e se mantém em silêncio, processando a informação calmamente para evitar outra briga com o melhor amigo. Mesmo desconfiado, foi pego de surpresa, pois ainda tinha esperança que fosse coisa de sua cabeça.

- Cê diz que não tem nada com ela, mas que já se beijaram? - indaga, tentando entender os pormenores daquele envolvimento extraconjugal.

- Sim. - Dinho suspira, entristecido. - Aconteceu no dia do temporal e no rodeio de São José do Rio Preto. - confessa omitindo a parte em que pulou a janela de Neuta.

- Cê falou que não tinha acontecido nada demais na noite do temporal e que só tinha ajudado dona Neuta. - acusa, estreitando os olhos, sabia que ele havia lhe ocultado algo.

- Cê tava injuriado comigo e eu não quis causar mais confusão, por isso não disse nada sobre o beijo. - fala contrangido, baixando o olhar. - Apesar disso tudo, ela me afasta, então a resposta é não, não rola nada entre a gente. - admitir isso foi mais difícil do que ele pensava.

A Dama & O PeãoOnde histórias criam vida. Descubra agora